Há uns posts atrás referi que quando era mais novo, nunca fui grande jogador de shooters de “navinhas espaciais”. E de facto durante muito tempo nunca mais voltei a pegar a sério num jogo do género, até este Jamestown ter vindo parar à minha conta no Steam quando comprei o Humble Indie Bundle VI. Assim sendo, lá resolvi dar mais uma oportunidade a mim mesmo e lá tive de suar bastante nalguns momentos “bullet hell” que ia enfrentando.
Jamestown, para além de ser inspirado no nome de uma localidade qualquer na Virginia, E.U.A., tem uma história igualmente curiosa, passada em pleno século XVII, altura em que os E.U.A. eram apenas uma colónia Inglesa. Até aqui tudo bem, agora transportem essa colónia para Marte, onde aliens se aliam a Espanha na guerra contra Inglaterra e suas colónias. O jogo torna-se então numa mistura de visuais e estilos tanto “Pirata das Caraíbas”, como outros retirados da ficção científica, como os vários Aliens e naves espaciais que nos vão atacando. A história em si vai sendo contada em vários pequenos interlúdios que separam os seus 5 níveis.

Com apenas 5 níveis, Jamestown seria um jogo bastante curto, a menos que a dificuldade fosse algo absolutamente insano. Na verdade temos disponíveis vários níveis de dificuldade, mas assumindo que começamos no “Normal”, apenas poderemos jogar os 3 primeiros níveis. Para desbloquear o seguinte, teremos de rejogar todos os níveis anteriores no grau de dificuldade imediatamente a seguir, com a mesma coisa a repetir-se com o grau de dificuldade acima. Existe no entanto mais conteúdo que ainda dá mais vida ao jogo. Ao longo dos níveis, com os inimigos que vamos destruindo, vamos obtendo algum dinheiro virtual, que pode ser usado posteriormente quer para comprar outras naves com diferentes habilidades, quer outros modos de jogo ou conjuntos de “Challenges“. Um dos modos de jogo que podemos desbloquear dessa forma é o Gauntlet, onde podemos jogar o jogo completo de uma só vez, já na maneira normal apenas jogamos um nível de cada vez, com 3 vidas e 2 continues para cada nível, sendo que depois voltamos ao “hub“. Os outros são os desafios que já referi, níveis bastante curtos mas com tarefas específicas como “sobreviver x segundos”, por exemplo. São secções por norma bastante exigentes e eu não perdi muito tempo com isso.

De resto o jogo é um shooter vertical, onde podemos destruir tudo o que mexa e não somos nós. Cada nave possui um disparo standard e um especial que por norma é mais poderoso. Estes modos de disparo é o que vai variando entre os 4 modelos de naves que podemos desbloquear, para além da sua agilidade. De resto, basta um tiro inimigo acertar no centro da nave para se perder uma vida. À medida em que vamos destruindo os inimigos, eles largam algumas quantidades de ouro que podemos (e devemos) apanhar sempre que possível. Para além de resultar em mais pontos, vamos preenchendo uma barrinha de energia. Quando a mesma estiver cheia, podemos desbloquear uma habilidade que é comum a todas as naves, o Vaunt. Quando activamos o Vaunt, gera-se um escudo À volta da nave que vai diminuindo de diâmetro com o tempo. Todas as balas que entram em contacto com o escudo desaparecem e convertem-se em pontos, sendo uma habilidade excelente para guardar em alturas mais apertadas. Contudo o escudo desaparece rapidamente, pelo que não podemos contar com esse bónus durante muito tempo. Para compensar, mesmo depois do escudo já se ter extinguido, ainda continuamos no modo Vaunt enquanto a tal barrinha de energia não se esvaziar completamente. Neste modo, os nossos disparos são mais poderosos que o habitual, os pontos que conseguimos fazer são multiplicados e podemos manter a barra de energia cheia ao continuar a coleccionar o ouro que conseguimos obter dos inimigos.

No que diz respeito ao audiovisual, o jogo é todo um tributo aos clássicos shooters das Arcades em plenos anos 90. Desde as referências a credits e insert coin, passando pelos próprios gráficos 2D que parecem vindos directamente de uma placa arcade da Taito. Os inimigos são variados e bem definidos, cada tipo com os seus diferentes padrões de movimento que terão de ser forçosamente fixados se quisermos ousar jogar Jamestown na dificuldade máxima. Quando falei que o jogo fazia de certa forma lembrar os filmes “Pirata das Caraíbas” da Disney, não me estava apenas a referir às referências do século XVII, a banda sonora do jogo é bastante épica e fez-me lembrar por várias vezes as bandas sonoras desses filmes.
Jamestown é um bom jogo para quem gostar do género, com uma dificuldade escalável, e diverso conteúdo extra bastante desafiador para quem tiver paciência para memorizar padrões e reflexos rápidos a acompanhar os vários momentos “bullet hell” que se terá pela frente.
Também já não toco num jogo deste estilo à muito tempo, mas até parece ter bom aspecto. É sempre engraçado ver os produtores independentes americanos e europeus a tentarem recriar um género tipicamente japonês.