Mais uma rapidinha a um jogo de luta da PC-Engine CD, desta vez para o World Heroes 2 que já o abordei anteriormente na compilação para a PS2 World Heroes Anthology. Os World Heroes são uma espécie de jogos de luta de segunda linha que foram desenvolvidos pela ADK para as plataformas Neo Geo e, apesar dos seus protagonistas não terem o mesmo carisma que nas séries de luta da Capcom e SNK, até que são jogos de luta bastante sólidos. O meu exemplar, tal como os outros jogos de PC-Engine CD que requerem o Arcade Card e que já trouxe cá, veio num bundle de vários jogos e o próprio Arcade Card que comprei algures no mês passado directamente do Japão.
Jogo com caixa e manual desdobrável
E este é um jogo de luta relativamente simples, um clone de Street Fighter II sem grandes novidades, a não ser o modo Deathmatch que irei detalhar em seguida. O conceito que está por detrás da narrativa da série World Heroes é a de procurar o melhor guerreiro de todos os tempos, daí termos personagens de várias civilizações do passado como vikings, ninjas, piratas, bem como outras dos tempos actuais e futuro. No que diz respeito aos controlos, este é um jogo que não tira grande proveito do comando de 6 botões da PC-Engine. Temos um botão para socos e outro para pontapés, sendo que a intensidade dos golpes é medida consoante o tempo que mantemos os botões pressionados antes de os soltar. Sinceramente nunca gostei muito deste esquema. De resto, temos também a acção de throw que no comando de 6 botões tem um botão específico, já num comando normal apenas teríamos de pressionar o botão Run.
O elenco de personagens disponíveis neste segundo jogo é mais variado, mas continuam sem o carisma de outras séries
No que diz respeito aos modos de jogo, temos a possibilidade de jogar o modo arcade e o deathmatch (para além do habitual versus para 2 jogadores em ambas as vertentes). O modo arcade dispensa apresentações, pois é o modo de jogo onde defrontaremos a maioria dos oponentes nas suas arenas respectivas. Já o deathmatch é um modo de jogo parecido, mas ambos os lutadores partilham a mesma barra de vida, cuja vai pendendo para um dos lados, mediante quem der mais porrada. Para quem for abaixo, começa uma contagem de 10 segundos, onde esse jogador terá de pressionar em todos os botões em simultâneo para se levantar, e ter uma segunda chance. Para além disso, as arenas possuem tipicamente alguns obstáculos adicionais, como minas anti pessoais no chão, ou espinhos na parede.
Visualmente esta versão PC-Engine está muito apelativa, com as sprites grandes e bem detalhadas
A nível audiovisual este é mais um jogo que requer o arcade card para ser jogado. Quer isto dizer que, com a memória adicional acessível pelo sistema, o jogo apresenta as personagens com um tamanho bem considerável e um bom nível de detalhe e animações. O mesmo para as arenas, embora estas não sejam tão detalhadas e animadas como na versão original em virtude de algumas limitações de sistema da própria PC-Engine (por exemplo, a PC-Engine não faz parallax scrolling nativamente). As músicas são também agradáveis e em formato CD-Audio, já os efeitos sonoros, principalmente as vozes, soam algo arranhadas por algum motivo.
De resto estamos aqui uma vez mais presentes a uma óptima conversão de um jogo arcade Neo Geo, que só é possível na PC-Engine (um sistema muito inferior) graças à utilização do Arcade Card. É uma pena que este sistema não tenha tido o mesmo sucesso no Ocidente que teve no Japão, pois possui muitas pérolas escondidas e algumas conversões notáveis, como é o caso destas que usam o arcade card.
À semelhança do que foi escrito no artigo do Art of Fighting Anthology, este artigo será uma colectânea de rapidinhas pois o género de fighters 2D são daqueles jogos que eu aprecio, mas apenas os jogo de uma forma casual, ou seja, levo porrada de toda a gente. Mas por acaso até acabei por ficar surpreendido com esta série, pois a ideia que tinha é que a mesma era algo de segunda categoria (e na realidade até é), mas tem algumas coisas que acabei por achar imensa piada. Esta minha cópia foi comprada há poucos meses atrás na cash converters de Alfragide por 2€.
Colectânea com caixa e manual
Esta série foi desenvolvida pela ADK, ou Alpha Denshi Corp e tem na sua base um estranho torneio organizado pelo cientista Dr. Brown que constrói uma máquina do tempo e recolhe lutadores de vários períodos da história humana de forma a saber quem é o guerreiro mais forte de todos os tempos. Mas aqui começam as inconsistências pois apesar de haverem lutadores de épocas como a idade média europeia, ou do Japão feudal, por vezes nas cutscenes aparecem relacionados com o mundo moderno, como junto de pessoas vestidas normalmente. Mas esta é mesmo uma série para não se levar a sério na parte da história pois o bom humor é uma constante, em especial nas cutscenes de fim de jogo de várias personagens.
A história destes jogos não é algo que se deva levar muito a sério
Mas falando do primeiro World Heroes a primeira impressão que me dá é que é mais um clone de Street Fighter II, e na realidade até acaba por ser em certo ponto. A jogabilidade é um pouco lenta, a meu ver, utilizando apenas 3 botões frontais, um para socos, pontapés e o outro para throws. A intensidade dos golpes é medida no tempo em que deixamos o dedo pressionado nos ditos botões. O modo de jogo normal coloca-nos a combater todos os nossos oponentes de uma forma aleatória, resultando num combate com um boss final – o ser Gee Gus que consegue ir buscar habilidades de todos os lutadores do jogo. Pelo meio temos alguns níveis de bónus similares aos do SF II: num temos de esculpir uma estátua à base da pancada, no outro temos de partir uns vasos que vão caindo do céu antes de chegarem ao chão. Mas há algo que World Heroes tem de diferente do Street Fighter II (para além dos lutadores sem carisma): o modo deathmatch. Este é similar ao normal, mas em vez de lutarmos nas arenas próprias de cada lutador, vamos lutando numas arenas próprias de luta-livre, mas repletas de obstáculos como paredes com espinhos, redes electrificadas ou com fogo, ou minas espalhadas pelo chão. A nível técnico é um jogo que a meu ver ainda é algo pobrezinho. Sinceramente nunca gostei muito do design das personagens, embora as arenas não sejam más de todo. Mas o som, em especial as vozes que soam bastante abafadas, e as músicas não me cativaram.
Sempre adorei as intros bonitinhas dos fighters 2D e a partir do World Heroes 2 já temos algum eye candy desse.
O World Heroes 2 saiu nem um ano depois do primeiro, tal era a moda dos fighters 2D por essa altura. As suas principais mudanças incluiam 6 novos lutadores, já os modos de jogo permaneceram idênticos ao anterior. No entanto, com o elenco de lutadores agora maiorzinho, já não era necessário lutar contra todos, mas apenas contra os 6 novos e 4 dos antigos 8 lutadores do primeiro World Heroes, escolhidos aleatoriamente. O modo death match tem agora uma única barra de vida partilhada entre ambos os lutadores. Quanto mais porrada damos (ou levamos), a barra de vida vai pender para um lado ou para o outro. Se a coisa ficar feia para o nosso lado, temos 10 segundos para nos levantarmos, onde durante esse tempo teremos de carregar em todos os botões como um maluco, só para termos mais uma hipótese… isto porque o relógio está sempre a contar. De resto a jogabilidade é idêntica, embora os lutadores antigos tenham agora alguns golpes novos. A nível técnico é também um jogo melhor, com arenas e personagens bem detalhadas e as músicas são mais cativantes. No entanto as vozes continuam mázinhas…
Há aqui personagens de imensas nações como a Mongólia ou um pirata cujo país é o alto-mar
World Heroes 2 Jet está para o anterior como o Super Street Fighter II está para a sua prequela. É mais que um mero update ao jogo anterior, pois para além de trazer mais dois ou três novos lutadores, inclui também algumas novidades nas mecânicas de jogo (como a capacidade de correr, num jogo que por si só já é bem mais rápido e dinâmico), bem como 2 modos de jogo distintos do que existiu anteriormente. Aqui temos o Entry to the Tournament e o Forging of Warriors, este último deixa-nos escolher o nosso lutador e o nosso oponente, no entanto o jogo termina após conseguirmos vencer 3 oponentes de seguida. O primeiro modo de jogo é ligeiramente parecido ao tradicional modo arcade, mas em segmentos de 3 combates seguidos. Inicialmente (após uma bela cutscene em 2D a introduzir o início do jogo) combatemos um grupo de 3 oponentes, um de cada vez, com a obrigatoriedade de vencer pelo menos dois para prosseguir. Vamos combatendo alguns grupos dessa forma até surgirem alguns grupos “especiais” , ou constituídos por um oponente apenas que temos a hipótese de o combater 3 vezes, ou por um conjunto de bosses pelo fim. A nivel gráfico, sons e músicas este é um salto muito grande em comparação com os anteriores, com lutadores e arenas bem detalhados, música rock em grande estilo e os clipes de voz com mais qualidade.
Tanto o World Heroes 2 Jet como o Perfect já sairam numa altura em que a SNK conseguia fazer pequenos milagres com o HW Neo Geo
No último jogo da saga, o World Heroes Perfect mais uma vez mudaram bastantes coisas. A começar pela jogabilidade que agora usa uma base de 4 botões faciais, ao contrário do contexto sensitivo de pressão dos 3 botões. Novos golpes, novas personagens e uma série de novos especiais são o prato do dia para os aficcionados do género. O modo de jogo singleplayer obriga-nos a lutar contra 10 oponentes escolhidos aleatoriamente, em arenas também escolhidas aleatoriamente, e mais um ou outro boss como manda a lei. A nível técnico é também um jogo que evolui dos anteriores, mais uma vez com bons gráficos e audio no geral. Só que ainda acho que não tem personagens propriamente carismáticas, embora o bom humor continue lá.
Resumindo esta é mais uma boa colectânea para coleccionar e felizmente a PS2 está repleta delas, da SNK e não só. Todos os jogos são emulados directamente da Neo Geo MVS com algumas features adicionais, como a possibilidade de podermos customizar os lutadores de todos os jogos, podermos ver a lista dos seus movimentos nos menus de pausa e ainda temos um modo de jogo para treino. No entanto ainda me pareceu notar um ou outro problema de performance aqui e ali. Ainda assim é um bom título, embora a série World Heroes continue a ser, para mim, de segunda linha quanto mais não seja pelo seu elenco sem grande carisma, mas ganhou o meu respeito por alguns modos de jogo originais que o tornavam um pouco diferente do típico clone de Street Fighter II.