Tomb Raider (Nokia N-Gage)

Vamos voltar às rapidinhas e ao N-Gage da Nokia para abordar levemente a conversão para aquele sistema do primeiríssimo Tomb Raider, o que para mim foi algo de me deixar boquianerto, ver num sistema portátil de 2003 uma conversão visualmente tão competente desse clássico da Core/Eidos. Tal como referi no artigo do FIFA 2005 do mesmo sistema, o meu exemplar deste Tomb Raider veio com a própria consola, que me foi facilitada por um amigo por cerca de 40€ lá por 2016/2017.

Jogo com caixa e manuais

E sim, tirando uma ou outra diferença, esta conversão do Tomb Raider é uma conversão bastante fiel do original, contendo todos os seus níveis, o que por si só é um feito impressionante visto que o jogo sai num pequeno cartucho de cerca de 8MB de capacidade. Sim, 8MB. Tomb Raider é um clássico pois para além de ser um dos primeiros jogos de exploração e acção em 3D a atingir uma fama considerável, precisamente pelo seu conceito. Isto porque não só controlávamos uma personagem feminina o que por si só já era algo incomum, bem como teríamos toda uma série de cenários inóspitos prontos a explorar, como várias ruínas antigas, muitas armadilhas e várias criaturas exóticas para combater, incluindo dinossauros. Até um T-Rex numa fase algo precoce do jogo iríamos enfrentar!

A maior diferença visual desta versão é precisamente as roupas de Lara, as mesmas do Angel of Darkness da PS2.

O lançamento original tinha tank controls e Lara tinha à sua disposição toda uma série de movimentos que tornavam os controlos bastante complexos e a exploração dos níveis obrigavam-nos a uma série de saltos extremamente precisos para que Lara se conseguisse muitas vezes segurar na ponta dos dedos perto de algum abismo. E se isso já era complicado num comando normal (o jogo ainda não suportava qualquer controlo analógico) agora imaginem numa consola portátil como a N-Gage onde para além de um d-pad que sinceramente não acho que seja grande coisa, tínhamos também um teclado numérico para todas as restantes acções do jogo. Vamos então abordar os controlos nesta versão: o direccional controla a Lara com tank controls habituais da época, enquanto que os botões 5 e 7, os mais salientes do teclado numérico do N-Gage permitem-nos saltar e caminhar lentamente. Os botões 1 e 3 servem para dar passos laterais, enquanto o botão 2 lança o inventário. O botão 4 é o botão de acção principal, o 6 serve para dar cambalhotas no chão e virar 180º, enquanto que o botão 8 serve para sacar/guardar as armas e o 9 para controlar a câmara. Com os botões tão próximos uns dos outros, dominar os controlos nesta versão do Tomb Raider é então um desafio acrescido.

Visualmente é um jogo impressionante para o sistema, apesar da sua resolução predominantemente vertical

Visualmente é um jogo com um 3D impressionante para um sistema portátil de 2003 e tal como referi acima, o jogo contém integralmente todos os níveis com um nível de detalhe muito próximo aos originais, embora naturalmente corra numa resolução consideravelmente menor. Tudo isto num cartucho de pouca capacidade, pelo que alguns sacrifícios tiveram de ser feitos. As cut-scenes em FMV foram todas substituídas por paredes de texto ou pequenos clipes com o próprio motor do jogo, a música não existe, assim como practicamente todos os clipes de voz. Muitos dos efeitos sonoros originais estão presentes no entanto, como o som dos passos de Lara, os rugidos dos animais e claro, o ruído das armas que disparamos.

Muita exploração subaquática à nossa frente!

Portanto apesar de ser uma versão do jogo não muito agradável de se controlar devido à arquitectura do próprio N-Gage, esta versão do Tomb Raider não deixa de ser um lançamento imponente para um sistema portátil. É que ainda demoraram alguns anos até a Playstation Portable chegar ao mercado e apresentar algo com uma qualidade similar ou superior! Esta versão contém algum conteúdo extra que não cheguei a explorar como uma vertente online que é uma espécie de speedrun nalguns níveis específicos e onde a comunidade do extinto N-Gage Arena competia pelos melhores tempos possíveis.

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Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

Um pensamento em “Tomb Raider (Nokia N-Gage)”

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