Sylvester and Tweety: Breakfast on the Run (Nintendo Game Boy Color)

Vamos voltar às rapidinhas para um jogo simples na Game Boy Color. No sistema original, os jogos das personagens dos Looney Tunes eram por norma bem competentes pois era a Sunsoft que estava por detrás dos mesmos. Inclusivamente anos mais tarde alguns desses jogos foram relançados a cores para a Game Boy Color (como foi o caso do Looney Tunes). Nessa época no entanto a francesa Infogrames também adquiriu os direitos da série e o resultado nem sempre foi o melhor, pelo menos a ver pelos que me passaram pelas mãos. Este Breakfast on the Run não muda a minha opinião, infelizmente. O meu exemplar foi comprado numa feira de velharias algures em Janeiro deste ano por 3€.

Cartucho solto

Este é então um jogo do tipo gato e rato, onde encarnamos precisamente no azarado gato Sylvester, mas em vez deste andar atrás do Speedy Gonzalez, é o pobre Tweety que é perseguido. O jogo divide-se então em duas fases. A primeira fase de cada nível é uma fase de exploração apresentada numa perspectiva isométrica onde teremos de percorrer uma série de salas, ultrapassar obstáculos e resolver pequenos puzzles até que conseguimos finalmente chegar a uma saída que nos leva para a fase seguinte. Esta já é uma fase de acção/plataformas com o ecrã a mover automaticamente para a direita e onde o objectivo é mesmo o de apanhar o pássaro irritante, esquivando-nos no entanto de uma série de inimigos e obstátulos. Um pouco como no Tom & Jerry: The Movie, mas mais rápido. O primeiro nível é a excepção à regra pois tem apenas esta fase de acção.

Neste jogo estamos sempre indefesos. Qualquer contacto com um inimigo ou obstáculo faz-nos perder uma vida nas fases de exploração

Na fase de exploração os controlos são simples: o d-pad controla o Sylvester num espaço pseudo-tridimensional, enquanto o botão A serve para saltar. Teremos de explorar várias salas cheias de obstáculos e inimigos e ocasionalmente iremos encontrar obstáculos intransponíveis. Teremos portanto de procurar e coleccionar itens (apanhados com o botão B) em que alguns poderão também serem combinados entre si para que possamos ultrapassar alguns desses obstáculos. Por exemplo, um dos primeiros desses puzzles é uma parede alta demais para saltarmos por cima da mesma. Numas salas antes podemos apanhar dois itens que me parecem duas metades de uma almofada e a solução é combiná-los para formar uma almofada alta e assim conseguirmos saltar por cima dessa parede (a lógica é estranha mas é isso que se parece). Mais à frente iremos encontrar um cão todo bombado a guardar uma passagem. Qual a solução? Apanhar um osso gigante noutra sala e usá-lo perto do cão, para o distrair e nos abrir a passagem. Teremos uns quantos puzzles simples como este pela frente.

A perspectica isométrica é mesmo uma má ideia neste sistema. Discernir esta bagunça é cansativo

Ao explorar as salas iremos também encontrar vários inimigos e outros obstáculos que nos causam dano e ao mínimo toque perdemos uma vida. Felizmente começamos com um número de vidas considerável e podemos ganhar novas vidas ao coleccionar corações gigantes, ou uma série de sardinhas enlatadas. Já nas fases de acção temos uma barra de vida medida entre 5 a 8 peixes (mediante o grau de dificuldade escolhido) e apesar de sofrermos dano da mesma forma, apenas perdemos uma vida se a nossa barra se esgotar. Aqui não temos latas de peixe para coleccionar mas sim peixinhos mesmo, que nos vão regenerando parcialmente a nossa barra de vida também.

Os níveis de acção são mais coloridos e bem detalhados, mas não muito divertidos também

Graficamente é um jogo muito pobrezinho. Utilizar uma perspectiva isométrica numa consola portátil com ecrã e resolução muito pequenos não é uma boa ideia. Os primeiros níveis ainda se navegam consideravelmente bem, mas rapidamente as coisas começam a ficar confusas com os obstáculos e algumas saídas ou caminhos a obstruírem a vista e confundirem tudo. Para além disso, apesar deste ser um jogo de Game Boy Color também não há uma grande variedade de cores nesses níveis o que também não ajuda (o facto de ser retrocompatível com a Game Boy clássica deve ser a razão desse problema, no entanto). Os níveis de acção apesar de serem mais coloridos e detalhados também não são tão divertidos quanto isso. No que diz respeito ao som, nada de especial a apontar, é mediano como um todo.

Entre cada nível vamos tendo passwords para registar o nosso progresso

Portanto este é um jogo algo medíocre e que apesar de até ter algumas boas ideias na parte de exploração e aventura, os puzzles são bastante simples e o facto da perspectiva ser isométrica também não ajuda nada devido às limitações de hardware.

Astérix (Nintendo Entertainment System)

Astérix é sem dúvida uma das franchises de banda desenhada europeia mais bem conhecidas em todo o mundo. E naturalmente que não foi preciso esperar muito tempo até que começassem a surgir as primeiras adaptações para os videojogos. Durante os anos 80 foram várias as empresas a produzir videojogos sobre os irredutíveis heróis Gauleses, com resultados bem variados. Na primeira metade da década de 90 no entanto, as coisas começaram a mudar para o melhor. Nas consolas da Sega era a própria empresa nipónica que detinha os direitos, tendo produzido alguns óptimos jogos na Master System e outros não tão bons por intermédio da Core Design para a Mega Drive. Nas arcades a Konami lançou um excelente beat ‘em up e nas consolas da Nintendo foi a Infogrames que detinha a licença, algo que creio que retém até hoje. Em 1993 a Infogrames produz o seu primeiro videojogo do Astérix, cujo é lançado em simultâneo para a NES, Gameboy e SNES. A versão SNES inclusivamente já a trouxe cá, pelo que aconselho a sua leitura. O meu exemplar da NES foi-me oferecido por um particular algures em Setembro deste ano.

Apenas cartucho

A história é a mesma da versão SNES: os Romanos raptaram Obélix e cabe ao seu melhor amigo Astérix salvá-lo. Vamos então atravessar parte do continente Europeu até chegar a Roma, num jogo com muito platforming! O primeiro conjunto de níveis é passado na própria Gália, onde atravessamos paisagens como florestas (repletas de antas e outros megalíticos) ou mesmo bases romanas. O segundo conjunto de níveis é passado nas montanhas Helvéticas, vulgo Suíça, pelo que são níveis onde a neve e gelo são predominantes e logo depois em Espanha, algures na costa mediterrânica. O terceiro conjunto de níveis é dedicado ao Egipto com os seus desertos e pirâmides (sim, que grande volta para chegar a Roma!). O quarto conjunto de níveis sim, já é passado em Roma, onde temos inclusivamente aquele nível numa montanha russa, mas que não é tão chato quanto na versão SNES. É aqui que culminamos o jogo com um confronto contra um boss de forma a libertar Obelix. Todos os outros mundos têm um boss que muito nos remete para o clássico Donkey Kong, mas curiosamente são bosses opcionais.

Este jogo foi lançado para NES, SNES e Gameboy e ao que sei, a história é similar em todas as versões.

Os controlos são simples com dois botões faciais disponíveis. Um botão para saltar, o outro para dar socos, resultando nos PAF! que tão bem conhecemos das banda desenhadas. Como muitos jogos de plataformas temos vários itens para apanhar. As estrelas são o análogo das moedas nos jogos do Mario, ganhamos uma vida a cada 100, sendo que as ânforas valem por 10 estrelas. Temos também vários blocos que podemos destruir, presenteando-nos com estrelas ou outros power ups como vidas extra, invencibilidade temporária ou “asas” (como as do capacete do Asterix) que servem para restaurar a nossa barra de vida. Ao destruir um determinado número de blocos podemos encontrar chaves que nos transportam para cavernas secretas onde podemos apanhar uma série de itens. Entre cada nível temos também um nível de bónus que consiste em estarmos a saltar entre uma série de barris em alto mar, enquanto vão caindo do céu vários itens. Naturalmente que não temos muito tempo disponível e também não podemos tocar na água.

Para uma NES, é um jogo tecnicamente muito bem conseguido

No que diz respeito aos audiovisuais acho este um jogo muito bem conseguido para uma plataforma como a NES. Os níveis são todos muito bem coloridos e apresentam um óptimo nível de detalhe. As músicas são fantásticas e se acham que têm uma sonoridade muito próxima dos jogos de microcomputadores europeus da década de 80, inícios de 90, então acertaram em cheio! É que a versão NES não foi produzida pela Infogrames mas sim por um estúdio mais pequeno, curiosamente espanhol, chamado BitManagers/New Frontier, que começaram precisamente a programar videojogos para sistemas como ZX Spectrum, Amstrad e MSX.

Entre cada “mundo” temos um boss opcional que nos remete para o Donkey Kong.

Portanto temos aqui um jogo de plataformas bem sólido, especialmente se forem fãs do Astérix, o que é o meu caso. Relembro que este jogo não tem nada a ver com o Astérix da Master System (também um excelente jogo de plataformas) que foi desenvolvido pela Sega. A versão SNES é superior graficamente, mas acho que esta versão acaba por ser mais coesa na jogabilidade.

V-Rally (Nintendo Gameboy Color)

Voltando às rapidinhas na Gameboy Color, o jogo que cá trago hoje é a adaptação para esta portátil da Nintendo do V-Rally, um jogo de corridas desenvolvido pela Infogrames com a tarefa de competir com o famoso Colin McRae Rally da Codemasters. Na verdade, existem 2 versões para as portáteis da Nintendo. Uma lançada originalmente em 1998 para a Gameboy Clássica e uma outra, a que cá trago, lançada no ano seguinte para a Gameboy Color. Apesar desta vir num cartucho do formato da Gameboy clássica mas de cor negra, o que indica ser um jogo de GBC mas com retrocompatibilidade com a Gameboy normal, supostamente na caixa indica que é exclusive para a Gameboy Color. Sinceramente não cheguei a testá-lo numa Gameboy classica para tirar a dúvida se é ou não retrocompatível, mas o que é certo é que esta versão é idêntica à anterior, com a adição de cores, e poucas mais alterações. O meu exemplar veio de um bundle comprado algures nos últimos meses de 2017, tendo-me custado algo entre os 2, 3€ por cartucho.

Apenas cartucho

Aqui dispomos de dois modos de jogo, o arcade e o championship. O primeiro acaba por ser uma espécie de Sega Rally, onde vamos correndo em vários circuitos com o objectivo de chegar em primeiro e garantir que atravessemos todos os checkpoints dentro do tempo disponível. No modo Championship, como esperado, vamos ganhando pontos mediante a posição em que acabemos cada circuito e o objectivo é chegar em primeiro no fim. A jogabilidade é simples com um botão para acelerar e outro para travar, e dispomos de 4 carros distintos para escolher, cada qual com as suas características: Um Peugeot 206, um Ford Escort, Subaru Impreza e por fim um Mitsubishi Lancer.

O menu de selecção de carros até apresenta uns bonitos efeitos 3D

Tal como já referido acima, esta versão Gameboy color é essencialmente a versão clássica, com menus mais fancy, gráficos coloridos, e o trilho de Córsega a ser substituído pelo do Yosemite Park, nos Estados Unidos. Mas pelo que vi da versão clássica, na verdade, apenas alteram o nome do circuito, tudo o resto parece-me igual. De resto, os gráficos são coloridos e os carros parecem ser sprites digitalizadas dos originais. A equipa tentou também esmerar-se ao ponto de incluir detalhes como chuva ou neve, e tal como jogos como Out Run, os circuitos também possuem relevo. De resto, as músicas não são nada de especial, existindo apenas nos menus e nas transições entre corridas.

Os gráficos até que são bem coloridos e relativamente bem detalhados

Portanto, este V-Rally acaba por ser um jogo de corridas minimamente competente para quem gosta do género, sendo que a Gameboy Color também não pode fazer muito melhor. Mas se porventura já tiverem a versão lançada no ano anterior para a Gameboy clássica, a única coisa nova que vão ter aqui é mesmo os gráficos coloridos.