Vamos agora para algo completamente diferente e que já há algum tempo gostaria de trazer cá: o telemóvel/consola Nokia N-Gage. Lançado no último trimestre de 2003, o N-Gage é um híbrido entre um smartphone da Nokia com SO Symbian da série S-60 e com a capacidade de correr videojogos, não só aqueles mais típicos e baseados em Java que qualquer smartphone da época corria, mas também videojogos dedicados e lançados num formato físico na forma dos cartões de memória MMC, um formato muito em voga nessa época também. Tecnologicamente era um modelo impressionante, com jogos a apresentar gráficos 3D bastante avançados para uma consola portátil da época. No entanto, não deixa de ser um telefone, pelo que jogar videojogos com os botões minúsculos do teclado numérico não é a melhor ideia de todas. E nem vou entrar pelas falhas de design do primeiro modelo, posteriormente endereçadas no sucessor QD. O meu exemplar é precisamente um N-Gage QD, que foi comprado a um amigo algures em 2016/2017 por 40€. A parte curiosa é que este foi um prémio não reclamado de um concurso que acabou depois por ficar esquecido nos escritórios da empresa que o sorteou. Um deles lá veio parar às minhas mãos, tendo vindo com o FIFA 2005 e um Tomb Raider também selado.

Irei aproveitar este artigo para escrever um pouco sobre o FIFA 2005 no N-Gage. No entanto devo dizer que apesar de ter tentado jogá-lo no hardware original, o meu N-Gage está com problemas pois mesmo depois de uma noite inteira a carregar a bateria, o telemóvel simplesmente não liga. Apesar de já ter planeado em jogos mais complexos jogá-los através de emulação, simplesmente queria ter uma melhor noção do quão confortável o N-Gage seria para jogar e o FIFA 2005 seria o candidato perfeito para tal. Não sendo possível, acabei então por experimentar o emulador EKA2L1 que emula toda uma série de telemóves Symbian, incluindo o N-Gage.
E vamos começar precisamente pelos controlos. O direccional é usado para controlar o jogador seleccionado no momento, como seria natural. E sinceramente não gostei muito da maneira como o d-pad responde ao toque, mas como não consegui jogar no N-Gage isto é apenas especulação da minha parte. As acções durante o jogo estão mapeadas para o teclado numérico e as acções principais estão mapeadas para os botões 5 e 7, que no próprio N-Gage têm um relevo diferente das restantes teclas, o que acredito que ajude e para jogos simples que não exijam muitos botões de acção, isso até ajude a simplificar os controlos. Neste caso, se tivermos na posse da bola, o botão 5 remata e o 7 passa, com os botões 6 e 8 a servirem para outros tipos de passe. Não estando na posse de bola, o botão 5 serve para tentar roubar a bola ao adversário e o 7 para alternar de jogador que controlamos. Os botões 6 e 8 servem uma vez mais para acções secundárias e em qualquer um dos casos o botão 4 serve para correr, onde teremos também de ter atenção à fadiga dos jogadores. No emulador o mapping dos botões por defeito é dado para as setas e o teclado numérico, mas a ordem dos números no telemóvel é contrária à dos teclados numéricos, pelo que se recomenda também alterar a sua ordem para uma melhor aproximação ao original.
Já no que diz respeito aos modos de jogo, bom mesmo sendo este um jogo portátil, o que não falta aqui é conteúdo. Para além das partidas amigáveis, temos também a hipótese de participar em diversas competições no formato campeonato ou taça, tanto de clubes como de selecções nacionais. Existe um grande número de equipas aqui disponível, todas devidamente licenciadas e com plantéis que acredito que tenham sido o mais fiéis possível para aquela temporada. Para além desses dois modos de jogo temos também um modo challenge, onde somos convidados a ultrapassar certos desafios como ultrapassar uma desvantagem já com poucos minutos de sobra para o final da partida e temos também um modo “carreira”, onde teoricamente estamos no papel de um treinador e ao longo de várias temporadas vamos ter uma série de objectivos mínimos para ultrapassar como terminar numa certa posição da tabela e à medida que os atingimos, poderemos também melhorar a qualidade da equipa. Temos também a hipótese de jogar ou não as partidas nós próprios. Para além de tudo isto o jogo tinha também uma vertente multiplayer com recurso à tecnologia bluetooth.

Já no que diz respeito aos audiovisuais o jogo creio que partilha do mesmo motor gráfico e assets da versão Game Boy Advance, tendo no entanto visuais um pouco mais detalhados que na portátil da Nintendo. Existem no entanto jogos de N-Gage graficamente bem mais impressionantes que este. Esta versão possui no entanto a desvantagem do ecrã do N-Gage ter uma predominância vertical e tendo em conta que a câmara do jogo é horizontal acaba por nos roubar alguma visão de jogo útil. É verdade que temos um mapa no ecrã inferior esquerdo com as posições de todos os jogadores em campo, mas honestamente nunca consegui perder tempo para olhar para tal gráfico com atenção. Já no som este parece-me ser um jogo bem competente, com as partidas a serem acompanhadas dos cânticos e protestos dos adeptos, assim como os ruídos dos pontapés na bola e apitos dos árbitros. Fora das partidas o jogo tem uma série de músicas licenciadas de vários artistas e que me parecem aqui serem tocadas na íntegra. É uma banda sonora bem mais extensa do que eu esperaria encontrar num videojogo portátil de 2004/2005, embora se note bem que as músicas foram bastante comprimidas para ocuparem o mínimo de espaço possível.
Portanto sinceramente este FIFA 2005 parece-me ser um jogo de futebol bem competente para uma portátil daquela época, embora ainda tenha algumas reservas nos controlos, já que infelizmente não o consegui experimentar no hardware original. É que as teclas 5 e 7 terem maior destaque faz todo o sentido até por uma questão de ergonomia, mas para acções mais complexas, como por exemplo correr e depois entrar de carrinho para roubar uma bola, vão-nos obrigar a pressionar a tecla 4 e posteriormente a 8, o que não é muito viável num teclado numérico daquele tamanho.



Um pensamento em “FIFA 2005 (Nokia N-Gage)”