Shadowrun (PC)

ShadowrunShadowrun é uma franchise de culto. Originalmente um jogo de tabuleiro, misturando conceitos futuristas cyberpunk com elementos de fantasia como dwarfs, elfos e magia. O sucesso do jogo de tabuleiro gerou vários livros, jogos de cartas ou claro está videojogos. E de entre os videojogo dispomos de 2 RPGs ocidentais distintos entre si, um para a SNES e um outro para a Mega Drive. Existe também um jogo mais peculiar para a Mega CD que apenas saiu no Japão e desde 1994 que nunca mais se ouvir falar da série. Até que a FASA, empresa mítica responsável por imensos jogos da série Mechwarrior decidiu pegar na franchise. Os ânimos exaltaram-se imenso, mas foi sol de pouca dura quando se descobriu que o novo Shadowrun seria nada mais nada menos que um FPS multiplayer. O Shadowrun entrou na minha colecção no final do ano passado, numa das promoções feitas pela FNAC. Custou-me apenas 1 (um) euro.

Shadowrun - PC
Jogo completo com caixa, manual e papelada

Inicialmente o jogo era para ter uma campanha single-player a acompanhar o multi, mas infelizmente a Microsoft decidiu mandar isso pelo cano devido a “falta de recursos”, pondo assim toda a carne no assador do multiplayer. Ainda assim existe um contexto de história que decorre em background, sendo observada quando jogamos as missões de treino, onde assistimos em primeiro a uma cutscene que nos vai contextualizando do conflito existente. No entanto, não é uma história que faça parte oficial do cânone da saga. Essencialmente é-nos dito que a magia no mundo passa por um processo cíclico, surgindo apenas de 5000 em 5000 anos, voltando ao mundo em 2012. Mas é na cidade de Santos no brasil que o foco maior de magia se deu, e uma multinacional milionária de nome RNA decidiu investigar o fenómeno. Após um acidente com a utilização  da magia ter dizimado a cidade brasileira, as coisas começaram a ficar piores, com a RNA a tomar controlo da cidade e uma legião de rebeldes, os Lineage, começaram a combater a RNA de forma a tornar o uso da magia livre.

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A healing tree é uma habilidade muito útil, porém tanto pode curar os nossos companheiros como os adversários

Apesar de este Shadowrun ser um jogo com pouco conteúdo, nomeadamente poucos mapas e modos de jogo, tem algo de bom: a boa divisão de raças, e as diferentes builds que podemos construir, com uso a várias armas, técnicas e magias. Començando pelas raças, temos os humanos, uma raça “all-around”, sem grandes pontos fracos. Os dwarfs como sempre baixinhos e barbudos, são uma raça cuja habilidade para além de ser uma grande resistência a headshots, absorvem a Essence (leia-se mana) de tudo o que seja mágico à sua volta, desde a mana dos inimigos, dos companheiros de equipa e de outros objectos. Os elfos são uma classe com pouca saúde, porém são bastante ágeis e capazes de regenerar a sua vida se não receberem dano. São assim uma raça ideal para builds mais ninjas. Por fim temos os trolls, os “grandes bichos” do jogo. Os Trolls possuem a maior barra de vida e as suas defesas vão sendo cada vez mais fortes consoante o dano que vão recebendo. No entanto chega a um ponto que a sua mana termina e acabam por ficar vulneráveis. Nos 3 diferentes modos de jogo (que irei detalhar melhor em seguida), o jogo começa como uma partida de Counter Strike, onde a cada round vamos poder comprar armas, techs ou feitiços. E é aí que o jogo até tem alguma piada. Se morrermos, tal como no Counter Strike passamos o resto da partida como espectador, a não ser que um companheiro de equipa tenha o feitiço de resurrection e nos ressuscite. Mas a nossa presença no jogo está completamente dependente da pessoa que nos ressuscitou, pois caso ela morra, nós iremos morrer novamente.

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Os trolls endurecem a sua pele para se protegerem do dano, mas isso usa mana

Existe então uma panóplia considerável de feitiços e apretechos técnicos que podemos comprar, embora só possamos equipar 3 de cada vez. Dos feitiços temos a tree of life, onde podemos gerar uma árvore que nos cura todos os jogadores que se aproximem da mesma (óptima para utilizar como barreira também), o resurrect que já foi falado, outros mais defensivos como o gust que empurra os outros jogadores para trás, ou o strangle, que gera uma parede de cristais mágicos que abrandam e provocam dano a qualquer jogador que se aproxime deles. O smoke torna-nos parcialmente invisíveis e resistentes a qualquer dano (excepto do feitiço gust), o teleport é auto explanatório e por fim temos o summon que nos permite invocar um minion para a arena. A utilização destes feitiços está sempre dependente da quantidade de mana que temos, pelo que tem de ser disciplinada e bem pensada. As techs também utilizam a nossa mana (excepto se formos humanos), e consistem em gliders que nos permitem planar, o enhanced vision que nos permite ver através de paredes e localizar inimigos, o smart link que nos dão zoom às armas, aumentam a precisão dos tiros e não nos deixam dar dano aos nossos companheiros, são alguns dos exemplos. Obviamente que também temos as armas do costume como revólveres, shotguns, vários tipos de metralhadoras, explosivos ou armas melee e isto tudo junto oferece ao jogador e equipa boas possibilidades de customização e estratégia.

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Antes de nos mandarmos para combates a sério, podemos cumprir um tutorial de 6 capítulos que nos explicam as mecânicas de jogo

Isto é o ponto forte deste Shadowrun, pena que tudo o resto seja mauzinho. Os modos de jogo disponíveis não são nada de especial e o mesmo se pode dizer dos mapas que são poucos. O Extraction é um Capture the Flag, onde cada equipa tem de roubar o artifact da equipa adversária e trazê-lo à sua base. No Raid temos sempre uma equipa que defende o seu artifact (os RNA) e os Lineage que o tentam roubar e levá-lo a um extraction point. Por fim temos o Attrition que é um team deathmatch. A jogabilidade em si, falando na versão PC não é nada de especial. Este jogo teve um grande marketing sobre o facto de ser inteiramente crossplay, permitindo a jogadores de X360 e PC jogarem as mesmas partidas. Foi também o mote de lançamento para o Games for Windows Live que começou mal e porcamente. Agora, num FPS onde jogadores com teclado e rato jogam contra gamepads, os jogadores de PC sairiam muito beneficiados. Assim, para balancear as coisas a FASA/Microsoft decidiu incluir algum auto-aim para quem usa gamepad e retirar alguma precisão a quem controla com teclado e rato. Bollocks to that.

Graficamente, com o jogo a decorrer no brasil não deixa de ser interessante em ver alguns grafittis revolucionários com mensagens escritas em português, no entanto os gráficos não são nada de especial. As personagens estão bem detalhadas, o mesmo não se pode dizer das arenas que possuem texturas simples. Devo dizer até que a versão X360 apresenta alguns efeitos gráficos superiores à versão PC, coisa que não se percebe, A FASA também foi preguiçosa ao não ter trocado nada do overlay gráfico da interface do jogo, com os botões do comando da X360 a povoarem todo o ecrã nos menus. As músicas e efeitos sonoros também não são bons de todo.

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O artefacto, objecto azul na foto, é elemento central em 2 dos modos de jogo.

No fim de contas, este Shadowrun é mais um exemplo de como não se deve pegar numa franchise de culto e transformá-la num FPS só porque é um estilo de jogo que esteja na moda. O que resultou brilhantemente em Metroid Prime, não quer dizer que resulte em Syndicate ou neste Shadowrun. Ainda assim gostei do sistema de classes, feitiços e afins, reconheço até que haveria algum potencial para o jogo, mas certamente que não nestes moldes.

Halo: Combat Evolved (PC)

Halo PCO jogo que trago cá hoje é a adaptação para PC do primeiro jogo de uma série que, para o bem ou para o mal moldou toda uma série de first person shooters em consolas e no PC também. Estou a referir-me ao Halo, claro está. Originalmente em desenvolvimento para os Macintosh, o jogo causou um burburinho com a compra da Bungie pela Microsoft Game Studios, tornando Halo num jogo de lançamento da primeira consola de videojogos da Microsoft, a Xbox. Halo: Combat Evolved foi um sucesso de vendas, ganhando uma legião de fãs que perdura até hoje, ainda assim a Microsoft acabou por converter o jogo para as plataformas PC e MAC, tendo sido lançadas 2 anos após o lançamento para a Xbox. Ora a minha versão chegou-me às mãos após ter sido comprada recentemente na Feira da Ladra em Lisboa, por uns módicos 1 ou 2€. Infelizmente não tem manual.

Halo Combat Evolved - PC
Jogo com caixa

Resumindo o conceito da história por detrás de Halo, a humaninade chegou a um ponto tecnológico em que viajar pelo espaço mais rápido que a velocidade da luz se tornou uma realidade. O planeta Terra por seu lado estava  a ficar cada vez mais sobrepopulado, pelo que a Humanidade começou a colonizar outros planetas. Entretanto, as forças militares estavam também cada vez mais tecnologicamente avançadas, tendo desenvolvido um grupo de soldados biologicamente e ciberneticamente modificados, os super-soldados SPARTAN-II. Eventualmente a Humanidade acaba por ser atacada por um grupo de seres alienígenas chamados “The Covenant”, que acabam por causar muitas derrotas do lado dos humanos. Os super-soldados SPARTAN-II  ainda acabam por ser bastante eficazes no combate aos Covenant, porém são em pequeno número para mudar o balanço da guerra. Numa altura em que todos os SPARTAN-II estavam concentrados na colónia Reach para preparar uma importante missão em assaltar a origem dos Covenant, acabam por ser atacados de surpresa, com a colónia a ser completamente destruída. Os únicos sobreviventes foram os da nave espacial “Pillar of Autumn”, a mesma que transporta o SPARTAN-II Masterchief. Enquanto a nave tenta escapar do assalto Covenant, eles encontram Halo, um misterioso planeta artificial na forma de anel, controlado pelos Covenant. Decidem investigar o misterioso planeta e o resto é resto.

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Neste jogo cooperamos também com vários NPCs que nos vão auxiliando no combate ao longo do jogo

Vou ser sincero. Já tinha jogado este Halo há uns anos atrás, na altura em que tinha saído para PC e ligeiramente na própria Xbox. Em alguns aspectos confesso que tenha sido revolucionário, noutros nem por isso. Acho este jogo em particular completamente overhyped, pois tirando alguns aspectos que irei referir em seguida, é para mim um FPS banal. E que inovações trouxe Halo? Em primeiro lugar, o mecanismo de combate. Em vez de podermos carregar um arsenal imenso, Halo apenas nos permite carregar 2 armas de cada vez, o que apesar de ser mais realista, é uma mudança que não gosto. Ainda assim o arsenal não deixa de ser vasto, misturando armas humanas com outras alienígenas e com diferentes funcionalidades entre si. Para além de 2 armas apenas, podemos carregar com mais 2 tipos de granadas e, ao contrário dos outros jogos, podemos atirar granadas  com um botão exclusivo, sem ter a necessidade de mudar de arma entretanto. É possível também executar golpes melee com qualquer arma, permitindo matar inimigos por detrás de forma silenciosa para que não alertem os restantes. Isto na minha opinião são mudanças positivas. Apesar de não ter sido o primeiro FPS a fazê-lo, Halo também inclui alguns segmentos onde termos de conduzir alguns veículos, mas desta vez com melhores controlos e com a possibilidade de os NPCs nos darem algum apoio ao disparar na metralhadora acoplada, por exemplo. Mas infelizmente as grandes mudanças que perduram até hoje e que não me agradam nada é o sistema de save por checkpoints, e a vida regenerativa. Na verdade o esquema de vida regenerativa neste jogo ainda é algo misto, mas a semente ficou lançada. O Masterchief possui um escudo que se regenera ao fim de algum tempo de o jogador não sofrer dano, contudo quando esse escudo se encontra completamente descarregado o jogador fica vulnerável, com a sua barra de vida a diminuir. Essa barra de vida já não é autoregenerativa, precisando dos bons velhos medkits para o jogador recuperar esse dano sofrido.

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Apesar de achar as áreas de jogo muito repetitivas, há alguns locais que são realmente mais bonitos

Estas são na minha opinião as grandes mudanças de jogabilidade que Halo introduziu. De resto, graficamente era um jogo impressionante para a altura em que saiu na Xbox. Quando chegou à vez do PC, não é nada que já não se tenha visto melhor antes. Ainda assim reconheço o mérito no jogo em apresentar níveis bastante vastos, apesar de achar que os mesmos são muito monótonos por haver pouca variedade. Os Covenant então… lutar contra extraterrestres coloridos num FPS que tem uma legião de fãs tão grande e onde muitos se gabam de jogarem videojogos violentos, tem o seu quê de ironia. A história, desde a narrativa até mesmo ao voice acting também achei completamente banal, apesar de reconhecer que existe potencial de crescimento ao longo da série.

Para além do modo campanha, Halo originalmente teria um modo online muito forte. No entanto, com a estrutura Xbox Live então ainda incompleta, a Microsoft decidiu remover a componente online do primeiro jogo na Xbox, introduzindo um modo cooperativo, para além de outros modos multiplayer splitscreen ou por ligações em LAN, cujos foram depois adaptados para se jogar online por outros meios não oficiais. Já a conversão para PC não tinha essa desculpa, apresentando assim um modo multiplayer online tradicional, mas infelizmente sem a componente cooperativa. E focando mais no multiplayer, muitos fãs do jogo afirmam que é o multiplayer que realmente coloca Halo num pedestal elevado. E aí realmente poderei dar o braço a torcer. Mesmo sem uma componente online no lançamento original para Xbox, existem imensos modos de jogo que podem ser também bastante customizados, à semelhança de outras séries como Timesplitters, por exemplo. Para além de imensas variantes de deathmatch e capture the flag, o jogo introduziu alguns outros modos de jogo bastante interessantes como o Phantoms ou o Reverse Tag. Infelizmente nunca tenho muito tempo a perder com vertentes multiplayer, mas pareceu-me algo bastante completo.

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Algumas armas têm modos alternativos de fogo, ou miras telescópicas, como é o caso

E pronto, é isto que eu acho do primeiro Halo. Um FPS com uma campanha e história completamente banal, mas com algumas mecânicas de jogo que moldaram todos os outros que lhe seguiram. Para mim umas mudanças boas, outras más. No entanto, apesar de não ter dado muita atenção, possuia uma vertente multiplayer bastante completa para a altura. Tenho aqui também o Halo 2 para PC que irei jogar pela primeira vez do inicio ao fim (joguei um pouco na Xbox há muitos anos atrás), estou curioso para ver em que melhoraram.