Untold Legends: Dark Kingdom (Sony Playstation 3)

Depois de ter jogado as iterações desta série para a PSP e não ter ficado propriamente impressionado, estava com a esperança que, para a Playstation 3, a Sony se tivesse esmerado muito mais, até porque este Untold Legends Dark Kingdom é um título de lançamento desse sistema. E não desmerecendo a PSP que apesar de ser uma excelente portátil para a sua época, não deixa de ser uma portátil, pelo que as expectativas para um jogo de lançamento de uma consola caseira nova seriam bem mais elevadas. E infelizmente nesse campo este jogo desilude bastante, mas já lá vamos. O meu exemplar foi comprado algures numa loja de usados na zona do Porto, já não sei precisar quando mas não terá custado mais de 5€.

Jogo com caixa e manual na sua versão norte americana.

Já lá vão uns 3 anos desde que joguei os da PSP, mas não me parece que a história deste jogo seja um seguimento da dos anteriores, se bem que a história e narrativa nunca foi um ponto forte desta série e aqui não é excepção, infelizmente. Basicamente começamos a aventura por encarnar num de três heróis que representam as diferentes classes: um guerreiro todo musculado mas lento, uma rogue mais ágil mas mais frágil e um velho feiticeiro. Estes são enviados pelo rei lá do sítio para investigar uma rebelião na fronteira do reino com forças bárbaras e ao regressarem deparam-se com a surpresa de que afinal era o seu próprio rei um tirano corrompido pelas forças do mal. Ao longo do jogo iremos então atravessar cenários bastante variados entre si e lutar contra uma série de vilões, culminando numa batalha contra o rei para salvar o que resta daquele reino.

O jogo tem um sistema de combos para manter os combates mais interessantes

Ora o primeiro pecado deste jogo é de facto não nos deixar customizar a nossa personagem, a não ser na cor das suas roupas. Temos aquelas 3 personagens e é tudo. Naturalmente que cada uma possuirá diferentes armas e habilidades para desbloquear, mas para um RPG ocidental esperava uma maior liberdade de customização. À medida que vamos combatendo, vamos ganhando pontos de experiência que nos irão fazer subir de nível, e ao subir de nível poderemos gastar alguns pontos em melhorar livremente alguns dos nossos stats, como a vida, força, defesa, entre outros. Também vamos ganhando skill points que poderemos atribuir para aprender ou melhorar uma série de skills mágicas disponíveis, skills essas que poderão posteriormente serem mapeadas para os botões faciais do comando da PS3 e serem usadas em conjunto com o botão L1. Durante os combates, os botões faciais servem principalmente para desencadear golpes físicos fracos ou fortes, interagir com objectos ou saltar. E durante os combates o jogo por vezes nem parece um action RPG mas sim um hack and slash mais puro, pois até podemos fazer alguns combos melee o que torna as coisas um pouco mais interessantes. O jogo teria também uma componente online, que creio que permitiria jogar cooperativamente, mas os servidores há muito que estão desligados, pelo que nos resta o single player apenas.

Nunca trocamos de arma ao longo de todo o jogo, mas podemos customizá-la com estas esferas mágicas que vamos apanhando

Ao longo da aventura vamos ter de combater inúmeros inimigos, que vão começar a surgir em mobs cada vez mais numerosas, poderosas e agressivas, pelo que bloquear, encontrar as melhores skills de cada personagem e evoluí-las será também uma prioridade. Algumas áreas também nos obrigarão a resolver pequenos puzzles, sendo que aqueles já na recta final do jogo serão algo frustrantes pela inteligência artificial dos NPCs. Ocasionalmente também teremos um ou outro desafio de platforming e aqui infelizmente achei a mecânica de saltos terrível. Ou talvez o meu problema seja por ter escolhido o warrior que salta muito menos que a scout, por exemplo. Outra das coisas que não gostei tanto é que por vezes vamos tendo alguns obstáculos especiais para evitar como abismos sem fundo ou lâminas que nos matam de uma vez só. E se isso acontecer é game over e só nos resta continuar do último save manual ou checkpoint. E por mim não haveria problema nenhum em recomeçar do último checkpoint, mas estes só são despoletados quando passamos por um save point, ou seja, na mesma altura em que poderemos gravar manualmente se assim quisermos. O que não faz sentido nenhum e torna estes segmentos do jogo ainda mais frustrantes, porque vamos falhar principalmente pelo mau controlo de salto e má câmara.

À direita vemos o save point, que para além de ser o mesmo sítio onde os checkpoints automáticos são despoletados, podemos comprar novas armaduras. Pena que não possamos vender as que tenhamos em excesso.

A câmara deste Untold Legends é para mim o ponto mais fraco de todo o jogo. É verdade que a podemos controlar com o analógico direito e poderemos inclusivamente alternar entre uma perspectiva de terceira pessoa algo próxima da personagem como num hack and slash, ou uma perspectiva vista de cima mais próxima de jogos como Diablo. Em zonas mais apertadas, a câmara vista de perto é absolutamente horrível e mesmo alternando para a câmara mais distante nem sempre resolve o problema. Outro ponto que não gostei nas mecânicas de jogo é o item management. O inventário que temos permite-nos carregar um número reduzido de armaduras que poderemos encontrar após combates, ou comprar nos save points. Mas as armaduras antigas não podem ser vendidas, pelo que teremos de as descartar.

No que diz respeito aos visuais, bom, é verdade que este é um jogo de lançamento da PS3 e é verdade que mesmo na PSP a série Untold Legends nunca primou pelo seu grafismo excelente. Mas estamos a falar de um jogo da Sony para a Playstation 3, uma consola que foi hypada até ao infinito por alturas do seu lançamento. E apesar de não ser necessariamente um jogo feio, está longe de parecer realmente um jogo “next gen” quando comparado com alguns outros títulos de lançamento da PS3 e o que as consolas da geração passada seriam capazes. Fica ali no meio! O pouco cuidado na sua apresentação, nas cutscenes e narrativa muito básica também não abonam nada a seu favor. No entanto possui uma variedade considerável de cenários que me surpreendeu agradavelmente. Nada de especial a apontar ao voice acting, só mesmo à narrativa e história desinspiradas. As músicas também não são nada de especial, mas não desgostei de todo, sendo maioritariamente orquestrais.

Estas plataformas não deviam ser um desafio mas são.

Portanto resumindo este Untold Legends Dark Kingdom é um jogo mediano. A sua jogabilidade possui alguns problemas muito irritantes como a má câmara ou mau controlo nos saltos nalguns segmentos de platforming que felizmente não são assim tão comuns. Por outro lado os combates nem são tão aborrecidos porque o jogo possui um interessante sistema de combos para os golpes de corpo-a-corpo. E do ponto de vista audiovisual é um jogo muito genérico, mesmo tendo sido lançado ainda no início do ciclo de vida da consola. A história e narrativa básicas, aliadas aos poucos cuidados na apresentação também não abonam nada a seu favor. É fácil entender o porquê da série Untold Legends não ter ressurgido novamente.

Untold Legends: Warriors Code (Sony Playstation Portable)

Após ter demorado tanto tempo (e com tantas interrupções por falta de vontade) para terminar o primeiro Untold Legends para a PSP, com este segundo, o Warriors Code, acabou por ser jogado muito, muito mais rápido e cá estou eu para mais um artigo, apesar deste vir a ser uma quase rapidinha. Mas com o facto de eu ter terminado este jogo muito mais rápido, deve ser por ser mais curto e/ou com uma jogabilidade mais aliciante não? Posso-vos já adiantar que foi um misto das duas opções. O meu exemplar foi comprado algures no ano de 2015, não me recordo bem, numa das Cash Converters deste país. Foi barato, certamente.

Jogo com caixa e manual

O Untold Legends anterior passava-se no reino de Aven, este aqui já se passa noutro local e era, com os Changelings (humanos capazes de se transformar numa forma bem mais animal, como os lobisomens) a ter um papel de destaque. Acontece que o imperador foi assassinado por forças maléficas e invasoras de uma outra dimensão, e nós, um jovem changeling, vemo-nos “presos” com a resistência que almeja derrotar o novo Imperador e restaurar o trono ao jovem príncipe que também albergam.

O sistema de skills está muito mais simplificado, e tal como no jogo anterior podemos assigná-las a diferentes botões

Na sua essência, este é um RPG de acção algo semelhante ao Diablo, tal como o seu predecessor. No entanto melhoraram algumas coisas na sua jogabilidade, como a possibilidade de nos transformarmos temporariamente na nossa forma animal e assim desferir golpes mais letais. O sistema de skills também é mais simples desta vez e uma vez mais teremos várias classes à nossa escolha para jogar. Mas o que tornou este jogo bem mais empolgante que o anterior? Bom, uma série de coisas.

A história não é nada de especial, mas desta vez tiveram mais preocupação em contá-la

Para além da jogabilidade um pouco mais refinada, a apresentação e história acaba por estar bem mais interessante. Isto porque vamos tendo várias cutscenes ao longo do jogo que nos vão contando a história, seja através do motor gráfico do próprio jogo, seja através de imagens estáticas em background, como na prequela. Mas ao menos agora temos voice acting, o que lhe dá logo outro apelo. As dungeons também são muito mais variadas e graficamente muito melhor detalhadas do que algumas vez o foram no primeiro jogo. Temos áreas exteriores, bastante largas, bem como dungeons labirínticas e repletas de corredores estreitos.

Ocasionalmente lá temos um boss para derrotar. E estes attack of opportunity são uma novidade, permitindo-nos tirar vantagens quando os inimigos estão atrapalhados

Existem, no entanto, algumas coisas que pioraram face ao primeiro jogo. A primeira é o controlo do mapa nas dungeons, que agora é nulo. Antes lá dava para fazer zoom e conseguir ver mais do mapa, agora não. A outra coisa que a meu ver ficou para pior é o facto dos inimigos não fazerem respawn. Nunca. Portanto voltar a visitar uma zona que já exploramos antes, só mesmo para procurar algum caminho que não tenhamos ainda percorrido, ou procurar algum tesouro por abrir. Ora isso torna a experiência que podemos ganhar algo limitada. Sim, há um modo multiplayer, e ao contrário do primeiro jogo que apenas aceitava redes ad-hoc, ou seja, várias PSPs próximas umas das outras ligadas numa rede sem fios, aqui sempre poderíamos entrar numa vertente verdadeiramente online, algo que eu não cheguei a experimentar, mas aí acredito que as coisas pudessem ser mais interessantes. No entanto, não fiquei com razão nenhuma para voltar a pegar no jogo, depois de ter feito a história principal. A não ser que o quisesse rejogar com uma diferente personagem de outra classe, o que não o fiz.

A nível audiovisual já foi um jogo muito mais bem conseguido que o anterior. Seja simplesmente pela apresentação dos menus, o facto de ter voice-acting, ou os níveis muito melhor detalhados, com as planícies cheias de vegetação e de vida, ou as cavernas cheias de detalhe.

Untold Legends: Brotherhood of the Blade (Sony Playstation Portable)

Já há muito tempo que não trazia cá nada da PSP, mas já aos meses que ando a tentar ganhar coragem de terminar este primeiro Untold Legends. Eventualmente lá acabei o modo história, e por esta primeira frase é de antever que o jogo não seja lá grande coisa. Mas já lá vamos. Fruto da Sony Online Entertainment, os mesmos criadores do Everquest, um dos primeiros MMORPGs de maior relevo na comunidade dos PC, este Untold Legends é um dos jogos de lançamento da PSP no ocidente, trazendo aos amantes de RPGs de acção do género do Diablo, algo para se entreterem na portátil da Sony. Infelizmente o resultado não foi o melhor. O meu exemplar foi comprado algures em 2016, numa cash converters ou CeX pelo país. Não me recordo quanto custou, mas não foi caro.

Jogo com caixa e manual

A história passa-se no reino de Aven, uma cidade no topo de uma colina, que subitamente se vê atacada por uma série de monstros. Nós, como os heróis lá do sítio, iremos começar a lutar contra os bichos, e aos poucos descobrir os contornos de uma antiga profecia que ameaçava aquele reino, ao ser invadidos por forças infernais.

Não cheguei a prestar atenção se os níveis são completamente aleatórios ou se é apenas a disposição do mapa que se altera a cada visita

Na sua essência, este é um RPG de acção com bastante ênfase no looting e na exploração. Podemos criar uma personagem com base em diferentes classes, e à medida em que as vamos evoluindo, podemos ir assignando pontos a estatísticas base como força, agilidade ou destreza, bem como aprender novas skills, ou evoluir as que já aprendemos anteriormente. A jogabilidade tenta replicar os jogos semelhantes para o PC, com botões de atalho para algumas skills e itens como poções que restauram vida e/ou mana. Também podemos encontrar muitas peças de equipamento completamente diferentes entre si, tanto a nível estético como nas suas características, sendo as mudanças estéticas visíveis no modelo da própria personagem após o equiparmos.

Vamos tendo uma grande variedade de equipamento para encontrar e customizar às nossas necessidades

Até aqui tudo bem, mas o maior problema deste jogo é que é um jogo chato. A história (e respectivas quests) não são nada cativantes, e o mapa que vamos explorar também poderia ser mais bem detalhado. É certo que este é um jogo da primeira geração da PSP, mas as cutscenes são apresentadas em texto em scroll automático pelo ecrã, com uma imagem estática de fundo. A história também não vai sendo lá muito entusiasmante, e apesar de termos muitas dungeons e regiões diferentes para explorar, a verdade é que a vontade de o fazer não é muita. Tal como no Diablo, vamos descobrindo alguns Waypoints que podemos usar para nos teletransportar-nos entre regiões, mas poderiam existir mais waypoints desses. Isto porque apesar de a qualquer momento ser possível teletransportar para Aven e voltar onde estávamos, isso deixa de ser possível assim que sairmos do jogo, ou completarmos alguma quest. E com um mapa tão grande para explorar, seria bom existirem mais alguns waypoints.

Tal como nas cutscenes de história. os ecrãs de loading possuem uma imagem genérica estática

A nível audiovisual é também um jogo ainda simples. A nível gráfico, temos a pouca variedade nos cenários, pouco detalhe gráfico e apresentação ainda algo pobre. A nível audiovisual não existe qualquer voice acting, e as músicas não me soaram nada agradáveis, sendo bastante simples até.

Mas, mesmo com todos os seus constrangimentos, é um bom jogo para passar o tempo, especialmente em viagens. Como felizmente deixei de fazer viagens regulares entre Porto e Lisboa há já quase um ano, este jogo tem ficado esquecido. Mas também posso dizer que já comecei a sua sequela que me pareceu superior em muitos aspectos. Mas isso ficará para um outro artigo.