Hiveswap Act 2 (PC)

Finalmente de volta após 2 semanas de férias onde passei a maior parte do tempo fora do país e sem jogar rigorosamente nada. Tinha deixado o segundo acto deste Hiveswap a meio e foi o jogo que decidi terminar assim que cheguei a casa e recuperei um pouco. Tal como o seu antecessor esta é mais uma aventura gráfica point and click e que continua exactamente onde a anterior nos deixou. Foi também um jogo que veio cá parar após ter sido comprado nalgum indie bundle a um preço bem convidativo.

A história leva-nos uma vez mais a controlar a jovem Joey Claire que durante o jogo anterior viu-se transportada para um outro planeta, habitado por trolls que por sua vez vivem numa sociedade altamente estratificada e liderada por uma ditadora cruel. O nosso objectivo é o de regressar à Terra, claro, mas pelo meio teremos de atravessar várias zonas daquele mundo cruel e repleto de habitantes algo bizarros, onde iremos a ficar a conhecer um pouco mais dos seus estranhos costumes. A acompanhar-nos nesta história está uma vez mais o troll Xefros e inclusivamente ocasionalmente teremos de alternar entre ambas as personagens, cujas até terão diferentes habilidades que serão necessárias para ultrapassar alguns dos puzzles que teremos pela frente.

Algures a meio do jogo temos esta revelação bombástica… pena que aparentemente não teremos os actos finais

No que diz respeito às mecânicas de jogo, bom, estas são as habituais de um point and click e, tal como no primeiro jogo, o cursor vai mudando de forma consoante o arrastamos pelo ecrã. Se for uma zona onde podemos caminhar, o cursor muda de forma apropriadamente, se for alguma personagem ou objecto que pode ser interagido, também muda de forma. Se essa personagem ou objecto tiver mais que uma acção possível, ao clicar surge um pequeno menu em forma de anel com as acções possíveis. Tal como é habitual, teremos de falar com muitas pessoas e coleccionar vários itens ou outras habilidades para ir avançando na história. Uma das coisas que reparei nesta sequela é que a mesma é menos linear, com os mesmos puzzles a terem diversas soluções e que por sua vez as escolhas que vamos fazendo poderão ter pequenas repercussões em fases seguintes.

Visualmente o jogo está muito bem detalhado embora sinta a falta das referências de pop culture dos anos 90

Graficamente este é uma vez mais um jogo com visuais muito bem detalhados, sendo que desta vez não temos tantas referências a cultura pop dos anos 90, até porque este acto decorre totalmente no mundo alienígena. Visualmente o jogo possui então um aspecto cartoon muito bem conseguido, mas infelizmente uma vez mais sem qualquer voice acting, algo que foi uma escolha feita em plena consciência por parte da equipa de desenvolvimento. Existe no entanto muito mais texto que no jogo anterior, pelo que algumas vozes seriam muito bem-vindas e ajudavam a ultrapassar algumas paredes de texto que por vezes nos presenteiam. Devo também dizer que não gostei tanto da narrativa deste segundo acto quanto gostei do primeiro, particularmente os diálogos entre Joey e o paranóico do seu irmão. Já no que diz respeito à banda sonora, esta é uma vez mais excelente, tal como a do primeiro capítulo.

Existem no entanto algumas surpresas, como esta homenagem à série Ace Attorney da Capcom

Infelizmente este segundo acto teve um ciclo de desenvolvimento bastante atribulado e o que deveria ser uma aventura em 4 actos parece ter-se ficado por aqui, o que é uma pena. Mas sendo este Hiveswap um produto com origens e ligações a webcomics, talvez possamos vir a descobrir como a aventura se desenrola dessa forma.

Hiveswap Act 1 (PC)

Voltando ao PC e às aventuras gráficas point and click, este jogo, que deu cá entrada algures no ano passado numa steam sale por uma bagatela, acabou por se revelar numa óptima surpresa, não só por todo o seu bom humor que acompanha a narrativa, mas também por ter uma direcção artística muito interessante. Eu sinceramente não fazia ideia até porque não conheço o trabalho original, mas estes jogos Hiveswap são baseados no mesmo mundo de Homestuck, uma série de web comics que aparentemente ganhou bastante protagonismo com o decorrer dos anos.

O jogo leva-nos a um belo fim de tarde algures na primeira metade dos anos 90 onde a jovem Joey Claire estava sozinha em casa com o seu irmão mais novo, um geek demasiado interessado em teorias de conspiração. E eis que surge uma espécie de um milípede gigante e com um aspecto algo alienígena e os ataca! Os irmãos acabam por ficar separados e a primeira metade do jogo leva-nos a controlar principalmente a Joey (embora em certas alturas possamos controlar também o seu irmão para a ajudar) de forma a que ela descubra alguma maneira de derrotar aquela estranha criatura (e outras que entretanto também invadem a casa). Claro que isso vai-nos obrigar a explorar a casa toda em busca de itens que nos permitam progredir e na segunda metade o jogo troca-nos completamente as voltas, com Joey a ser misteriosamente transportada para um mundo alienígena povoado de criaturas que aparentemente são chamados de trolls. São criaturas humanóides, mas com cornos, o que lhes dá um aspecto mais de pequenos diabretes. O que vamos fazer nesse planeta? Bom, isso deixo para vocês descobrirem.

O ponteiro do rato muda de forma automaticamente consoante a acção que podemos desempenhar no local onde clicamos. Se houver mais que uma acção possível temos um pequeno menu que nos permite optar pela que queremos executar

No que diz respeito às mecânicas de jogo, esperem pelas típicas mecânicas de jogos de aventura gráfica, onde com o ponteiro do rato poderemos fazer as mais variadas acções, como caminhar, observar, pegar ou interagir com objectos. Em objectos/locais onde seja possível exercer mais que uma acção, surge um pequeno menu onde podemos decidir o que queremos fazer nesse caso. Combinar itens no inventário é também algo que teremos de fazer e certos itens vão-nos dar habilidades especiais, como a lanterna ou os sapatos de sapateado, que nos permitem fazer o chão tremer e tombar alguns objectos que estejam mais alto. Ocasionalmente teremos de combater essas criaturas estranhas e o jogo nesses momentos assume algumas mecânicas de RPG, onde as batalhas são dadas por “turnos” e no nosso turno teremos de usar os itens que temos no inventário, as habilidades que temos à nossa disposição ou mesmo interagir com os cenários para conseguirmos derrotar as criaturas ou simplesmente sobreviver. Basicamente os combates são puzzles.

Na primeira metade do jogo vamos ter alguns combates que apesar de nos lembrarem RPGs, são na verdade mais puzzles

A nível audiovisual sinceramente é um jogo que me agradou bastante. A direcção artística está muito boa, com cenários em 2D muitíssimo bem detalhados e algumas cutscenes hilariantes que presumo que sejam ao mesmo estilo da série de banda desenhada Homestuck. A música é também excelente e bastante ecléctica. Infelizmente o jogo não possui no entanto nenhum voice-acting, o que foi aparentemente uma decisão da qual os criadores tomaram com bastante ponderação, pois não quiseram arriscar em introduzir um voice acting que não fosse tão bom quanto isso. O que é uma grande pena pois a narrativa está repleta de diálogos bem humorados. E sim, este é um jogo repleto de referências à cultura pop dos anos 90. Por exemplo, no quarto de Joey vemos uma Super Nintendo e o bombo da festa que jogo é? O Bubsy, claro.

Em certas alturas poderemos também controlar outras personagens como o irmão de Joey

Portanto devo dizer que fiquei bastante agradado com este Hiveswap Act 1. Diálogos bem humorados, uma excelente direcção artística e banda sonora, só ficou mesmo a faltar o voice acting pois temos uma quantidade de texto bem considerável. Irei jogar em seguida o seu segundo acto que me parece que trará um sabor agridoce. É que esta série Hiveswap foi idealizada para conter 4 actos, mas o seu desenvolvimento bastante atribulado parece ter colocado um travão nos capítulos seguintes.