A Famicom Wars é uma série de estratégia por turnos desenvolvida pela Intelligent Systems, um estúdio da Nintendo, também responsável por séries como Paper Mario ou Fire Emblem. No entanto, apenas com o lançamento do Advance Wars para GBA é que os jogos dessa série chegaram ao Ocidente. Quando chegou a vez da Gamecube a Nintendo decidiu passar o desenvolvimento desse jogo para o estúdio europeu Kuju Entertainment. O resultado foi este Battalion Wars que alterou radicalmente as mecânicas de jogo da série, para uma mistura de um jogo de acção com estratégia em tempo real. A minha cópia do jogo foi comprada no eBay UK algures em 2011, tendo-me custado algo em torno dos 10€ e está completa e em bom estado.

O jogo coloca-nos numa versão distorcida do nosso planeta onde mais uma vez 2 grandes nações estão em clima de guerra fria – a Western Frontier e a Tundran Territories, onde quaisquer semelhanças com os E.U.A. e União Soviética são meramente coincidência, ou não. O jogador toma o papel de um comandante do exército da Wester Frontier e, no momento em que Battalion Wars começa, os sovié- err, os Tundran Territories decidem finalmente tomar o primeiro passo e atacar-nos, dando assim início ao conflito. Mas como nisto das guerras quem tem culpa é a Alemanha, mais tarde o exército da Xylvania acaba por dar mais uma perninha ao conflito, bem como os orientais Solar Empire também têm uma palavra a dizer. Ao longo do jogo vamos interagindo com várias personagens que, pertencendo às nossas tropas, vão-nos dando algumas dicas de como devemos abordar as batalhas que se seguem, ou no caso dos líderes inimigos, vão-nos provocando ou simplesmente fugir com o rabinho por entre as pernas no caso de derrota. Personagens como a Brigadier Betty, General Herman, Tsar Gorgi ou Kaiser Vlad ou Countess Ingrid vão ilustrando a história que se vai desenrolando ao longo do jogo, cada personagem com os seus clichés e esteriótipos das nações nos tempos da Guerra Fria, ou mesmo 2ª Guerra Mundial, mas tudo doseado com uma dose saudável de humor.

O jogo mistura uma jogabilidade de estratégia em tempo real com a de um jogo de acção. Temos ao nosso dispor um conjunto de unidades, em que as podemos comandar para dar variadas ordens, seja para defender uma posição, atacar outra, ou atacar unidades específicas. Cada uma dessas unidades tem naturalmente as suas vantagens e desvantagens, não vamos mandar um conjunto de infantaria de assalto abater um tanque inimigo, mas se for um conjunto de infantaria com bazookas já não é uma má ideia. Ao longo do jogo vamos ganhando a diferentes unidades, sejam veteranos de guerra, infantaria com lança-chamas, tanques ligeiros e pesados, baterias anti-aéreas, helicópteros, caças, bombardeiros, entre outros. Para além do mais, podemos a qualquer momento do jogo encarnar num determinado soldado ou veículo e controlá-lo individualmente, como um jogo de acção se tratasse. Para facilitar um pouco as coisas nesta abordagem, é possível fazer um lock-on aos inimigos, o que nos permite desviar melhor do fogo inimigo, sem nunca perder o alvo de vista. Ainda assim, Battalion Wars embora não sendo tão exigente como jogos da Intelligent Systems como os Fire Emblems, acaba por oferecer alguns desafios mais exigentes, principalmente nos níveis mais avançados, onde temos mesmo de jogar com mais algum cuidado e comandar as nossas tropas da melhor forma possível. No final de cada missão a nossa performance é avaliada com um nível, se formos bastante eficientes iremos desbloquear ao longo do jogo algumas missões bónus que nos permitem jogar com os exércitos inimigos.

Os Advance Wars apresentam uns visuais bastante coloridos, mas com uns traços orientais mais à anime. Este Battalion Wars, também apresenta um visual muito cartoonesco, mas visto o jogo ter sido desenvolvido no ocidente, isso também é representado no aspecto dos soldados e dos próprios veículos, que quase parecem retirados de uma boa banda desenhada belga. A banda sonora está repleta de melodias tipicamente militares, o que sinceramente me foi sempre passando um pouco ao lado. O voice acting é competente, onde exageraram propositadamente nos diferentes sotaques para evidenciar mais alguns esteriótipos, mas a voz da Brigadier Betty… sem dúvida a coisa mais irritante no jogo para mim. Os gráficos estão bem detalhados, tendo em conta a largura de alguns mapas que temos pela frente, embora não tenham muita variedade entre si.

No fim de contas, Battalion Wars é um jogo interessante para quem gosta de jogos de estratégia em tempo real (o que não é o meu caso), bem como para quem gosta de shooters em 3a pessoa (onde já me incluo mais). Pena ter saído já algo no final do ciclo de vida da Nintendo, onde os seus fãs estavam mais à espera do Twilight Princess do que outra coisa. Ainda assim deve ter tido um relativo sucesso, visto uma sequela ter saído pouco tempo depois para a Nintendo Wii.
Lembro-me de ter jogado uns 5 minutos disto à uns anos atrás mas ainda gostava de jogar mais um pouco. A mistura de acção com RTS parece ser uma ideia muito boa e é pena não existirem mais jogos do género
Existir até acredito que existam, mas como não gosto de jogos RTS nem me tenho dado muito ao trabalho de procurar mais 😛