Mario and Luigi: Bowsers Inside Story (Nintendo DS)

Uma das minhas companhias de mesinha de cabeceira dos últimos tempos tem sido este Bowser’s Inside Story, a terceira entrada numa das populares sagas de RPGs baseadas no universo Mario, produzidos pela Alpha Dream. Lançado originalmente em 2009, é mais um bom exemplo de como conseguiram pegar numa fórmula de sucesso e melhorá-la ainda mais, acrescentando bastantes novidades cativantes na sua jogabilidade. Mas já lá vamos. O meu exemplar foi comprado em Fevereiro de 2016 numa Cex na zona Porto, por 15€.

Jogo com caixa, manual e papelada

Neste terceiro capítulo temos o regresso de Fawful, outrora assistente de Cackleta, antagonista do primeiro jogo, agora como vilão principal que, ao fim de uma série de voltas, acaba por conseguir invadir o Mushroom Kingdom, deixando Bowser e os seus minions também completamente dominados. Aliás, tal como o subtítulo do jogo assim o deixa antever, vamos mesmo explorar o interior do corpo de Bowser, após este ter acidentalmente inspirado os irmãos Mario e metade dos habitantes do reino também.

Os primeiros momentos de acção são um relembrar das mecânicas básicas de jogo para quem já for veterano na série.

Ora este mantém-se um RPG com um sistema de batalha muito interessante, e com uma componente de exploração muito forte. Os botões A e B estão directamente mapeados a Mario e Luigi, onde um deles faz com que Mario salte, o outro Luigi. À medida que vamos avançando no jogo poderemos desbloquear outras acções para os irmãos, como usarem os seus martelos, não só nas batalhas como servindo de um ataque alternativo para defrontar os nossos adverários (especialmente aqueles que não podemos derrotar ao saltasr em cima deles), bem como servindo de habilidades na vertente mais exploratória da aventura. Também no jogo anterior os botões X e Y estavam mapeados aos bébés Mario e Luigi, aqui acabam por mapear diferentes habilidades de Bowser. Portanto, recapitulando, na maior parte do tempo podemos controlar Mario e Luigi ao percorrer diversas partes do corpo do Bowser, enquanto paralelamente podemos também controlar o próprio Bowser enquanto este explora o Mushroom Kingdom. A certa altura, com Mario e Luigi, poderemos também sair e entrar do corpo de Bowser livremente, pelo que poderemos explorar o reino com ambos os irmãos também, quanto mais não seja para descobrir todos os seus tesouros escondidos. Bowser possui diferentes habilidades de Mario e Luigi, como os seus poderosos socos capazes de destruir rochas, ou a possibilidade de cuspir fogo, queimando árvores e outros obstáculos. Mas tal como a dupla Mario e Luigi, Bowser irá ganhar novas habilidades ao longo do jogo, que lhe permitirão uma vez mais alcançar lugares que previamente não conseguiria alcançar.

As batalhas com o Bowser gigante foram uma das melhores surpresas!

No que diz respeito às batalhas, estas são por turnos, onde podemos optar por atacar, usar golpes especiais, itens ou simplesmente fugir. Tal como nos jogos anteriores desta série, há uma noção muito própria do ritmo e de alguns QTEs invisíveis que poderemos (e devemos) explorar para obter uma melhor performance nas batalhas. Por exemplo, se atacar um inimigo com um salto, martelo, soco ou bola de fogo (riscar o que não interessa), geralmente se pressionarmos o botão de ataque respectivo (X ou Y se for o Bowser, A ou B se for o Mario ou Luigi) num timing exacto, conseguimos infligir mais dano. Por outro lado, quando os inimigos nos atacam, possuem alguns padrões de ataque que podemos desviar ou mesmo contra atacar, ao saltar na altura certa, por exemplo. Para além dos ataques normais temos também várias skills que iremos desbloquear, tanto para Bowser como para Mario e Luigi. Estas geralmente envolvem também uma série de QTEs que são exemplificadas no modo tutorial que fica disponível assim que as desbloquearmos. Se controlarmos Bowser numa batalha, há ainda uma maior interação com Mario e Luigi, pois um dos ataques normais de Bowser é inspirar profundamente, conseguindo engolir alguns inimigos mais pequenos. Assim que isso acontece, a acção muda para o ecrã de baixo, com Mario e Luigi a entrar em acção e combaterem esses inimigos ingeridos por Bowser.

Tal como a dupla de canalizadores, Bowser também possui habilidades próprias

Mas as novidades não se ficam por aqui. O jogo possui uma série de coleccionáveis e outros mini-jogos, muitos deles que são até obrigatórios em certas partes do jogo. Por exemplo, em certas alturas teremos de excitar certos pontos chave do corpo de Bowser (lendo isto parece muito estranho mas OK) para o ajudar, seja a dar-lhe mais força nas pernas, nos braços ou mesmo quase que o ressuscitar. Para isso teremos de entrar nalguns minijogos geralmente rítmicos com as cores de Mario e Luigi. No caso do minijogo para ressuscitar Bowser, este é uma espécie de um shmup, onde Mario e Luigi viajam juntos numa canoa e devem destruir uma série de objectos, disparando projécteis da mesma cor das vestimentas dos irmão. Se formos bem sucedidos, Bowser não só ressuscita, como se torna num gigante, o que nos leva a mais uma agradável surpresa… as batalhas com o Bowser gigante! Aqui geralmente defrontamos robots gigantes ou outras criaturas grandes, onde somos convidados a virar a DS na horizontal e usar unicamente a stylus e o microfone, para desferir os ataques de Bowser. Estes segmentos possuem mecânicas de jogo muito próprias e devo dizer que foi mais uma surpresa bastante agradável.

Coleccionáveis, minijogos e desafios extra são coisas que não faltam e aumentam bastante a longevidade da aventura.

A nível audiovisual, bom, tal como o seu predecessor é um jogo com um 2D muitíssimo bem detalhado, tendo em conta a resolução de ecrã da Nintendo DS, com áreas de jogo muito coloridas e bem detalhadas, ambientes muito ricos que mostram como o Mushroom Kingdom consegue ser um vasto reino com aquela magia Nintendo que tanto gostamos. As sprites possuem também excelentes animações, acompanhadas por uma narrativa repleta de bom humor. É daqueles jogos em que a Nintendo poderia muito bem ter investido num bom voice acting, pois os diálogos assim o merecem. As músicas são agradáveis, assim como os efeitos sonoros que não tenho absolutamente nada a apontar.

Portanto se gostaram dos Mario & Luigi anteriores, certamente irão gostar deste Bowsers Inside Story. A Alpha Dream soube mais uma vez reinventar a roda e não só aproveitar o núcleo das mecânicas de jogo que tiveram sucesso anteriormente, bem como adicionar um certo twist com toda a dinâmica de Bowser e as possibilidades que isso trouxe. Tal como o primeiro Mario & Luigo, recentemente a Nintendo lançou também um remake deste jogo para a Nintendo 3DS, onde para além de alguns melhoramentos gráficos, tweaks em algumas mecânicas de golpes especiais inclui também uma história paralela com o Bowser Junior como protagonista.

Mario and Luigi: Partners in Time (Nintendo DS)

Continuando pela Nintendo DS, o jogo que cá trago hoje é a continuação do Mario and Luigi, uma interessantíssima série de RPGs baseados no universo do Mushroom Kingdom trazida até nós pela AlphaDream. O primeiro jogo foi lançado originalmente para a Gameboy Advance e impressionou-me pelas suas mecânicas de jogo originais e um sentido de humor sempre presente ao longo da aventura. Esta sequela, já para a Nintendo DS, usa a mesma fórmula básica, mas aproveita também as características da Nintendo DS para adicionar algo novo. O meu exemplar veio de uma das CeX do Norte algures em Fevereiro deste ano. Creio que me custou algo próximo dos 20€.

Jogo completo com caixa, manual e papelada

A história deste jogo leva-nos à mais recente invenção do Professor E. Gadd, nada mais nada menos que uma máquina do tempo! E na sua viagem inaugural, a princesa Peach viaja ao Mushroom Kingdom do passado, onde tanto ela, como Mario e Luigi eram apenas pequenas crianças. Acontece que Peach viaja para uma altura em que o Mushroom Kingdom estava a ser invadido por uma raça de aliens, os Shroobs. A princesa Peach é atacada, fica presa no passado e recai aos irmãos Mario e Luigi viajarem até lá através de vários portais que se vão formando, resgatar a princesa Peach, e por um término à invasão dos Shroobs.

Quando os irmãos estão separados mas na mesma “sala”, a acção divide-se nos dois ecrãs

Apesar do jogo ter sido lançado para a Nintendo DS, o touch screen muito raramente é usado. O que mais partido se tira da Nintendo DS é mesmo os botões X e Y, bem como os dois ecrãs. Isto porque para além de Mario e Luigi também vamos jogar com o Baby Mario e Baby Luigi, que são precisamente controlados com os botões X e Y, enquanto os adultos usam o A e B. Depois o sistema de combate é muito interessante. Tal como no primeiro Mario and Luigi o jogo usa um sistema de combate por turnos onde podemos tomar muitas acções diferentes como atacar (de diferentes formas), usar itens, ou tentar escapar da batalha. Temos é de usar o botão correspondente a cada personagem para escolher as acções. E também tal como no primeiro jogo, existe todo um encorajamento para brincarmos aos quick time events, isto porque ao pressionar numa série de botões na hora certa, conseguimos fazer mais dano quando atacamos, bem como conseguimos evitar sofrer dano quando um inimigo nos ataca. Por vezes até podemos contra atacar dessa forma. Por exemplo, a forma mais simples de ataque das duplas Mario e Luigi é saltar em cima dos inimigos. Se depois do salto, carregarmos no botão de ataque na altura certa, uns microsegundos antes de atingirmos o adversário, iremos causar mais dano. Por outro lado ao saltar (ou sacar dos martelos) também na hora certa permite-nos esquivar dos ataques inimigos ou até causar-lhes dano. Mas com a adição dos bébés Mario e Luigi, quando lutamos os 4 em conjunto podemos ter algumas interacções com os 4, exigindo alguns QTEs mais complexos.

Agora com 4 personagens jogáveis conseguimos lançar algumas habilidades que requerem a cooperação de todos

Para além dos combates interessantes, o jogo também preza pelos puzzles inteligentes que nos vai apresentando ao longo da aventura, tirando partido das habilidades que cada personagem vai aprendendo. Apesar de na maior parte das vezes os 4 personagens andarem sempre juntos, por vezes temos de os separar, mandando os bébés para um lado e os adultos para o outro. Os bébés são os que podem usar um martelo e destruir alguns obstáculos, bem como furar debaixo da terra e conseguir assim entrar por baixo de algumas portas trancadas. Os adultos conseguem saltar mais alto e mais longe, principalmente depois de aprenderem o truque para rodopiarem. Existem outras habilidades que aprendem mais tarde e que tiram partido dos 4 irmãos em simultâneo, para tratar de alguns puzzles mais complexos.

A narrativa é bastante interessante, e por vezes até um pouco sinistra!

A nível de narrativa, tal como o anterior este é um jogo com uma história agradável e repleta de boa disposição. Acho que fizeram um bom papel ao representar os aliens dos Shroobs bem como a Princess Shroob. Por vezes o plot parece bem sério e ameaçador para um jogo da série Mario! Por outro lado, a história está também repleta de bom humor, o que também nos motiva a continuar a jogar “só mais um bocadinho”.

A nível audiovisual é um jogo algo semelhante ao da Gameboy Advance. O jogo está completamente em 2D, mas com sprites bem definidas e animadas. Os dois ecrãs são usados como um só durante as batalhas, já durante a fase de exploração são usados de forma diferente, com um dos ecrãs a mostrar o mapa e o outro a acção. Por vezes misturam-se um pouco principalmente quando separamos os bébés dos adultos e temos de usar ambos os pares de forma independente. De resto, as músicas são também bastante agradáveis como vem sendo habitual nos jogos do Mario e os efeitos sonoros cumprem bem o seu papel.

Mario and Luigi: Superstar Saga (Nintendo Gameboy Advance)

mario-and-luigiUsar Mario e restantes personagens do Mushroom Kingdom na forma de RPGs não era propriamente novidade. O conceito começou (e de que maneira!) na Super Nintendo, com um RPG isométrico desenvolvido em conjunto com a Squaresoft, na altura em que ambas as empresas andavam de mão dada, dotando a Super Nintendo de alguns dos melhores RPGs que já tive o privilégio de jogar. Depois veio a série Paper Mario, por parte da Intelligent Systems, um estúdio interno da Nintendo que nos trouxe outras pérolas como Fire Emblem. Paper Mario destacava-se principalmente pelos seus visuais fantásticos. Não satisfeita com isso, a Nintendo decide apresentar uma outra série de RPGs do canalizador mais famoso dos videojogos, desta vez por intermédio da nipónica Alpha Dream. E o resultado foi mais uma vez bastante positivo. Este meu exemplar foi comprado algures durante o mês de Agosto na Cash Converters de Alfragide por cerca de 2€.

Cartucho, na sua versão norte-americana
Cartucho, na sua versão norte-americana

Superstar Saga possui uma história ligeira, mas repleta de bom humor. A princesa Peach é mais uma vez a vítima, mas em vez de ser raptada por Bowser, são emissários do longínquo BeanBean Kingdom que lhe roubam a voz, substituindo-a por profanidades inqualificáveis. Iremos então viajar até ao reino de BeanBean de forma a derrotar a bruxa Cackletta para recuperar a voz da princesa Peach. Pelo caminho vamo-nos apercebendo das verdadeiras intenções de Cackletta e acabamos por também lutar para libertar o reino de BeanBean desta nova vilã.

A história está relativamente original, tendo em conta que é um jogo do Mario, e há sempre algum bom humor à mistura
A história está relativamente original, tendo em conta que é um jogo do Mario, e há sempre algum bom humor à mistura

A jogabilidade é o outro ponto forte deste jogo, pois mistura de uma forma muito interessante conceitos de RPGs de acção com batalhas por turnos. Isto porque controlamos Mario e Luigi de forma simultânea tanto para atacar como defender, sendo “obrigados” a pressionar uma série de botões na altura certa para atacar ou defender mais eficazmente. Bom, na verdade isso já era feito tanto no Super Mario RPG como no Paper Mario, mas aqui parece-me ter sido mais trabalhado. Para além dos ataques simples, que devem ser também tidos em conta mediante o inimigo que estamos a defrontar, temos a possibilidade de equipar armas ou despoletar ataques especiais que necessitem de combinações de botões mais avançadas. Por exemplo, o típico salto dos irmãos Mario e Luigi serve para atacar uma grande variedade de inimigos, mas se enfrentarmos um bicho com espinhos ou fogo vamos sofrer dano, em vez de o causar. Para esses seria melhor usar uma arma que eventualmente viremos a encontrar, como os martelos, por exemplo. Mas os martelos em inimigos voadores também não têm efeito pelo que teremos de arranjar outra estratégia.

Os combates são bastante interessantes, oferecendo uma série de possibilidades de combinações de movimentos a executar. O timing é que tem de ser o mais certinho possível!
Os combates são bastante interessantes, oferecendo uma série de possibilidades de combinações de movimentos a executar. O timing é que tem de ser o mais certinho possível!

Mas fora dos combates, durante o overworld, a cooperação entre ambos os irmãos é algo que se mantém constante, podendo controlando-os de forma simultânea, mas também independentemente entre si. Os botões B e A servem para fazer o Mario ou o Luigi saltar, respectivamente, mas as armas com que os equipamos também podem ser usadas fora dos combates para progredir no jogo. Por exemplo, com os martelos é possível esmagar um dos irmãos de forma a que fiquem minúsculos e possam-se esgueirar por pequenas frinchas e resolver assim alguns puzzles. Outras habilidades são desbloqueadas ao colocar os irmãos “às cavalitas” um do outro, como o Spin Jump que permite a Mario alcançar locais previamente inatingíveis, entre outras habilidades. De resto, para além do RPG em si que possui uma boa duração, também podemos jogar o Mario Bros. Classic, que tal como os outros Super Mario Advance também o incluem. Sinceramente não percebi muito bem o porque de adicionarem isto, foi um extra interessante no primeiro Super Mario Advance mas desnecessário em todos os outros.

As animações e os gráficos no geral estão óptimos, tanto dentro como fora das batalhas
As animações e os gráficos no geral estão óptimos, tanto dentro como fora das batalhas

Tecnicamente é um jogo muito bem construido. As sprites de Mario, Luigi, restantes habitantes e inimigos dos reinos de Mushroom e BeanBean estão muito bem animadas, tanto fora das batalhas, como dentro das mesmas, onde todas as personagens ganham muito mais detalhes. É um jogo também bastante colorido e os diálogos são ligeiros, com um bom humor à mistura. Acho que a Nintendo e a AlphaDream ficaram de parabéns pois conseguiram um jogo muito equilibrado a todos os níveis. Nas músicas também, como tem sido habitual em qualquer jogo que tenha o canalizador bigodudo como protagonista.

Mais uma vez este extra a marcar a sua presença. Seria mesmo necessário ver o mesmo bónus pela quinta vez na mesma consola?
Mais uma vez este extra a marcar a sua presença. Seria mesmo necessário ver o mesmo bónus pela quinta vez na mesma consola?

Em suma, este Mario and Luigi Superstar Saga foi uma óptima surpresa, tanto na sua jogabilidade refrescante, como no equilíbrio entre o platforming, resolução de puzzles e os elementos de RPG. Tal como referido acima, graficamenete e sonoramente é também um excelente jogo, bem acima da média. Infelizmente é o único na Gameboy Advance, mas a Nintendo não se esqueceu da série, presenteando-nos com mais alguns jogos para a Nintendo DS e 3DS que a seu tempo serão também aqui apresentados.