BuilderLand (PC-Engine CD)

De volta à PC-Engine CD com mais um jogo dos franceses Loriciel. Desta vez, este Builderland, para além dos seus lançamentos originais para computadores ocidentais como o Commodore Amiga ou Amstrad CPC, não chegou a sair, que eu saiba, para nenhuma consola propriamente dita a não ser esta versão PC Engine CD, exclusiva do Japão. Acho curioso vários dos jogos da Loriciel terem chegado a esta plataforma que muito pouca gente conheceria em França, particularmente no início da década de 90. Se alguma versão para a Turbo CD esteve planeada, acabou por não sair. O meu exemplar foi comprado a um particular francês algures em Março por cerca de 5€.

Jogo com caixa, manual embutido com a capa e spine card

Este Builderland é um jogo curioso e que acredito que até seja agradável de se jogar num computador como o Commodore Amiga. Já numa PC Engine, infelizmente já não é tão agradável assim, mas já lá vamos. O jogo é apelidado de um clone de Lemmings e de certa forma até entendo a comparação: nós controlamos Melea, um jovem num mundo fantasioso que vê a sua namorada a ser raptada e lá teremos de a salvar. O jogo é então um sidescroller 2D com scrolling automático, onde teremos de manipular os cenários de forma a formar um caminho que vá levando Melea em segurança, daí as comparações com Lemmings. Nós controlamos um cursor que poderá interagir com certos objectos soltos nos cenários, como blocos ou rampas para servirem de plataformas, bombas para abrir buracos ou destruir inimigos, entre outros. Infelizmente isto trás-nos alguns problemas. Devido ao autoscrolling, temos muito pouco tempo para pensar no que fazer e usar o d-pad para manipular objectos não é de todo o ideal. Ao mover o cursor este começa por mover-se bastante lentamente, mas à medida que deixamos o dedo pressionado, este vai acelerando o seu movimento, o que sinceramente acaba por atrapalhar um pouco. Não sei se a versão Commodore Amiga suporta rato, mas presumo que usar um rato nos dê um control bem mais preciso. De resto podemos sempre pausar a acção e mover o cursor livremente para interagir com o cenário, mas cada vez que fazemos isso há uma barra de tempo que vai diminuindo gradualmente. O mesmo acontece quando a personagem fica presa nalgum sítio à espera que façamos coisas.

O objectivo do jogo é usar o cursor para manipular objectos de forma a criar um caminho seguro que nos leve até ao final do nível. O problema é o autoscrolling que não nos dá grande margem de erro, e o d-pad que também não ajuda

Felizmente há alguns checkpoints mas é muito fácil perdermos vidas, pois não só lutamos contra o tempo e obstáculos nos cenários, mas ocasionalmente também teremos alguns inimigos para enfrentar. Também poderemos apanhar certos itens que ficam disponíveis num ecrã de inventário e que podem ser usados a qualquer momento, como picaretas capazes de cavar túneis, capacetes protectores, asas que nos permitem voar temporariamente, armas como facas que podem ser arremessadas para destruir algum inimigo que esteja no nosso caminho, entre muitos outros. Pelo meio vamos encontrar também algumas casas, que por sua vez estão também divididas em blocos e podem ser montadas. Se o fizermos a tempo, teremos um mini boss para defrontar, este já com mecânicas de jogo diferentes. Aqui temos um ecrã estático e podemos controlar livremente a nossa personagem. A ideia é apanhar uma série de bolas de fogo e usar as mesmas para atacar o boss, ou para arrastar objectos letais como minas para que lhes caiam em cima. Como temos um número limitado de bolas de fogo para usar, há também aqui uma componente de puzzle a ter em conta.

As casas, como o caso da que está à direita,se montadas atempadamente levam-nos a enfrentar um boss, que por sua vez nos dá vidas extra se derrotado.

No que diz respeito aos audiovisuais, contem com um jogo muito simples. As sprites são pequenas e os cenários, apesar de coloridos, não possuem muito detalhe. A maior parte dos cenários atravessam várias paisagens naturais como florestas, planícies ou cavernas, se bem que poderemos ver também alguns edifícios como castelos em plano de fundo. É um jogo que sai no formato Super CD-ROM, mas sinceramente não vejo razão nenhuma para isso, é um jogo graficamente muito simples e a memória adicional presente na tecnologia Super CD-ROM não parece ser aqui aproveitada. As músicas são bastante festivas, algo circenses até, mas não há muita variedade de temas. Felizmente este é um jogo que está integralmente em inglês, embora também não existam tantos diálogos assim.

A cutscene de introdução é super simples. Não entendo o porquê deste jogo requerer tecnologia Super CD-ROM…

Portanto este é um jogo que até tem algumas boas ideias e poderá agradar a quem gostar de puzzle platformers. No entanto usar o d-pad não é o método mais intuitivo e preciso para este tipo de jogo, que por si só já é bastante desafiante pelo autoscrolling que não é tão lento quanto isso. Isto vai-nos obrigar a ter uma gestão muito apertada do tempo disponível, até porque muitas vezes temos de reaproveitar blocos já “caminhados” para continuar a desbravar caminho, o que também nos obriga a ter uma janela de tempo muito apertada para tal.

The Kick Boxing (PC Engine CD)

Vamos voltar aos jogos desportivos desta vez na PC-Engine CD. Tal como o Davis Cup Tennis, este é também um jogo dos franceses da Loriciel, que apesar das suas origens em computadores como o Commodore Amiga, chegou também a diversas consolas e com nomes diferentes consoante o sistema e o mercado, o que vem ainda a atrapalhar um pouco mais as coisas. Por exemplo, originalmente o jogo é lançado como Panza Kick Boxing algures no início da década de 90, chegando à Turbografx-16 nos EUA como Andre Panza Kick Boxing em 1991 e no ano seguinte sai no Japão, já em formato CD, como The Kick Boxing. Também em 1992, para o Commodore Amiga, sai uma sequela chamada Best of The Best: Championship Karate, cuja é também lançada para outras consolas, embora no Japão também se chame The Kick Boxing e nalguns screenshots me pareçam mais conversões do primeiro jogo, do que do segundo. O meu exemplar veio de um lote que comprei a um coleccionador francês algures em Março deste ano e terá-me custado algo em torno dos 5€.

Jogo com caixa e manual embutido com a capa

Bom, este é, tal como o nome indica, um jogo de kick boxing, embora possua uma jogabilidade mais de simulação, do que propriamente arcade, o que sinceramente torna as coisas um pouco mais aborrecidas. Logo o menu inicial causa uma confusão desnecessária pela forma como todas as opções estão distribuídas. Essencialmente, caso joguemos sozinhos (ao seleccionar uma das opções pad vs nec), a ideia é a de escolher qual o pugilista que queremos representar, podendo observar as suas estatísticas (ao seleccionar a opção physical type) e renomear à vontade (na opção name). À direita vemos o pugilista que iremos enfrentar, podemos escolher enfrentar um pugilista mais forte, mas tal não é recomendado enquanto não melhorarmos os nossos stats. A opção select hits serve para escolher quais os golpes queremos “equipar” no nosso atleta e em baixo temos as opções mais importantes: preview, match e training. A primeira serve precisamente para iniciarmos um pequeno confronto contra o oponente seleccionado e ver se a nossa personagem está forte o suficiente para o enfrentar. Match leva-nos ao combate propriamente dito e training, tal como o nome indica, leva-nos ao nosso dojo para fazer exercício e melhorar os nossos stats.

O menu principal em toda a sua glória

Mas vamos à jogabilidade dos combates em si. Estes poderão ter várias rondas e o objectivo é o de eliminar o nosso oponente por KO, ou seja, deixá-lo sem forças para se levantar ao fim da contagem de 10 segundos imposta pelo árbitro. Por sua vez, a barra de vida de cada lutador é representada por um conjunto de 4 holofotes cuja luz se vai desvanecendo com o dano sofrido. E tal como referi acima, para melhorar a nossa personagem teremos de treinar entre combates, onde poderemos melhorar a nossa resistência, força e agilidade através de diferentes mini-jogos. Mas e os controlos? Bom, uma vez mais desnecessariamente complicados. Basicamente o d-pad é o botão mais importante aqui. Se o pressionarmos para a esquerda ou direita, a nossa personagem move-se nessa direcção como seria de esperar e se o pressionarmos para baixo bloqueamos. Todas as outras direcções (incluindo diagonais) são golpes. Se pressionarmos o botão I em conjunto com o d-pad (qualquer que seja a direcção), temos mais golpes ainda, num total de 13 golpes ao todo. Golpes esses que poderiam ser seleccionados com a tal opção de select hits que mencionei no parágrafo acima! Ora isto faz com que os combates se tornem em sessões de button mashing e esperamos que tudo corra pelo melhor!

Graficamente até é um jogo com alguns detalhes interessantes

No que diz respeito aos audiovisuais, este até que é um jogo competente. Os combates, caso sejam contra pugilistas mais fracos, são travados durante o dia, numa arena quase sem público. No entanto, quando vamos defrontar pugilistas mais conhecidos, os combates já são travados à noite, numa arena a rebentar pelas costuras. As animações dos pugilistas até que são bem detalhadas e mesmo a do árbitro, que apesar de ter um aspecto mais cartoon, também estão bem conseguidas. Já no som, músicas temos apenas no ecrã título e algumas breves melodias no fim de cada combate. Durante os confrontos apenas iremos ouvir o som dos golpes a serem desferidos e algumas vozes digitalizadas, sejam os grunhidos de dor dos intervenientes, ou a contagem do árbitro quando alguém vai ao chão. Esta versão para a PC-Engine CD possui uma cutscene adicional logo no início, que sinceramente não acrescenta nada de especial.

O ecrã de treino é sempre apresentado em split-screen, pois caso estejamos a jogar uma partida multiplayer, ambos treinam em simultâneo

Portanto este The Kick Boxing é um jogo que até tenta ser bastante profundo na sua jogabilidade, mas infelizmente, para além de um sistema de menus desnecessariamente confuso, a maneira como implementaram os controlos leva a que isto acabe por se tornar mais num button masher que outra coisa qualquer.

Davis Cup Tennis (Turbografx-16)

Voltando às rapidinhas de jogos de desporto da Turbografx-16 e/ou PC-Engine, hoje ficamos com este Davis Cup Tennis, produzido pelo estúdio francês Logiciel. Eles focaram-se, principalmente na década de 80, em produzir videojogos para diversos computadores. Nos anos 90, pelo menos até 1994, ainda lançaram uns quantos jogos para consolas e por alguma razão acharam boa ideia apostar também na Turbografx, tendo inclusivamente alguns lançamentos que se ficaram apenas pelo Japão, onde pelo menos um deles devo cá trazer em breve. O meu exemplar foi comprado a um coleccionador francês algures em Janeiro deste ano, tendo-me custado algo em volta dos 12€.

Jogo com caixa e manual embutido com a capa. DVL, onde quer que estejas, obrigado por arruinares o HuCard com as tuas iniciais.

Este é então um jogo de ténis e surpreendentemente possui imensas opções e modos de jogo. Logo menu inicial podemos escolher se queremos jogar partidas para 1 jogador, ou até um máximo de 4 jogadores, recorrendo a um multitap. A opção para treinar leva-nos precisamente a practicar contra uma daquelas máquinas que disparam bolas automaticamente (algo que recomendo vivamente), ou podemos optar por uma demonstração, com o CPU a controlar ambos os jogadores. Uma vez seleccionada a opção de quantos jogadores irão participar, somos levados a um ecrã para customizar a nossa personagem, seleccionando a sua nacionalidade e depois poderemos distribuir 30 pontos em diversas categorias, quase como num RPG! Em seguida podemos, finalmente escolher que tipo de partida queremos iniciar. Desde partidas individuais (singles ou doubles), torneio, torneio Davis Cup (que nos obriga a participar num misto de partidas single e doubles, ou o modo campeonato que é uma espécie de modo temporada e, onde mediante a nossa performance e treinos entre partidas, os skill points da nossa personagem vão melhorando.

Se jogarem sozinhos, a primeira coisa que recomendo que façam é desligar o modo split screen, que está habilitado por defeito

No meio de todas estas opções e modos de jogo, a jogabilidade é também um pouco complexa, daí ter recomendado ir practicando os controlos contra as máquinas. Basicamente apenas o botão I é usado para tudo… para dar raquetadas com diferentes efeitos, devemos manter o botão I pressionado e pressionar o d-pad numa direcção para definir o efeito e largar o botão I em seguida. Ora sempre que fazemos isto a nossa personagem fica parada no ecrã e, visto que o CPU geralmente não é meigo e as bolas costumam ser muito rápidas, é um pouco complicado acertar nos timings certos para ter sucesso. Esta escolha para os controlos é seguramente um herança do passado da Loriciel em programar para computadores, que tipicamente usavam joysticks com apenas um botão de acção e este Davis Cup Tennis, pelo menos esta versão, parece ser uma conversão ou sucessor do Tennis Cup, lançado em 1989 para o Commodore Amiga, Amstrad CPC, Atari ST e provavelmente outros sistemas também.

Independentemente do modo de jogo, somos convidados a criar a nossa personagem e ajustar as suas skills. Mas a evolução destes atributos apenas será feita no modo campeonato, logo eu não me daria ao trabalho de configurar tanta coisa só para jogar uma partida rápida, por exemplo

Já no que diz respeito aos audiovisuais, este até que é um jogo competente tanto no aspecto gráfico como no som. A primeira coisa que recomendo que façam, principalmente se jogam sozinhos, é ir às opções e desabilitar o splitscreen, para tornar as coisas menos confusas. Os ringues de ténis estão minimamente bem detalhados e poderão ter inclusivamente alguns detalhes interessantes, mediante o tipo de jogo. Se jogarmos em singles, então para além dos 2 atletas em jogo, o ecrã possui também o árbitro e o restante staff que fica junto à rede. Inclusivamente se uma bola ficar junto da rede, vemos uma animação do “apanha bolas” a ir lá buscá-la. Já se jogarmos em doubles vemos apenas o ringue e os 4 atletas em campo. No que diz respeito ao som, bom, músicas só no ecrã título, menus e transições entre partidas, já durante as partidas apenas ouvimos o som da bola, raquetes e eventuais grunhidos soltados pelos jogadores. Os árbitros possuem vozes digitalizadas que têm boa qualidade! Antes de cada partida podemos também ouvir um excerto do hino nacional de cada nação em jogo, o que é mais um toque engraçado.

No que diz respeito à apresentação, o jogo até que possui alguns efeitos bem conseguidos

Portanto este Davis Cup Tennis até que é um jogo bem competente, pelo menos no que diz respeito aos modos de jogo e também na sua apresentação audiovisual como um todo. Já os controlos é que acho que poderiam ter sido melhor adaptados ao comando da Turbografx-16. Curiosamente este jogo sai também no Japão mas apenas no ano seguinte (1992) e em formato CD para a PC-Engine CD. Não sei que eventuais diferenças possam haver entre versões, no entanto.