Continuando pela minha demanda em jogar todas as aventuras gráficas desenvolvidas pela Lucasarts que me faltavam jogar, foi tempo de ir a este Indiana Jones and the Last Crusade: The Graphic Adventure, para não confundir o Action Game que acabou por sair também para vários sistemas, entre os quais as versões Mega Drive e Master System que já cá trouxe no passado. E ainda bem que este jogo nada tem a ver com o que a U.S. Gold publicou, pois este é de longe um lançamento largamente superior, para além de potencialmente ter sido a melhor adaptação de um filme que alguma vez havia sido lançada até à época. No que diz respeito a edições físicas, no PC tenho a versão que foi disponibilizada na compilação neerlandesa Tien Adventures, que já cá trouxe no passado quando escrevi sobre jogos como o Maniac Mansion ou o Zak McKraken. Para além disso, tenho também uma versão para o Commodore Amiga, um relançamento budget sobre a alçada da Kixx, que mesmo assim ainda traz algum conteúdo adicional. Também possuo a versão digital do Gog, que por comodidade foi a versão que acabei por jogar, pelo que esta será o principal foco deste artigo.
Por esta altura, quase toda a gente já deve ter visto o filme em que este jogo se baseia (e, caso contrário, ainda vão bem a tempo de corrigir essa grave lacuna). Por isso, não me vou alongar demasiado na sinopse. No jogo, controlamos o intrépido Indiana Jones na sua busca pelo Santo Graal, uma jornada que o leva a explorar os mais variados locais enquanto compete com o exército nazi pelo mesmo objectivo – sem esquecer outras forças que farão de tudo para impedir o seu sucesso. A adaptação para o jogo mantém-se bastante fiel ao filme, embora omita algumas sequências mais focadas na acção e tome certas liberdades criativas noutros momentos. Ainda assim, a narrativa aqui apresentada está bem mais próxima do material original do que em qualquer outro videojogo lançado até então.
No que diz respeito às mecânicas de jogo, quem já tiver jogado Maniac Mansion ou Zak McKracken saberá, à partida, o que esperar. Esta é uma aventura gráfica do estilo point and click, onde, na parte inferior do ecrã, encontramos uma série de verbos que devem ser seleccionados antes de clicar num objecto ou parte do cenário. Por exemplo, ao clicar em “open” e depois numa porta, esta abrir-se-á. Verbos como “walk“, “look“, “pick up” ou o já referido “open” serão usados com frequência, enquanto outros terão aplicações mais específicas. Tal como noutros jogos do género, teremos de explorar bem os cenários, coleccionar objectos e resolver puzzles para avançar. Uma das surpresas mais positivas é a existência de múltiplas formas de resolver certos desafios e progredir no jogo. Um exemplo claro disso surge quando temos de explorar um quartel nazi para resgatar Henry Jones, pai de Indy. Invariavelmente, acabaremos por ser capturados e interrogados pelo comandante, que exige o diário de Henry, onde consta toda a sua investigação sobre o Graal. Se o entregarmos, tal como no filme, teremos de viajar até Berlim para recuperá-lo, culminando num encontro fortuito com o próprio Führer, uma das cenas mais icónicas do filme. No entanto, se tivermos um diário falso connosco e o entregarmos em vez do verdadeiro, podemos evitar essa viagem e avançar directamente para o aeroporto. Mesmo aí, existem duas formas de fuga: podemos embarcar num zeppelin (como no filme) ou, caso tenhamos apanhado um certo item bem antes, roubar uma avioneta – o que introduz um puzzle adicional para conseguir descolar, obrigando-nos a seguir uma série de instruções à risca.

Infelizmente, o jogo tem também alguns segmentos de acção que não resultam tão bem. O jogo começa com Indiana Jones a regressar à universidade depois de recuperar a Cruz de Coronado. Antes de entrar no seu gabinete, passamos pelo ginásio do campus, onde nos oferecem a oportunidade de praticar boxe. Recomendo vivamente que o façam, pois em vários momentos, particularmente no castelo de Brunwald, teremos de lutar várias vezes. O sistema de combate utiliza o teclado numérico: os botões 8, 5 e 2 bloqueiam golpes altos, médios e baixos; os botões 9, 6 e 3 desferem socos nessas mesmas alturas; e os botões 1, 4 e 7 permitem recuar para evitar ataques inimigos. Se Indy estiver virado para a esquerda, os controlos invertem-se. Não é um sistema particularmente intuitivo, mas, sempre que possível, o combate pode ser evitado através do diálogo ou de subornos. Ambas as opções requerem tentativa e erro, e há situações onde a luta é inevitável. Como existem poucas oportunidades para recuperar vida, os combates, além de pouco elegantes, devem ser evitados ao máximo e manter vários saves é altamente recomendável. Quando tentamos escapar do zeppelin, somos perseguidos por soldados, o que leva a outro confronto inevitável caso sejamos apanhados. Já o segmento da avioneta é ligeiramente menos frustrante, mas ainda assim problemático: temos de evitar o fogo inimigo (mais uma vez usando o teclado numérico) enquanto nos mantemos minimamente estáticos para que Henry possa abater os aviões nazis. Novamente, o jogo oferece alguma liberdade na forma como a sequência se desenrola. Quanto mais aviões conseguirmos destruir, mais longe conseguimos viajar antes de sermos forçados a continuar por terra. Isso leva-nos a uma série de checkpoints militares, onde podemos tentar convencer os guardas a deixar-nos passar ou, caso contrário, teremos de lutar. Mas há também uma solução alternativa: se tivermos conseguido um passe assinado pelo próprio Hitler, podemos simplesmente atravessar todos os checkpoints sem qualquer resistência.

No que toca aos audiovisuais, o lançamento original de 1989 para DOS apresenta gráficos em EGA, com baixa resolução e uma paleta de cores limitada. Em 1990, surgiram duas versões melhoradas: uma para o computador nipónico FM-Towns e um relançamento para MS-DOS, ambas com gráficos em VGA, muito mais ricos em cor, embora ocasionalmente possam perder nalgum detalhe. Tal como aconteceu com Zak McKracken, a versão FM-Towns inclui uma banda sonora em formato CD Audio, algo ausente na reedição para DOS. Foi esta última versão que joguei e, embora tenha algumas músicas ocasionais, estas resumem-se a pequenas melodias. A versão Amiga parece-me ligeiramente superior à EGA original, tanto a nível visual como sonoro. Independentemente da versão escolhida, há um elemento comum a todas: o humor, que não só era uma marca registada dos filmes, como também se tornou uma constante nas aventuras gráficas da LucasArts. Alguns diálogos com os soldados nazis para evitar confrontos são genuinamente hilariantes, e há pequenos momentos igualmente divertidos ao longo do jogo. Por exemplo, foi delicioso ler todas as descrições dos corredores da biblioteca de Veneza!
Portanto este Indiana Jones foi um jogo que me agradou bastante pela maneira como o mesmo se aproximou do filme. Alguns dos puzzles foram bastante óbvios para quem se lembra do filme, embora ainda assim a Lucasarts tenha surpreendido ao incluir toda uma série de alternativas. O que é menos bom aqui no entanto são os segmentos de acção, mesmo que, felizmente, muitos deles possam ser evitados com uma estratégia de tentativa-erro. Existem também alguns cenários de beco sem saída a ter em consideração, embora num número consideravelmente inferior aos lançamentos anteriores, o que também é um progresso positivo. Segue-se o Loom, que planeio jogar algures durante o próximo mês.




Esse jogo é espetacular!!!!
Saudades de jogos como esse o Monkey Island…
Gostei muito também! Obrigado pela visita!