Fallout 3 Game of the Year Edition (PC)

War, war never changes. Esta é uma das frases chave que ouvimos durante a abertura do jogo. Mas a verdade é que a série Fallout mudou e de que maneira com a saída deste jogo. Isto porque os clássicos foram desenvolvidos pela Black Isle Studios, mas com a falência da sua editora, a Interplay, os direitos da série acabaram por ser comprados pela Bethesda, empersa até à altura, mais conhecida pela sua série de RPGs Elder Scrolls. Apesar de a Black Isle já estar a desenvolver o terceiro jogo da série há alguns anos, seguindo as mesmas mecânicas de jogo dos clássicos, a Bethesda decidiu recomeçar tudo do zero, com este Fallout 3 a adoptar umas mecânicas de jogo muito mais próximas da série Elder Scrolls, com a acção a adoptar uma perspectiva da primeira pessoa, misturando conceitos de first person shooter com o de RPG. Mas já lá vamos. O meu exemplar foi comprado há uns bons anos atrás, algures em 2012 ou 2013 salvo erro. Veio da New Game do Maiashopping, não me custou mais de 10€ garantidamente.

Jogo completo com caixa e manual

O jogo decorre durante o ano de 2277, bastantes anos após os acontecimentos da Grande Guerra, que trouxeram o apocalipse nuclear à civilização humana. O jogo decorre algures nas ruínas de Washington D.C. com a narrativa a iniciar-se anos antes, durante o nosso nascimento e crescimento no Vault 101, um dos muitos bunkers construídos pela Vault-Tec antes das bombas caírem. Durante esta introdução, a nossa mãe morre logo após o parto, e o nosso pai, James, médico lá no bunker, vai-nos introduzindo a este mundo em ruínas e ao papel de cada um na sociedade. Até que, em 2277, quando temos 19 anos, o James foge do bunker por motivos misteriosos, e o líder do bunker, o Overseer, envia seguranças à nossa procura. No meio da confusão, Amata, filha do Overseer e nossa amiga de infância ajuda-nos a escaper do bunker, algo que acabamos por conseguir fazer.

É durante a introdução no Vault 101 onde nós nos vamos definindo como personagem

É nesta introdução onde vamos aprendendo muitas das mecânicas base de jogo, incluindo o sistema de combate, os atributos que nos definem como personagem (os pontos S.P.E.C.I.A.L. de Strength, Perception, Endurance, Charisma, Intelligence, Agility, e Luck), bem como algumas skills e perks iniciais. Assim que abandonamos o Vault 101 e vemos a imensidão de ruínas à nossa volta, bem como começamos a receber notificações de quests para cumprir e pontos  a explorar, temos logo uma sensação de liberdade e grandeza que é muito difícil de explicar. É precisamente após sairmos do Vault 101 que a verdadeira história começa, bem como todos os potenciais deste Fallout 3 vão nos sendo revelados. Temos a cidade de Megaton, com uma bomba nuclear que não explodiu no seu centro, vamos descobrir os bandits, os ghouls e outras facções no jogo, como a Brotherhood of Steel, que se assume neste jogo com um papel mais altruísta e de ajuda ao próximo, ou os Enclave que mesmo após terem sido derrotados em Fallout 2, mantém-se aqui muito fortes e como os principais antagonistas de todo o jogo. Inicialmente a história principal prende-se connosco à procura do nosso pai, James, e tentar perceber o que o levou a fugir do Vault 101. Eventualmente lá descobrimos as suas razões, o Project Purity, e a partir daí iremos trabalhar em continuar esse trabalho. Mas lá está, tal como nos outros Fallout e também Elder Scrolls, existem muitas outras quests que poderemos cumprir ou não e que enriquecem bastante a história.

Apesar de eu preferir de longe a perspectiva na primeira pessoa, podemos também jogar na terceira

Existe alguma não-linearidade no jogo, podemos cumprir uma quest de várias formas, agradando ou não a alguns lados da moeda. Por exemplo, a certa altura do jogo temos a possibilidade de destruir ou não a cidade de Megaton, ao detonar a sua bomba nuclear. Se a detornarmos, o nosso karma será severamente afectado, e alguns NPCs poderão não querer ser muito cooperativos connosco. Por outro lado se decidirmos salvar Megaton, também irritamos as pessoas que estariam por detrás da conspiração para a sua destruição. A maneira como cumprimos as quests e interagimos com as pessoas também se deve muito à forma como a nossa personagem evolui. Com um bom carisma e skill points elevados no speech conseguimos obter informações mais facilmente ao dialogar com os NPCs, ao termos skills elevadas de Science também nos pode ajudar a invadir terminais de computadores ou interagir com os robots do jogo. Existem uma grande variedade de sidequests para irmos fazendo, algumas até com algum humor à mistura, como lutas entre super-heróis e super-vilões (Mechanizer versus Antagonizer). Conteúdo é o que não falta aqui neste Fallout 3, mas a Bethesda poderia ir ainda mais longe na não-linearidade do progresso, algo que a meu ver foi melhor conseguido no Fallout New Vegas.

Para quem preferir combates mais estratégicos, temos sempre a possibilidade de usar o VATS

Apesar deste ser um jogo na primeira pessoa, a Bethesda incluiu também o VATS, um sistema de combate mais fiel aos Fallout clássicos, onde poderemos escolher ao certo que parte do corpo do inimigo queremos atingir, de forma a tentar acertar em pontos fracos e/ou tirar vantagem de algumas skills que tenhamos. Sinceramente acho que este sistema atrasa bastante o jogo, pelo que raramente o usei. Tenho jogado o Fallout 3 como um first person shooter se tratasse, o que acho que acaba por ser muito mais imersivo. À medida que vamos evoluindo as nossas skills em diferentes tipos de armas, os resultados também vão sendo melhores e aqui temos um arsenal gigante compost por armas brancas, armas de fogo ligeiras, explosivos ou armas futuristas que disparam raios laser ou plasma. E temos também de ter em atenção a condição geral das nossas armas, pelo que atribuir skill points a Repair acaba por ser também importante para sermos autónomos e reparar o nosso armamento.

O sistema de saúde está dividido em pontos de vida (HP) e status dos limbs, os membros + cabeça). Estes podem ser regenerados ao recorrer a itens restaurativos como os stimpaks, e caso algum dos nossos membros esteja partido, isso terá também várias repercussões. Por exemplo, pernas partidas influenciam a nossa capacidade de andar, enquanto braços partidos vão nos dificultar o uso de armas, notando-se perfeitamente quando tentamos mirar em alguém e a arma não pára de se mexer.

Mediante as nossas skills, poderemos ter diferentes opções de diálogo.

Portanto, este Fallout 3 está repleto de conteúdo e de detalhes que irão aliciar qualquer fã de RPGs. Esta versão GOTY possui mais umas quantas expansões que ainda adicionam bastante conteúdo ao jogo, quase todas em diferentes localizações, como uma zona industrializada em ruínas de Pittsburgh, uma viagem aos pântanos de Maryland ou até explorer uma nave alienígena! Existem no entanto uns quantos bugs, o que infelizmente é normal em jogos da Bethesda, mas felizmente a comunidade gamer desenvolveu vários patches e mods que não só corrigem alguns bugs, como melhoram e de que maneira a performance gráfica do jogo.

Os visuais são excelentes para 2008, com os cenários apocalípticos a serem bastante credíveis, o campo de visão é relativamente grande e é realmente um grande gusto poder explorar todos os recantos do jogo. A nível de som nada a apontar, os efeitos sonoros cumprem bem o seu papel e o voice acting é bastante competente. As músicas, tal como habitual na série são todas influenciadas pelas músicas típicas de baile dos anos 40, bem como algumas marchas militares (se estivermos a ouvir a rádio da Enclave). Assentam que nem uma luva à atmosfera desoladora de um futuro distópico como o apresentado em Fallout.

Hacking e destrancar fechaduras são coisas que iremos fazer inúmeras vezes.

Portanto, este Fallout 3, apesar de ser um divisor de águas, principalmente entre os fãs dos jogos originais em perspectiva isométrica, esta mudança para a primeira pessoa, para além de tornar o jogo bem mais dinâmico (se não recorrermos ao VATS), acaba também por o tornar muito mais imersivo. De resto é mais um Fallout, com (quase) tudo aquilo que estávamos habituados: a não linearidade no progresso, a liberdade de escolha de acções e suas consequências que se arrastam até ao final do jogo.

The Elder Scrolls: Daggerfall (PC)

DaggerfallHoje voltarei a falar dessa grande série de CRPGs que é a Elder Scrolls. Após ter analisado o primeiro jogo da série, o Arena, algures na PUSHSTART há uns meses atrás, chegou hoje a vez de escrever sobre o Daggerfall. No entanto infelizmente tão cedo não voltarei a escrever sobre esta série, pois o meu backlog de RPGs é enorme e de momento tenho outras prioridades. Mas adiante, se o Arena foi um RPG bastante ambicioso pelo tamanho do seu mundo, jogabilidade não linear e imensas sidequests para fazermos, este Daggerfall é muito, muito mais. Mas com muita pena minha também tem muitos, muitos mais bugs. Bom, apesar de eu já o ter jogado há poucos anos atrás quando o mesmo esteve (e julgo que ainda está) gratuito para download no site da Bethesda, só no Natal passado o cheguei a ter em forma física, por intermédio da compilação The Elder Scrolls Anthology que me foi oferecida pela minha querida namorada.

Mais uma vez, após criarmos a nossa personagem e associá-la a uma classe e raça cada qual com atributos próprios, somos largados num enorme mundo de Tamriel, mais precisamente na zona de Iliac Bay, que alberga as províncias de High Rock e Hammerfell. A nossa missão é dada pelo próprio imperador de Tamriel: Libertar o espírito do Rei de Daggerfall, que após ter sido assassinado assombra o seu reino. Mas temos também uma outra missão mais secreta que depois acaba por se tornar fulcral. Pelos vistos corre o rumor que o antigo golem Numidium foi descoberto nessa região. É necessário averiguar isso e caso seja verdade, fazer todos os possíveis para que não caia em mãos erradas. E assim começa mais uma aventura, onde uma vez mais teremos uma pequena dungeon para explorar logo ao início, para nos habituarmos desde cedo às mecânicas de combate e exploração que este jogo nos brinda.

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Para além das quests principais, existem um sem-fim de outras sidequests que podemos fazer

E todo esse combate e exploração são feitos novamente numa perspectiva em primeira pessoa. No entanto, desta vez os movimentos são melhores visto ser possível olhar para os cenários em 360º, no entanto os controlos por defeito ainda são bastante antiquados. Felizmente alguns dos mods existentes deixam-nos controlar melhor Daggerfall com o rato. Ainda assim, herdamos algumas coisas da interface do Arena, sendo necessário carregar numa série de botões para acções simples. Para atacar temos de equipar e preparar uma arma e depois, se estivermos a falar de uma espada, ou machado, por exemplo, o ataque é feito ao pressionar no botão de ataque do rato e fazê-lo deslizar num movimento cortante.

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Se formos apanhados a fazer asneira pelos guardas das cidades, pdoemos ser levados a tribunal

O grau de liberdade e a quantidade de coisas que podemos fazer é ainda maior que no Arena, que já possuía um mundo bem grande. Este é o videojogo com o maior mapa de sempre com uma área de mais de 160 Km2, embora seja bastante desértico visto ser gerado “aleatoriamente”. Ainda assim deixa-nos com literalmente MILHARES de cidades, aldeias, cavernas, calabouços e castelos para explorar, se o desejarmos. Se apenas quisermos jogar a main quest, então muita coisa pode ser deixada de lado, já se quisermos explorar o mundo de Daggerfall ao nosso gosto, bom, então o jogo simplesmente não tem fim. Para além das quests principais, podemos receber quests de muitos NPCs, desde reles camponeses até à realeza, quests essas que podem consistir em trabalhos de guarda, neutralizar bandidos, recuperar itens perdidos, entre muitos outros. Aqui entram também os Guilds aos quais nos podemos associar, como os Knights ou Mages Guild, mas também podemos nos aventurar no lado negro da coisa ao associar-nos com ladrões ou vampiros, coisa que sinceramente não cheguei a experimentar.

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A cutscene de abertura é gravada com actores reais

Tecnicamente era um jogo impressionante devido ao seu motor gráfico 3D, esquema de dias e noites e condições metereológicas. Infelizmente com tem é pouca variedade de cenários e texturas, pelo que ser algo assim tão grande mas também tão impessoal pode não ser a melhor das ideias. As músicas são na sua maioria com influências medievais como não poderia deixar de ser, mas já os efeitos sonoros acabam por passar um pouco despercebidos, mas cumprem o seu papel. No entanto, um jogo tão ambicioso para os padrões de 1996 (e sinceramente mesmo para os padrões actuais não deixa de o ser) tem o seu preço. O facto de ter essa área tão vasta, dungeons intricadas e labirínticas, imensas cidades e NPCs e acima de tudo, pela sua engine quase totalmente 3D (apenas os inimigos e NPCs são sprites 2D) acaba por exigir muito de qualquer PC disponível para os meros mortais em 1996. Eu em 1996 tinha um Pentium a 133MHz com 16MB de RAM, os entendidos dizem que 64MB para jogar este jogo de forma estável até nem era muito portanto vejam lá a coisa… Mas ter um PC alienware para os padrões de 1996 não era a única coisa que prejudicavam este jogo, mas sim os seus imensos bugs. Ao longo dos anos, para além da Bethesda foram os próprios fãs do jogo a lançarem dezenas de patches para corrigir os problemas deste jogo e ainda hoje muitos persistem. A mim aconteceu-me, já ia eu com 75% da história completa, a aventurar-me em várias sidequests na Mage’s Guild para tentar orientar aí algum loot jeitoso, quando vou a tentar completar uma dessas quests e o jogo sempre, sempre a crashar. Como tinha um save único, lá foram dezenas de horas da minha vida para o lixo.

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Num mapa tão vasto, fast travel é lei!

É por essas razões que apenas recomendo que dêm uma espreitadela a este Daggerfall. Para além de as suas mecânicas de jogo serem antiquadas, os imensos problemas que ainda hoje o jogo tem não compensam as possíveis horas de frustração que poderemos poupar. Ainda assim, tal como o Arena, não deixa de ser curioso para quem apenas conheceu esta fantástica série com o Skyrim para ver um pouco como foram as suas raízes.

The Elder Scrolls: Arena (PC)

Para não destoar da quantidade de artigos de PC que tenho trazido aqui à ribalta, o jogo que falarei hoje é um dos RPGs ocidentais da velha (não velhíssima) guarda, e o primeiro capítulo da série de maior sucesso da Bethesda. Na verdade, apesar de este jogo estar disponível para download gratuito no site da Bethesda e ter sido essa a versão que eu joguei até ao final, a versão que trago aqui hoje é a que vem incluída na The Elder Scrolls Anthology, uma compilação que traz todos os capítulos da série principal e suas expansões, deixando de fora o Redguard e o Battlespire. Embora acredito piamente que o único motivo pelos quais esses jogos não foram incluídos prende-se pela sua complexidade em correrem em sistemas operativos modernos e a Bethesda ter sido sempre um bocadinho preguiçosa.

Éniuei, esta minha compilação foi-me oferecida pela minha namorada no Natal de 2013, foi um presente que eu adorei pois já andava a fazer-lhe olhinhos há uns valentes meses. Para além de discos para cada jogo e suas expansões, traz também vários mapas de Tamriel, alusivos à região em que cada jogo decorre, tudo isto inserido num “livrinho” bonito. Para além de não trazer os já referidos spin offs, tenho também pena de não trazer os manuais, estando estes disponíveis apenas em pdf. Como isto é uma edição de coleccionador bem que podiam ter-se dado a esse luxo. Mas voltando ao que interessa, o primeiro jogo da série, podem ler a minha análise completa na PUSHSTART deste mês, ou clicando já aqui.