Ao contrário do Fellowship of the Ring, cujo videojogo saído em 2002 foi inspirado nos livros e não nos filmes, logo de saída foram saindo videojogos referentes às 2 obras seguintes da saga, The Two Towers e no ano seguinte o Return of the King. A diferença é que estes dois jogos já foram desenvolvidos pela Electronic Arts e são baseados nos filmes, não directamente dos livros. São também jogos muito mais divertidos ao misturarem conceitos de RPG com os de um beat ‘em up / hack ‘n slash fantasioso. O meu exemplar já foi comprado há uns bons tempos numa das cash converters da área de Lisboa. Não me deve ter ficado mais caro que 3€.

Já que a Electronic Arts não fez nenhum jogo alusivo ao filme do Fellowship of the Ring, decidiram então incluir várias partes do primeiro filme, já neste videojogo. A aventura começa com um nível de tutorial, onde jogamos com Isildur, na mítica batalha contra Sauron, que perde o seu precioso anel e com isso a sua forma humana. Somos depois levados para o Weathertop, onde com Aragorn temos de protejer o pequeno Frodo de ataques dos Nazgul, com os níveis seguintes a levarem-nos para as minas de Moria. Eventualmente a narrativa vai-nos levando também para os acontecimentos vistos em Two Towers, culminando na épica batalha da defesa de Helm’s Deep.

A jogabilidade é então a de um hack and slash, onde podemos jogar com Aragorn, o elfo Legolas ou o anão Gimli. Cada um possui diferentes características, com Legolas a ser o mais ágil, porém o menos forte, ao contrário do Gimli que com o seu machado consegue desferir ataques poderosos, mas lentos. Já Aragorn é o típico personagem mais balanceado. Cada personagem possui também ataques de longo alcance, o que no caso de Aragorn e Legolas são o arco e flecha, embora estas tenham munição limitada, sendo necessário apanhar power ups com mais flechas. De resto, é um jogo que se foca muito nos combos. Quanto maior o combo, maior o rating do mesmo, que pode ir desde fair a perfect. A nossa performance no final de cada nível é traduzida em pontos de experiência que podem ser trocados por novos golpes, combos e habilidades para cada uma das três personagens disponíveis. Ou quatro, pois um dos segredos do jogo é a possibilidade de desbloquear Isildur. A jogabilidade é simples e funcional, com o jogo oferecer ataques rápidos mas que dão pouco dano e podem ser facilmente bloqueados, como ataques mais poderosos e capazes de partir escudos, mas que são mais lentos na sua execução, deixando-nos temporariamente vulneráveis. Temos os ataques de longo alcance, a possibilidade de executar inimigos quando os mesmos estiverem no chão e por aí fora.

O maior defeito deste jogo na minha opinião está em ser apenas single player. Há muitos níveis que jogamos com a companhia de um ou outro NPC, incluind o Gandalf, mas o que não se compreende é como não há qualquer multiplayer cooperativo. Talvez tenha sido algo pensado mas que não houve tempo de finalizar devido a deadlines? Independentemnte da razão é uma baixa de peso que acabou felizmente por ser colmatada na sequela The Return of the King. Para compensar temos muitos extras para desbloquear, como a personagem secreta de Isildur e uma missão secreta na torre de Saruman, ou entrevistas aos actores principais, making ofs e artwork dos filmes.
Graficamente é um jogo competente, tendo em conta que saiu pouco depois do Fellowship of the Ring da Vivendi Universal e a nível gráfico este está muito superior. Os cenários estão bem detalhados, desde as minas de Moria, florestas e cavernas, culminando nas épicas batalhas de Helm’s Deep, que são tão intensas quanto nos filmes. As personagens também estão bem detalhadas e no que diz respeito ao voice acting não preciso de dizer nada, até porque foi todo feito pelos actores originais. As músicas são também tão épicas quanto nos filmes, o que é bom!

No fim de contas este Two Towers foi uma muito agradável surpresa quando saiu. Apesar de ser um jogo um pouco curto e imperdoavelmente não tem qualquer vertente multiplayer cooperativa, não deixa de ser um bom hack and slash para quem gosta do género e para quem gostou dos livros ou filmes do Tolkien. A fórmula foi contudo mais aprimorada no The Return of the King, que inclusivamente já o comecei a jogar e não deverá estar para muito longe um eventual artigo.