Dracula 3 The Path of the Dragon (PC)

Os Dracula anteriores eram jogos de aventura interessantes, mas tinham o seu quê de amadorismo, tanto nos visuais como nos próprios diálogos, que tiveram direito a traduções e voice overs integrais em Português e o resultado não foi grande coisa. Mas algo mudou no terceiro jogo da série, uma vez mais com a Microids à sua frente, este The Path of the Dragon revelou-se num excelente jogo de aventura, bastante competente a todos os níveis. Tal como os anteriores no steam, este deu entrada na minha conta através de um bundle, onde foram todos comprados a um preço bastante reduzido.

Dracula_3_-_The_Path_of_the_DragonEste novo capítulo descarta os acontecimentos narrados nos dois jogos anteriores, acabando por decorrer no início da década de 1920. Encarnamos no padre Arno Moriani, que pertence a uma ordem sagrada no Vaticano e é enviado para a Transilvânia de forma a investigar a possível canonização de uma Martha Calugarul, médica e cientista que havia recentemente falecido. E ao lá chegar, teremos de invariavelmente investigar o passado de Martha e à medida que o vamos fazendo, começamos a notar que algo de estranho se passa naquela zona, até que acabamos mesmo por investigar o paradeiro do próprio Drácula.

Durante o jogo teremos muitos objectos para interagir, mas felizmente o inventário é bem grandinho
Durante o jogo teremos muitos objectos para interagir, mas felizmente o inventário é bem grandinho

A jogabilidade é idêntica à de muitos jogos deste género, pois este continua a ser um jogo de aventura na primeira pessoa, onde temos a liberdade de olhar em qualquer direcção, mas apenas nos podemos movimentar onde os ponteiros do rato nos levem. Dialogar com outras pessoas, interagir e combinar objectos é algo que iremos também fazer bastante. Mas desta vez tudo (ou quase tudo) tem bastante lógica e acabaremos mesmo por nos sentir detectives, ao investigar salas, procurar por pistas escondidas e resolver alguns puzzles de forma a progredir no jogo. E textos e gravuras são coisas que não faltam para analisar, até obras inteiras como a Bíblia ou o Drácula de Bram Stoker podem ser consultadas na íntegra no nosso inventário. Para quê? É verdade que podemos ler ambos os livros se estivermos bastante entediados, mas temos ali uma opção que se chama de “random page”. Em certos pontos do jogo teremos mesmo de usar essa opção para recolher algumas pistas de como prosseguir.

Muitos dos puzzles que temos de resolver aplicam-se a situações algo corriqueiras e são lógicos para resolver.
Muitos dos puzzles que temos de resolver aplicam-se a situações algo corriqueiras e são lógicos para resolver.

No que diz respeito aos audiovisuais, este é um jogo de 2008 e como tal apresenta um grafismo muito melhor aos seus predecessores. É verdade que mesmo sendo gráficos pré-renderizados se poderia esperar muito mais, mas sinceramente acho que fizeram um bom trabalho. As animações e expressões faciais são muito mais convincentes, assim como os cenários que fazem um óptimo papel em nos levar até uma zona rural e algo decadente ainda com um clima de pós-guerra. A narrativa está também muito bem conduzida, com algumas personagens bem caracterizadas. Sem dúvida um salto muito grande a nível de qualidade face a quase qualquer jogo da Microids que tinha jogado até então.

Safecracker: The Ultimate Puzzle Adventure (PC)

Continuando com os indies no PC para mais uma rapidinha, já que o tempo livre continua a não ser muito, infelizmente. Este Safecracker é um jogo de aventura em primeira pessoa cujo objectivo consiste em decifrar os enigmas por detrás de mecanismos de abertura de vários cofres espalhados ao longo de uma mansão. Sinceramente já não me recordo ao certo como este jogo veio parar à minha conta no steam, mas certamente terá sido através de algum indie bundle, senão de outra forma não me estaria a ver a comprá-lo.

Safecracker PCExiste uma história por detrás deste jogo, não andamos a abrir cofres sem motivo aparente. Basicamente é o seguinte: Duncan W. Adams, multi-milionário e barão da indústria petrolífera faleceu recentemente e como seria de esperar, deixou para trás uma enorme fortuna. Os seus familiares e herdeiros estão ansiosos para saber quem vai ficar com o quê mas Duncan, num momento final de trolling decide-lhes pregar uma partida. A sua paixão de vida sempre foram os cofres com mecanismos de abertura complexos e bizarros e como tal, decidiu esconder o seu testamento algures num cofre secreto em sua casa, onde cofres não faltam. Sendo assim os herdeiros de Duncan contratam-nos a nós, experts no assunto, para descobrir o testamento. Infelizmente a história não tem grandes desenvolvimentos a partir daqui, nós vamos encontrando algumas cartas ou outros documentos que nos dão mais alguns detalhes sobre a vida de Duncan, mas nada por aí além e o final é muito mauzinho, na minha opinião.

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O movimento neste jogo é feito em “point and click”. Se o ponteiro do rato mudar de figura para este género, significa que podemos avançar para essa área.

A jogabilidade é a de um point and click na primeira pessoa tal inspirada no clássico Myst. Podemos olhar livremente em 360º para o que nos rodeia, mas apenas podemos nos movimentar para certos locais, mediante se o ponteiro do rato muda de figura, indicando que podemos avançar nessa direcção. A ideia é vasculhar a casa por pistas, items ou documentos que nos possam ajudar a abrir uma série de cofres, sendo que para isso muitas vezes teremos de abrir outros cofres anteriormente. O verdadeiro desafio está mesmo a abrir os cofres em si, sendo que os mecanismos de abertura são bem variados e tanto podem exigir uma simples chave ou combinação numérica, como que resolvamos sliding puzzles, raios laser com frequências precisas ou outros quebra-cabeças lógicos. O desafio está mesmo aí, sinto que todos os aspectos de aventura e também história foram colocados para o jogo não ser simplesmente uma sequência de cofres para abrir. Infelizmente isso acabou por tornar o jogo algo monótono, creio que a história deveria ter sido melhor desenvolvida até para nos incentivar a continuar o jogo, se não formos os maiores fãs de puzzle games.

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Um exemplo dos puzzles que temos de resolver

Graficamente é um jogo com um aspecto muito limpinho. A mansão que exploramos é luxuosa, bem detalhada e sempre bem iluminada. Tudo tem um aspecto muito clean o que não é mau e sinceramente até nem é desajustado face ao que o jogo pretende. Os efeitos sonoros são ok, nada a apontar, o voice acting é um pouco monocórdico e relativamente às músicas nao foram propriamente coisa que me tenha ficado na memória. Mas lá está, o foco do jogo é mesmo a resolução de puzzles e pouco mais.

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Preparem-se para ver muitas geringonças bizarras.

Apesar de ser um jogo bem competente naquilo que se compromete, não posso dizer que seja algo que eu recomende vivamente, pois a mistura que é feita entre um jogo de aventura e puzzle solving acaba por ser mediana nas duas vertentes e o que não falta por aí são jogos melhores nesse aspecto.