Galaxy Fraulein Yuna 2 (PC Engine CD)

Há já bastante tempo que não trazia cá nada da PC Engine CD, pelo que foi agora tempo de jogar o Galaxy Fraulein Yuna 2, uma visual novel com algumas ocasionais batalhas dignas de um RPG por turnos. É a sequela do primeiro Galaxy Fraulein Yuna que cá trouxe no ano passado e tal como o seu predecessor, foi um jogo criado pela Red Company/Entertainment (Bonks, Sakura Wars) e publicado pela Hudson. E se o primeiro jogo era impressionante por todo o detalhe que tinha, este consegue ser ainda mais, tendo sido também um lançamento algo tardio da PC Engine, de 1995 para ser exacto. O meu exemplar foi comprado há algum tempo na vinted por cerca de 15€ se a memória não me falha.

Jogo com caixa, manual embutido com a capa e papelada diversa

Ora tal como o seu predecessor este é um título exclusivo do mercado japonês, porém o mesmo grupo de fãs que traduziu a sequela acabou por fazer o mesmo aqui e uma vez mais foi um trabalho de luxo, pois o jogo está repleto de cut-scenes narradas em japonês e sem quaisquer legendas, pelo que tiveram também de injectar texto nas mesmas! A narrativa continua no entanto a ser bastante ligeira. Pensem numa espécie de Sailor Moon, onde a protagonista é a jovem Yuna que acaba por se ver envolvida numa trapalhada e terá de impedir o vinda de uma poderosa vilã que irá destruir o planeta Terra. É uma história muito simples, directa e com algum bom humor, mas notoriamente voltada para um público adolescente.

Esta é uma tradução feita por fãs, de altíssima qualidade e repleta de atenção ao detalhe!

A nível de mecânicas de jogo esta é uma visual novel onde ocasionalmente teremos de escolher que acção queremos fazer a seguir, como observar algo à nossa volta, falar com alguém ou interagir com alguma coisa. No entanto é extremamente linear pois na grande maioria das vezes apenas temos uma acção disponível para desencadear. Pelo meio da narrativa vamos tendo algumas batalhas que são uma vez mais influenciadas pelos RPGs clássicos de batalhas por turnos. As acções que podemos fazer são dadas por um sistema de cartas, sendo que cada figura representa uma acção específica, como atacar, defender (e posteriormente contra-atacar), insultar a adversária (o que faz com que os seus próximos ataques não sejam tão fortes), regenerar vida, ou pedir ajuda a alguma amiga que toma temporariamente o lugar de Yuna na batalha, enquanto esta descansa e recupera alguns pontos de vida em background. As primeiras batalhas vão ser bastante simples, já as seguintes começam a ser gradualmente mais frustrantes, devido à natureza aleatória das cartas que nos saem. No entanto, usar essas habilidades especiais de insultar, defender, curar ou chamar alguém para nos ajudar terão de ser usadas frequentemente para termos sucesso! De resto o jogo possui também alguns mini-jogos em certos pontos da história, bem como vários segmentos onde temos de percorrer labirintos na primeira pessoa, embora com um scrolling longe de ser tão bom quanto o do Phantasy Star.

A história é simples e nitidamente orientada para adolescentes, mas ao menos tem algum bom humor e visualmente está muito bem conseguida

A nível audiovisual este é um jogo excelente e que uma vez mais tira todo o partido das capacidades adicionais oferecidas pela tecnologia Super CD-ROM², que adiciona alguma RAM adicional à PC-Engine. Temos então várias cut-scenes animadas como se fosse um anime (embora nada de full motion video como na Mega CD), tudo muito colorido e bem detalhado, mesmo durante a narrativa normal. Todos os diálogos, e sublinho mesmo todos, são narrados em japonês e a narração parece estar bastante competente, sendo que não entendo quase nada de japonês. No entanto visto que o CD de jogo está carregado de audio de voz, a grande maioria das músicas não são de qualidade CD-Audio (a excepção vai para os temas de abertura e fim do jogo), pelo que a restante banda sonora é toda ela em chiptune, o que não são necessariamente más notícias, visto que a PC-Engine sempre teve um chip de som competente para a sua idade. Tal como o jogo em si, a banda sonora está repleta de músicas agradáveis e com uma sonoridade algo ligeira.

O problema é mesmo as batalhas que dado à natureza aleatória das acções que podemos desencadear poderão se tornar frustrantes a partir da segunda metade do jogo.

Portanto, apesar de muito simples tanto nas acções que temos para fazer como na própria narrativa, este Galaxy Fraulein Yuna é um jogo (90% visual novel) visualmente bastante apelativo para o sistema em que foi lançado e algo agradável de se jogar, pecando principalmente pela aleatoriedade dos combates, que nos poderá trazer algumas frustrações em batalhas mais adiantadas na história. De resto a série Yuna continuou com alguns lançamentos depois deste de 1995. O sistema (fracassado) sucessor da PC-Engine (PC-FX) recebeu um spin-off que creio que não possui ainda nenhum patch de tradução feito por fãs e a Sega Saturn recebeu mais tarde um remake do primeiro jogo, também sem tradução. A mesma consola da Sega recebe também o Galaxy Fraulein Yuna 3, cujo é relançado pouco tempo depois na Playstation com algum conteúdo adicional. Essa versão foi também traduzida pela mesma equipa, pelo que é um jogo que ficou definitivamente no meu radar!

Human Sports Festival (PC Engine CD)

Vamos voltar à PC Engine CD para mais uma rapidinha a um jogo de desporto, o que neste caso até é a uma compilação. E como irei mencionar em seguida, esta até é uma compilação curiosa na medida em que traz duas versões modificadas de jogos que já haviam sido lançados antes na PC Engine, e um jogo inteiramente novo. O meu exemplar foi comprado num lote algures em Outubro de 2022 a um particular por um preço bastante razoável.

Jogo com caixa e manual embutido com a capa

Antes de abordar cada um dos jogos em si, convém também referir como os mesmos nos são apresentados nesta compilação. Depois de uma pequena cut-scene introdutória, somos levados para o ecrã título. Ao pressionar no run somos levados a um outro ecrã, com uma menina em estilo anime a falar em japonês connosco. O que diz? Presumo que seja alguma introdução à compilação em si. Depois desse discurso lá podemos escolher jogar o Fine Shot Golf (o tal único jogo inteiramente novo desta compilação), Formation Soccer: Human Cup ’92 ou Final Match Tennis Ladies. Escolhendo cada um destes leva-nos a outro ecrã com outra menina anime a falar e onde poderemos escolher finalmente jogar esse jogo, ver algumas instruções ou dicas de como jogar o mesmo (embora esteja tudo em japonês) ou voltar atrás. No menu inicial podemos também aceder a uma secção “Human Information” com mais texto (em japonês) sobre alguns lançamentos adicionais da Human para os sistemas PC Engine.

Cada jogo desta compilação é precedido por uma apresentação em voz do mesmo (inteiramente em japonês)

Começando então pelo Fine Shot Golf, temos aqui vários modos de jogo: stroke, match, tournament e um modo de treino onde poderemos practicar cada um dos 18 buracos ou jogadas específicas. No que diz respeito à jogabilidade, antes de cada tacada podemos escolher que taco usar, definir a direcção da mesma, em seguida a postura e depois lá teremos de definir a potência e precisão. Temos na mesma o habitual medidor de potência, mas as coisas são um pouco diferentes desta vez. Basicamente podemos ajustar alguns dos níveis do medidor, começando por mover a linha de baixo, que está nativamente no “ponto rebuçado”, ou seja, uma tacada sem efeitos de spin na bola. Em seguida definimos a potência, que pode vir de um máximo de 120 até ao zero. Uma vez definidos os limites, o cursor começa então a descer, desde a potência indicada, até ao limite que definimos em baixo e aí teremos na mesma de ter a precisão necessária para acertar na bola no limite definido. Ou seja, a potência fica definida para o limite superior, já o inferior podemos ter uma referência caso queiramos ter mais ou menos spin na bola.

Um jogo de golf bem interessante!

A nível visual este jogo está bem conseguido, sendo que apesar de não ter gráficos incríveis, são bem coloridos e temos toda a informação disponível no ecrã, desde indicação do vento, distância ao buraco, e um mapa detalhado do buraco na parte esquerda do ecrã. Um detalhe interessante é no caso dos buracos com corpos de água, ocasionalmente vemos no seu reflexo as nuvens do céu. Nada de especial a apontar aos efeitos de som e as ocasionais vozes em japonês. As músicas são agradáveis mas nada de especial, fazem mesmo lembrar música de elevador. Mas sim, este é de longe o jogo graficamente mais polido aqui presente nesta compilação.

Este Formation Soccer é exactamente o mesmo que o seu predecessor, excepto nas equipas disponíveis

Seguimos então para o Formation Soccer: Human Cup ’92, que é nada mais nada menos que uma nova versão do Formation Soccer: Human Cup ’90 que já cá trouxe no passado. É literamente o mesmo jogo (sim, com todos os defeitos), mas com um leque de 16 equipas nacionais diferentes (incluindo a Alemanha ocidental, que nesta altura há muito que já tinha sido unificada).

O Final Match Tennis Ladies é a mesma coisa que o Final Match Tennis mas apenas com tenistas femininas.

O último jogo desta compilação é então o Final Match Tennis Ladies. Mais um relançamento de um jogo da Human (Final Match Tennis) mas com apenas tenistas femininas como protagonistas. O jogo em si permite-nos competir em partidas de 1 para 1 ou 2 para 2, seja com multiplayer com até um máximo de 4 jogadores. No que diz respeito aos modos de jogo temos o Exhibition (partida amigável) ou World Tour, que nos levará a participar numa série de torneios. O lançamento original trazia também um modo de treino que nesta versão está oculto e apenas acessível através de um código de batota que nos obriga a ter um multi-tap que suporte 5 jogadores. É um jogo de ténis bastante jogável e competente nos seus controlos, pelo que um dia tentarei fazer-lhe uma análise um pouco mais aprofundada, assim que comprar o Final Match Tennis original, quando me aparecer a um preço baixo. Um outro detalhe interessante a referir aqui é que existe um patch de tradução para inglês apenas deste jogo, que requer uma rom PCE extraída a partir da ISO deste CD.

Portanto esta é uma compilação algo estranha. Isto porque apenas um dos jogos aqui incluídos é verdadeiramente original, o Fine Shot Golf. Os restantes dois são ligeiras modificações de jogos que a Human já havia lançado antes. Talvez a Human quisesse dar a impressão de serem jogos novos e assim puxar um pouco mais no preço desta compilação? Ao menos o Fine Shot Golf é bastante competente e tira bem partido das capacidades CD. Os restantes dois jogos são Hucard, tanto que existem ROMs a circular dos mesmos a funcionar nesse formato.

Winds of Thunder (PC Engine CD)

Vamos voltar à PC Engine CD para um dos imensos shmups que fazem parte da biblioteca destes ecossistema da NEC/Hudson, embora este seja possivelmente um dos melhores. É uma espécie de sequela do Gate of Thunder, pois ambos foram desenvolvidos pela mesma equipa da Red e são ambos shmups horizontais. É também conhecido por Lords of Thunder, nome do seu lançamento ocidental da Turbo CD e também na Mega CD, embora essa versão seja um pouco diferente. O meu exemplar foi comprado a um particular na vinted algures no passado mês de Dezembro. Não é um jogo barato infelizmente, mas como tinha lá algum saldo disponível na plataforma, o rombo nas finanças não foi grande.

Jogo com caixa e manual embutido com a capa

Ao contrário do Gate of Thunder que tinha uma temática de ficção científica, aqui somos transportados para um mundo fantasioso, onde controlamos Landis, um guerreiro super poderoso que pretende travar o regresso de Zaggart, uma criatura demoníaca que outrora havia conquistado aquele mundo. Na verdade a história não interssa muito neste tipo de jogos, o que não podia ser mais verdade no caso deste Winds/Lords of Thunder, mal começamos a jogar!

Ao contrário do seu predecessor, este título segue uma temática de fantasia que sinceramente acaba por resultar muito bem

A nível de controlos as coisas não poderiam ser mais simples com um dos botões faciais a ser usado para disparar a nossa arma primária e o outro para usar as bombas capazes de causar dano em vários inimigos em simultâneo. E a primeira coisa que reparamos é que antes de começar o jogo podemos escolher não só o nível onde queremos começar, mas também que armadura queremos equipar. Pois sim, podemos jogar os 6 níveis iniciais pela ordem pela qual bem entendermos, com o último nível a ser desbloqueados apenas quando terminarmos todos os restantes. As armaduras vêm nos sabores dos quatro elementos (Água, Fogo, Ar e Terra) onde mediante a nossa escolha os padrões de disparo e as bombas são completamente diferentes. Para além disto, Landis está também munido de uma poderosa espada, que é usada automaticamente quando atacamos muito próximo de algum inimigo. A espada é sem dúvida bem mais poderosa que as nossas armas, mas para a usar temos de nos colocar em risco devido ao seu curto alcance.

O jogo é completamente não linear, deixando-nos jogar os níveis pela ordem que bem entendermos, excepto o último que apenas fica disponível assim que completarmos todos os outros.

Como é normal neste tipo de jogos, à medida que vamos jogando podemos também apanhar toda uma série de power ups ao destruir inimigos. Os mais comuns são cristais coloridos que servem de unidade monetária. Isto porque antes de começar cada nível, para além de escolher a armadura a equipar, somos também levados para uma loja onde poderemos utilizar esses créditos para comprar itens adicionais desde escudos que nos protejam de dano, bombas extra, continues ou regenerar as nossas barras de vida e “poder”. Se bem que estes últimos são também itens que podem surgir normalmente durante o jogo e convém também referir que quanto maior a nossa barra de poder, mais poderosos serão os nossos ataques! Isto torna as armaduras de água e fogo especialmente poderosas, na minha opinião. Por exemplo, a de água é a única que nos permite disparar em simultâneo para a esquerda e direita!

Antes de cada nível podemos também comprar uma série de power ups, pelo que ir matando inimigos e apanhar os cristais coloridos que largam é importante!

Já no que diz respeito aos audiovisuais, este é um jogo excelente. Os cenários são bastante diversificados entre si, atravessando florestas, cavernas, zonas repletas de gelo, castelos, etc. E mesmo durante cada nível há sempre coisas interessantes a acontecer, sejam os cenários a mudar, seja algum obstáculo ou inimigo algo surpreendente a surgir do nada. E graficamente é também um óptimo jogo, com os níveis muito bem detalhados, repletos de bonitos efeitos gráficos como parallax scrolling e claro, bosses gigantes e com um design artístico fantástico. A acompanhar toda esta acção está uma das melhores bandas sonoras de sempre. Sim, são guitarradas de heavy metal, com riffs e solos bem orelhudos! Se conhecem as bandas sonoras da série Guilty Gear esperem pelo mesmo estilo e nível de qualidade neste jogo! E claro, sendo este um jogo em CD, as músicas são todas em CD Audio. Para além disso ocasionalmente temos algumas cut-scenes muito bem detalhadas e animadas, sob a pena de a versão ocidental deste jogo ter cortado os seus diálogos.

O que dizer do design dos bosses? São excelentes!

Portanto este Winds/Lords of Thunder é um excelente shmup na biblioteca da PC Engine. A sua acção frenética, aliada a uma boa jogabilidade, excelentes gráficos e uma banda sonora de bradar aos céus tornam este jogo um grande clássico. Em 1995 acaba por sair uma conversão para a Mega CD que traz algumas diferenças a nível gráfico e de jogabilidade, embora seja também uma óptima versão. A grande diferença da versão Mega CD é a banda sonora ter sido toda regravada e bem mais produzida, soando agora bem mais limpa. As músicas são as mesmas, mas na PC Engine o som é bem mais cru.

Galaxy Fräulein Yuna (PC Engine CD)

Continuando por exclusivos nipónicos, vamos agora voltar à PC Engine CD para um jogo da Hudson e Red que tira todo o partido das capacidades deste sistema, em particular da memória extra que a tecnologia Super CD-ROM² inclui. É que este é uma aventura gráfica / visual novel repleta de vozes, animações e gráficos coloridos e bem detalhados. Para um lançamento de 1992 é impressionante e sim, felizmente existe uma tradução feita por fãs que eu aproveitei. O meu exemplar foi comprado na vinted a um particular algures em Janeiro de 2022, já não me recordo quanto custou ao certo, mas foi barato.

Jogo com caixa e manual embutido com a capa

A história leva-nos a controlar a jovem Yuna Kagurazaka, que havia recentemente vencido um concurso de “beleza galáctica” ou algo do género, tornando-se então bastante popular pelo universo fora. A certa altura Yuna é visitada por Elner, um pequeno robot algo semelhante a uma fada que lhe diz que ela é a salvadora do Universo, que estava prestes a ser invadido pelas forças das trevas. Elner confere-lhe também alguns poderes e uma armadura toda sci-fi, pelo que lá teremos então de salvar o universo. E por salvar o universo entenda-se explorar vários planetas e combater várias outras adolescentes da mesma idade da Yuna que teriam sido corrompidas pelos poderes das trevas.

Esta é uma visual novel / aventura bastante simples na sua história e exploração

O jogo é então, na sua maioria, uma aventura gráfica / visual novel, onde, tal como em títulos como o Snatcher, vamos poder explorar vários locais e interagir com diversas pessoas com base num menu com várias acções que poderemos tomar em cada situação. Tipicamente essas resumem-se a “observar”, “falar” ou “mover”, se bem que em situações específicas vamos tendo outras acções que poderemos tomar. É uma aventura simples onde muitas vezes apenas conseguimos avançar para o ecrã seguinte enquanto não exaustamos todas as opções. Mas para além da exploração vamos tendo toda uma série de combates contra as restantes fraulein. E estes combates são travados como se um RPG por turnos se tratasse, onde poderemos atacar de diversas formas (incluindo através do insulto!) ou defender entre turnos. Tipicamente os nossos ataques causam sempre mais dano que os dos nossos oponentes, portanto creio que seja difícil perder esses combates também.

Para além de todo o texto, vamos tendo algumas batalhas por turnos que mais parecem um anime!

Mas onde o jogo impressiona mesmo é na sua qualidade visual. Isto porque o mesmo está repleto de cutscenes animadas e diálogos com vozes, para além de termos a possibilidade de visitar diversos planetas bastante distintos entre si, o que resulta numa grande variedade de cenários que nos são apresentados. Até tem uma cut-scene de abertura como se um anime se tratasse! As batalhas também são graficamente bem animadas e detalhadas e não posso deixar de dar os meus parabéns à equipa que trabalhou na tradução não oficial deste jogo. Isto porque o jogo possui imensas cut-scenes com voz apenas (sem legendas) e tendo em conta as limitações técnicas da PC Engine, conseguir fazer um hack para adicionar legendas nesses trechos é um feito que não está ao nível de muitos. De resto, nada de especial a apontar às vozes que me parecem bem competentes para um jogo de 1992. A banda sonora é também composta de vários temas agradáveis e, como o jogo tem imensos clipes de voz, a maior parte da banda sonora é composta por músicas chiptune para economizar espaço no CD. A PC Engine tem um bom chip de som, portanto nada se perdeu!

O jogo está repleto de cutscenes muito bem detalhadas e que foram cuidadosamente traduzidas, com legendas adicionadas

Portanto este primeiro Yuna é um título que apesar de ser bastante simples na sua história e mecânicas de jogo, não deixou de ser bastante agradável de se jogar, quanto mais não seja por todos os “luxos” que o mesmo tem na sua apresentação. Apesar deste Yuna ter sido uma propriedade intelectual criada especialmente pensada para videojogos, ainda teve um sucesso considerável no Japão, com várias sequelas e relançamentos a surgirem para diversos sistemas, assim como animes ou CDs de música. O Galaxy Fraulein Yuna foi traduzido para inglês pela mesma equipa e planeio jogá-lo em breve!

Cotton: Fantastic Night Dreams (PC Engine CD)

Vamos agora voltar à PC Engine CD para mais um dos muitos shmups da biblioteca destes sistemas da NEC/Hudson, nomeadamente para este Cotton: Fantastic Night Dreams que acaba também por ser o primeiro jogo da série Cotton, conhecida pelos seus shmups do estilo “cute ‘em up“, devido às suas personagens serem tipicamente “fofinhas”. O meu exemplar veio de um lote que comprei a um particular algures no final de 2021. Foi um lote carote, mas todo ele com bons jogos de PC Engine, tendo-me ficado cada um a 60€. No caso deste Cotton, era um óptimo preço!

Jogo com caixa e manual embutido com a capa

A história leva-nos a controlar uma bruxa muito gulosa chamada Cotton que acaba por encontrar uma fada algures numa floresta. Ora esta fada precisa de alguém que salve o seu reino que foi invadido por forças do mal, mas a Cotton não está muito interessada em ajudar-lhe. Isto pelo menos até a fada lhe dizer que poderá ter um doce gigante de recompensa e Cotton já nem precisa de ouvir mais nada! A história é simples, mas tem a vantagem de ser acompanhada por algumas cut-scenes interessantes e bem detalhadas entre os níveis!

Cotton é um jogo bem desafiante. Este nível em particular é de arrancar cabelos com tanta coisa no ecrã

A jogabilidade é algo complexa neste jogo, mas vamos começar pelos controlos que são consideravelmente simples: o botão II serve para disparar os projécteis principais, enquanto que o botão I serve para disparar bombas para o solo. Tipicamente temos sempre pelo menos uma fada que nos acompanha (servindo de satélite/option) e que nos dá algum poder de fogo adicional, mas mantendo o botão I pressionado faz com que mandemos as fadas para a frente para causar dano nalgum inimigo (um pouco como no R-Type e o seu satélite). Por outro lado, se mantivermos o botão II pressionado poderemos lançar um ataque mágico, se tivermos “munições” – cristais mágicos – para tal. Pressionando os botões I e II em simultâneo também nos permite usar uma manobra defensiva que gasta magia.

Os bosses tipicamente são grandes e bem detalhados

Para além de imensos inimigos que teremos de destruir, vamos ter também vários power ups que poderemos apanhar. Os mais comuns são os cristais coloridos que vão surgindo em vários tamanhos. Mas tal como no Twinbee, estes podem ser disparados consecutivamente fazendo com que os mesmos mudem de cor e mediante a cor com que os apanhemos dão-nos diferentes recompensas. Por exemplo, vermelhos ou azuis dão-nos cristais mágicos para as habilidades especiais, sendo que a cor corresponde a ataques de fogo ou electricidade. Os cristais amarelos aumentam-nos principalmente a pontuação, enquanto que os laranja nos dão mais pontos de experiência. Sim, pontos de experiência que eventualmente fazem com que Cotton suba de nível e os seus ataques normais causem mais dano. Para além dos cristais podemos também apanhar itens que nos melhorem o poder de fogo das nossas bombas, assim como fadas extra. De resto este é um jogo bem desafiante pela quantidade de inimigos e projécteis que por vezes teremos de enfrentar. E claro, perder uma vida faz com que percamos todos os upgrades das bombas e alguma da experiência que tenhamos eventualmente amealhado, o que torna todo o processo de voltar a evoluir a Cotton bastante demorado. Abençoados save states! E convém também mencionar que o jogo dá uma de Ghouls ‘n Ghosts pois obriga-nos a jogá-lo uma vez mais numa dificuldade ainda mais elevada para alcançar o final verdadeiro (entenda-se, ver créditos).

Entre níveis vamos tendo acesso a algumas cut-scenes bem humoradas e bem detalhadas. A versão japonesa tem voice acting e dá para colocar as legendas em inglês também!

Já no que diz respeito aos audiovisuais este até que é um jogo interessante, mas por vezes algo inconsistente. Gosto do facto de apesar deste ser primariamente um shmup horizontal, por vezes temos segmentos com scrolling vertical ou até diagonal! Os inimigos são engraçados, apesar de não terem tanto detalhe quanto isso. Já os cenários vão sendo bastante distintos entre si, atravessando florestas, montanhas, cavernas e castelos, mas se por um lado ocasionalmente temos alguns bonitos efeitos gráficos ou parallax scrolling (que no caso da PC Engine é sempre impressionante visto o sistema não os suportar nativamente), outras vezes vamos tendo vários segmentos que acabam por ser bastante simples a nível de detalhe. E entre níveis vamos tendo direito a várias cut-scenes algo cómicas e bem animadas que vão avançando com a história. A música é toda ela em formato CD Audio e apesar dos seus temas algo festivos, é agradável de se ouvir. Existem no entanto algumas diferenças entre a versão PC Engine CD e a Turbo CD (norte-americana), pois nesta versão japonesa todas as cut-scenes são narradas com voz, enquanto que na versão norte-americana isso não acontece. No entanto esta versão japonesa possui linguagem em inglês que pode ser alterada nas opções, sendo por isso, a meu ver, a melhor versão!

No final de cada nível podemos amealhar mais uns quantos pontos. E quantos mais pontos, mais vidas extra podemos ganhar!

Portanto estamos aqui perante um agradável, porém bastante desafiante shmup que possui algumas mecânicas de jogo interessantes, embora penalizem bastante o jogador quando este perde alguma vida. Esta é no entanto uma sólida conversão do original arcade de 1991, que acaba também por receber conversões para sistemas como o X68000 (que presumo que seja arcade perfect) e a própria Playstation, já em 1999. Curiosamente existe também uma adaptação para a Neo Geo Pocket Color, embora com muito menos detalhe como seria de esperar. Mais recentemente um remake intitulado de Cotton Reboot acabou por ser lançado para os sistemas modernos, com alguns lançamentos físicos também.