Super Mario Bros. 2 (Nintendo Entertainment System)

Super Mario Bros 2Há algum tempo atrás escrevi um artigo sobre o primeiro Super Mario Advance, um remake / conversão musculada do Super Mario Bros 2 da NES. Nesse artigo referi que inicialmente não gostava muito deste jogo. Afinal desde quando tirar nabos da terra e atirá-los contra os inimigos faz parte de um jogo do Mario? Nabos? E eu que nem gosto nada de nabos! Mas é precisamente por detalhes como esse que se tornou no meu jogo preferido da série clássica do canalizador. Este meu exemplar foi comprado a um particular por 10€, embora seja apenas o cartucho. Update: recentemente ofereceram-me uma caixa novinha em folha e o manual!

Jogo com caixa em estado impecável
Jogo com caixa em estado impecável

Creio que nesta altura do campeonato, com toda a informação a circular na Internet apenas à distância de poucos cliques, todos já devem saber que este jogo é na verdade um “sprite hack” do Doki Doki Panic, já que o Super Mario Bros 2 original apenas se ficou em território nipónico. Essa decisão aconteceu porque alguém na Nintendo achou que não havia nada de novo no SMB2, todos os assets são os mesmos, mas a dificuldade é que era mais elevada e isso poderia alienar o público ocidental. Surgiu então este Doki Doki Panic modificado, repleto de diferentes mecânicas de jogo, tal forma radicais que toda a aventura se passa no decorrer de um sonho, onde Mario, Luigi, Toad e Peach (aqui ainda chamada de Toadstool) visitam um estranho mundo aparentemente com o único objectivo de derrotar Wart e os seus minions.

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Bowser? Quem é esse?

Tal como referi acima, as mecânicas de jogo são estranhas. Mario tem uma “barra de energia” que pode ser aumentada ao encontrar os cogumelos vermelhos, podemos puxar cenas da terra, como os tais falados nabos, mas que também podem ser outros objectos como os cogumelos, bombas que nos permitem rebentar com algumas rochas e assim abrir novos caminhos (bem como derrotar inimigos), ou mesmo saltar para cima dos inimigos, pegar neles e atirá-los contra os outros. Por vezes podemos também encontrar umas poções que nos levam uma outra dimensão onde podemos encontrar muitos desses power-ups, vidas extra ou mesmo zonas que nos teletransportam para níveis bem mais à frente. Este jogo está dividido em 7 diferentes mundos, cada qual com diferentes temáticas como as habituais paisagens verdejantes, desertos, neve, nos oceanos, à noite, entre outros sítios mais estranhos, e os níveis vão tendo também muito que explorar, pois podemos entrar em várias portas, ao contrário de descer tubos (mas também podemos entrar dentro de jarros que se tornam gigantes por dentro! Eventualmente vamos também defrontar vários bosses que nos vão por à prova todas estas novas mecânicas de jogo. As diferentes personagens que podemos escolher para jogar em cada nível diferenciam-se entre si nos seus movimentos, com Luigi a conseguir saltar mais alto, Peach a cair mais lentamente e Toad… bem… esse não me lembro! Mas quem é que jogava com o Toad??

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Estas poções servem para nos transportar para uma dimensão paralela, onde poderemos encontrar vários bónus

A música é excelente. Adoro o chiptune de NES e as músicas deste jogo são muito possivelmente das minhas preferidas da plataforma. Uma delas acaba mesmo por ser uma das minhas músicas preferidas de sempre nos videojogos (já agora ouçam lá a interpretação dos Estradasphere desse tema). Os efeitos sonoros cumprem bem o seu papel e a nível gráfico também gostei bastante, principalmente por toda a estranheza dos níveis, dos inimigos, de tudo!

Apesar de o jogo ter sido remasterizado na SNES com o Super Mario All-Stars, ou posteriormente na Gameboy Advance com uma conversão de luxo, ainda continuo a gostar bastante da versão original de NES. E ainda hei-de um dia destes arranjar o Doki Doki Panic para a Famicom, só por causa das coisas!

Turbo OutRun (ZX Spectrum)

DemonsDriversMais uma blitzkrieg para uma conversão de um jogo arcade para o ZX Spectrum, essa máquina de guerra da década de 80 que tanta gente feliz deixou pela Europa fora. O Turbo OutRun é uma das sequelas do clássico jogo da SEGA e que apesar de não ser tão bom quanto o original, também não é mau de todo, tendo mudado algumas das mecânicas de jogo. E tal como no Out Run original a adaptação Spectrum fica a anos-luz dos originais, o que é perfeitamente compreensível tendo em conta o desfasamento entre um hardware e o outro. Tal como referi no artigo do Ghouls ‘n Ghosts, este meu exemplar é dos poucos jogos 100% originais que possuo para esta plataforma, estando incluido na compilação Demons & Drivers que me custou 50 cêntimos na feira da Ladra em Lisboa.

Demons and Drivers - ZX Spectrum
Compilação completa com 2 cassetes e folheto de instruções

Ora e em que o Turbo Outrun se diferencia do original? Bom o nome Turbo não está lá por acaso e uma das coisas que podemos fazer é mesmo usar um botão de turbo para nos dar alguma velocidade extra durante algum tempo, enquanto o motor não sobre-aquecer. Isto porque a Sega decidiu também dar uma de Test Drive e colocar perseguições policiais, pelo que usar os turbos no momento certo é a melhor opção. Talvez isso também explique o porquê de existirem tantos obstáculos nas estradas, como barreiras de segurança. De resto a outra grande diferença deste jogo a meu ver é a sua linearidade. Onde antes poderiamos escolher quais os percursos a correr através de várias bifurcações nas estradas que íamos encontrando, agora temos 16 segmentos para conduzir de seguida, numa viagem que nos leva de uma ponta à outra nos Estados Unidos. Ah, e de vez em quando também podemos fazer upgrades ao nosso Ferrari F-40.

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A sprite do F-40 é bem grande e detalhada, embora ocupe muito do ecrã

No que diz respeito aos audiovisuais e à performance, bom mais uma vez temos uma reduzida paleta de cores e as sprites do nosso carro bem detalhadas, apesar de serem monocromáticas. A sensação de velocidade pareceu-me melhor que no primeiro OutRun, embora ainda esteja longe do que podemos viver na versão Arcade. Infelizmente temos apenas 2 músicas para ouvir e apesar de não serem más de todo pode cansar um pouco ao longo de 16 pistas.

Mais uma vez esta é uma versão interessante a ter apenas pelo coleccionismo, pelo menos para mim. Um dia que me venha parar às mãos a versão Mega Drive lá escreverei também algo com mais detalhe.

Out Run (ZX Spectrum)

OutRun ZXMais um artigo blitzkrieg, uma “super rapidinha” se assim o preferirem. Apesar de o Out Run ser um excelente e revolucionário jogo, vou deixar a análise mais aprofundada para a eventual versão Mega Drive ou Master System, se acabarem por me parar às mãos. A versão Spectrum foi convertida pela Probe Software e publicada pela U.S. Gold. A minha cópia é literalmente uma cópia, proveniente do mercado cinzento, numa altura em que a pirataria não era legislada. Mas é uma cópia com qualidade e até traz um pequeno mapa do jogo, embora não esteja na fotografia. Foi comprada na Feira da Vandoma no Porto por 1€.

OutRun - ZX Spectrum
Bootleg do mercado cinzento. Inclui ainda um mapa que não ficou na foto.

Infelizmente o Spectrum não é a melhor máquina para receber um jogo deste calibre. Out Run para ser bem apreciado precisa de paisagens solarengas, coloridas e acima de tudo uma sensação de velocidade acompanhado por uma música bem relaxante. Bom, aqui apenas a música se aproxima aos originais, pois o scrolling infelizmente é muito lento. Os gráficos também são mais monocromáticos, mas isso já é algo expectável para um sistema com essas limitações. O Ferrari Testarossa até que está bem detalhado, e todo o esforço que a Probe colocou nesta conversão improvável deve ser reconhecido. No entanto existem outras melhores alternativas para se jogar este Out Run e é nessas que me focarei.

Starshot: Space Circus Fever (Nintendo 64)

Starshot Space Circus FeverMais uma rapidinha, agora para a Nintendo 64 para mais um dos seus jogos medíocres que cá vieram parar às minhas mãos após terem sido comprados num bundle de vários jogos por apenas 15€. Este Starshot é um jogo de plataformas 3D produzido pela antiga Infogrames que infelizmente os seus controlos e má câmara lhe ditaram a sua mediocridade e quanto a isso não há muito a fazer.

Starshot Space Circus Fever - Nintendo 64
Apenas cartucho

Este é um jogo que decorre algures no espaço e Starshot, a nossa personagem, é um membro do circo espacial Space Circus, que se preparava para mostrar o seu espectáculo no planeta paradisíaco de Tensuns, quando são atacados por um conjunto de robots que lhes destroem o equipamento. Após investigar quem esteve por detrás desses ataques, descobrimos que foram os robots do Virtual Circus, rivais do nosso Space Circus e liderados pelo infame Wolfgang Von Ravel. Entretanto coisas acontecem e lá teremos de explorar vários planetas em busca de artefactos insólitos para o nosso circo, sempre com Von Ravel e suas tropas à pega.

Este é um jogo de plataformas em 3D, onde nos podemos mover livremente, saltar à vontade mas também disparar para vários inimigos que nos atravessem no nosso caminho. Mas nem todos os inimigos podem ser derrotados desta forma, e por vezes o jogo apresenta-nos formas mais inteligentes de dar a volta à situação, como colocar alguns inimigos a combater outros, ou participar em pequenos puzzles para completar os nossos objectivos. Não é um jogo assim tão linear, os níveis são grandinhos e podemos sempre visualizar um mapa que nos indica onde estamos e a localização do próximo objectivo a cumprir. Starshot tem vidas infinitas, mas nem por isso torna este jogo num passeio de crianças. Existem vários checkpoints espalhados nos níveis e sempre que morramos recomeçamos logo ali, mas ainda assim por vezes as coisas ficam frustrante devido aos controlos e à câmara.

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A nossa munição também é algo limitada, embora os power-ups azuis acabem por reaparecer ao fim de algum tempo

Nos controlos há um problema qualquer com o saltar, nem sempre as coisas resultam bem e como existem várias zonas com abismos sem fundo, um salto mal dado é logo uma dor de cabeça. O outro problema está com o controlo de câmara que é simplesmente horrível. Muitas vezes coloca-nos numa perspectiva tão má que não conseguimos ver nada do que está a acontecer, obrigando-nos a controlar a câmara manualmente, muitas vezes com a pressão de estarmos a levar no pelo. De resto as mecânicas de jogo são simples, existindo alguns powerups espalhados nos planetas para os apanhar. Os azuis são munições para a nossa arma, os verdes restabelecem a nossa vida, os amarelos são combustível para usarmos um jetpack (cujo se perde todo ao perder uma vida) e os vermelhos são “mega combustível”, necessário para conseguirmos posteriormente visitar outros planetas, incluindo a Terra que é o mais longínquo.

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Se visitarem o planeta Terra, encontrarão lá este senhor.

Graficamente é um jogo assim-assim. Por um lado é bastante colorido e tudo tem um design muito cartoonesco que eu tanto gosto. Por outro existem várias zonas onde os cenários poderiam estar melhor detalhados, bem como algum slowdown acaba por ser notório. As músicas são agradáveis mas não ficaram na minha memória. Os diálogos são dados em balões de texto, com as vozes a serem apenas pequenos sons sem sentido, o que se compreende dado à pouca capacidade de armazenamento de um cartucho, mas também se adequa bem à temática mais “cartoon” do jogo.

Posto isto, chegamos ao mesmo que tinha referido logo acima no início, Starshot Space Circus Fever é um platformer medíocre pelos seus maus controlos e câmara, o que num jogo de plataformas em 3D é algo que acaba por ser crucial. E isto numa Nintendo 64, onde podemos também encontrar coisas como Super Mario 64 ou ambos os Banjos acaba por ser óbvio que a nossa escolha dificilmente passará pelo pobre Starshot.