Virtua Fighter 4 é um dos primeiros grandes jogos lançados pela Sega após a descontinuação da Dreamcast e o seu consequente abandono do ramo de fabricante de consolas. E ao contrário do Virtua Fighter 3tb, cuja conversão para a Dreamcast deixou algo a desejar devido a ter sido remetida para um pequeno estúdio, desta vez foi a própria AM2 a tomar as rédeas neste projecto e o resultado é um jogo muito mais consistente. E este Virtua Fighter 4 entrou na minha colecção algures há 2 ou 3 anos, após ter sido comprado em bundle juntamente com os outros Tekkens desta consola. Ficou-me muito barato, mas falta-lhe o manual, infelizmente.

Virtua Fighter 4 é um jogo de luta para os entusiastas do género. Para os típicos button mashers onde eu até me encontro grande parte das vezes, a menos que estejamos a jogar num nível de dificuldade reduzida e escolhamos uma personagem rápida como a Vanessa Lewis, talvez assim teremos alguma sorte. Porque de resto é um jogo bastante tecnicista e difícil de masterizar. A nível de história, como habitual Virtua Fighter 4 decorre num torneio mundial de artes marciais, mas no entanto cada lutador tem as suas próprias razões pelas quais quer participar, e o próprio torneio tem também algumas origens não muito legais. Mas como sempre digo neste género de jogos, tal é completamente descartável e ao contrário dos últimos Tekkens onde é dada uma importância considerável à história e background de cada lutador, aqui nem por isso.

Virtua Fighter sempre se resumiu ao gameplay, e aqui vemos algumas mudanças. As arenas com desníveis do Virtua Fighter 3 deixaram de existir, porém temos agora algumas arenas fechadas com vedações que podem ser utilizadas como forma de dar dano aos oponentes, um pouco como se fez no Fighting Vipers. O botão de dodge utilizado no VF3 foi substituído por premir duplamente para cima ou baixo, bem como alguns golpes novos e outras features. De resto, enquanto acho Virtua Fighter 4 como um melhor jogo de luta que o seu rival Tekken 4, os modos de jogo são um pouco fracos. Temos o tradicional Arcade e versus, bem como o Kumite, que é na realidade uma espécie de survival, onde vamos amealhando pontos com cada inimigo derrotado. O A.I. System é um modo de jogo bastante peculiar em que à medida que vamos lutando contra um oponente à nossa escolha, ele vai aprendendo os nossos truques e respondendo à altura. Dessa forma podemos ter um adversário altamente treinado para… apenas isso. Para além do mais temos um óptimo “Training Mode” que serve de um excelente tutorial para ensinar as mecânicas do Virtua Fighter, mesmo com slow-motion se necessário. Para finalizar, temos também as customizações com items cosméticos que podemos aplicar a todos os lutadores, podendo ganhar esses items ao jogar no modo Kumite ou Versus.

Graficamente é um jogo bonito, mas a versão PS2 está uns furinhos abaixo da versão arcade, que corre numa Naomi 2 e possui alguns efeitos de luz e suas reflexões melhores ou que não estão mesmo presentes da versão caseira. Mas mesmo a versão Arcade não faz justiça ao salto gráfico que cada jogo anterior desta série representou, mas a própria indústria também evoluiu de forma diferente, e o cúmulo de gráficos 3D deixou de estar nas arcades. Ainda assim não deixa de ter os seus bonitos detalhes, com arenas bem construídas, com efeitos de neve ou outros de luz ao lutar contra um por-do-sol em plena cidade e claro está, os lutadores muito bem detalhados. O jogo possui 2 lutadores novos face ao Virtua Fighter 3 – Lei Fei, um monge do estilo Shaolin como nos filmes clássicos de Kung-Fu e Vanessa Lewis, uma moça jeitosa com um misto entre muay-thay e vale tudo. Taka-Arashi, o lutador de Sumo introduzido no Virtua Fighter 3 foi posto de lado para este jogo, supostamente devido a dificuldades técnicas. Mas continuando com os audiovisuais, as músicas são OK, embora sinceramente não seja um jogo que tenha faixas tão memoráveis como os primeiros. Ainda assim, para quem é fã dos clássicos, irá gostar de saber que algumas das arenas icónicas estão de volta. Os efeitos sonoros estão bons, assim como os voice-overs, com os lutadores a falarem as suas línguas nativas.

Virtua Fighter 4 é um excelente jogo de luta que precisa de muito trabalhinho para ser realmente apreciado. Ainda assim, a menos que sejam um coleccionador e/ou fã da série como eu, este não é um jogo que eu recomende de todo. Isto porque também para a Playstation 2 temos ainda o Virtua Fighter 4 Evolution, que para além de trazer ainda mais 2 lutadores novos, traz também vários novos modos de jogo que valem realmente a pena e fazem a diferença. Mas isso será para um artigo futuro.
Um pensamento em “Virtua Fighter 4 (Sony Playstation 2)”