Ninja Spirit (Turbografx-16)

Vamos agora voltar à Turbografx-16 para um jogo de acção bastante interessante! Lançado originalmente nas arcades pela Irem, este Ninja Spirit é um jogo de acção 2D sidescroller com a temática de ninjas contra forças sobrenaturais, o que para mim é sempre interessante. Sinceramente não conhecia o jogo de todo, só o vim a descobrir ao explorar melhor o catálogo desta fantástica consola da NEC/Hudson. O meu exemplar foi comprado na vinted a um coleccionador português algures no final de Junho e curiosamente é uma versão pertencente ao lançamento limitado da consola cá no nosso mercado. Como sei isto? Bom, traz um manual adicional em português, bem como um autocolante na traseira da caixa jewel case com uma breve descrição do mesmo em português. Pela presença desse autocolante suponho que as caixas exteriores de cartão não chegaram a ser lançadas cá, pelo menos nenhum dos outros jogos nas mesmas condições que estava a vender as tinham também.

Jogo com caixa, manual embutido na capa e um manual adicional em português. Um exemplar do lançamento limitado que o sistema teve por cá.

E esta é uma vez mais uma história de vingança, com o jogo a abrir com uma cena onde testemunhamos uma estranha criatura, parcialmente humana, parcialmente besta, a assassinar um pobre coitado. Esse pobre coitado era nada mais nada menos que o pai de Moonlight, o ninja que protagonizamos e que parte à aventura em busca de vingança, lutando contra um autêntico exército de outros ninjas, guerreiros e criaturas sobrenaturais.

A qualquer momento no jogo poderemos alternar entre 4 armas distintas que nos darão muito jeito em certas situações

A jogabilidade é relativamente simples, com os botões faciais da PC Engine a servirem para saltar e atacar, sendo que quanto mais tempo pressionarmos o botão de salto, mais alto saltamos. O select é usado para alternar de arma e apesar de começarmos com uma espada, ao pressionar esse botão apercebemo-nos que afinal temos um arsenal considerável à nossa disposição. Para além da espada (que é também útil para destruir projécteis inimigos), temos também shurikens, explosivos e uma foice com corrente. Todas estas armas possuem vantagens e desvantagens entre si e podemos inclsusivamente direccionar os ataques enquanto as usamos. Claro que não podiam faltar power ups, que são largados por uns inimigos vermelhos cintilantes após serem derrotados. Os itens de cor vermelha melhoram as nossas armas, com a espada a ter um maior alcance, as shurikens passarem a ser disparadas às 3 em simultâneo, as granadas também podem ser atiradas sucessivamente e a foice com a corrente passa a ter a possibilidade de executarmos um ataque giratório, ou seja, e depois de a usarmos mantivermos o botão o botão de ataque pressionado, com o direccional podemos rodá-la e limpar uns quantos inimigos em simultâneo. Os itens azuis invocam uma sombra invencível que replica os nossos movimentos, duplicando assim o nosso poder de ataque (com até um máximo de duas sombras), os amarelos dão-nos um escudo e os roxos causam dano em todos os inimigos no ecrã durante breves segundos.

Como é normal noutros jogos arcade desta época, os inimigos não param de surgir de todos os lados e são cada vez mais agressivos

De resto como devem calcular, como é normal em muitos jogos de acção com origens em arcades, os inimigos não param de surgir de todas as direcções. Conseguir manter os power ups, uma ou duas sombras e usar as armas certas para as situações certas são também chave para o sucesso. A sua dificuldade por defeito é a “PC-Engine” que é ligeiramente mais fácil que o original arcade pois temos uma barra de vida capaz de aguentar com 5 golpes, se bem que existem na mesma alguns inimigos que nos matam imediatamente se nos acertarem. Na dificuldade arcade não temos qualquer margem de erro: sofremos dano e perdemos uma vida. Por outro lado, o jogo é desafiante mas também não totalmente injusto pois dá-nos continues infinitos. Mas ainda assim preparem-se para treinar bem alguns níveis que nos obrigam a utilizar certas estratégias. Por exemplo o quarto nível vai-nos obrigar a ocasionalmente alternar entre caminhar pelo chão ou tecto (sim, como se fosse uma espécie de gravidade invertida) e na recta final temos de rapidamente nos esgueirar por uma série de inimigos antes que uma rocha gigante nos esmague. O quinto nível já nos obriga a escalar uma montanha através de alguns desafios de platforming e inimigos a surgirem continuamente em certos locais chatos, o sétimo e último nível é um frenesim de inimigos a surgirem de todos os lados e, mesmo antes de chegarmos ao boss final, temos um grande abismo para saltar. Qual o problema? Enquanto caímos em queda livre vamos passar por uma dezenas de outros ninjas que flutuam no ar e de espada em punho: se lhes tocamos perdemos imediatamente uma vida. Essa foi de longe a parte mais frustrante do jogo!

Para além dos upgrades das armas, coleccionar e manter as sombras é meio caminho andado para sobrevivermos aos níveis

Visualmente é um jogo interessante, apesar das suas cores escuras, o que sinceramente neste caso para mim nem é um problema, pois contribui bem para uma atmosfera mais sinistra. Os níveis vão sendo algo variados entre si e alguns até possuem alguns efeitos de parallax scrolling, o que é sempre de mencionar num jogo de PCE/TG-16, visto que o sistema não suporta tal efeito de forma nativa. Os bosses são no entanto de longe a cereja no topo do bolo, particularmente por serem tipicamente grandes e bem detalhados. As músicas por outro lado sinceramente já não as achei nada de fantástico. A performance por vezes também não é a melhor com o jogo a sofrer vários abrandamentos quando temos muitos inimigos presentes no ecrã, particularmente se tivermos também 2 sombras que nos acompanham e atacam connosco.

No final de cada nível temos sempre um boss para derrotar e alguns são bem grandes e detalhados

Portanto devo dizer que gostei bastante deste Ninja Spirit e revelou-se uma óptima surpresa. É seguramente um dos melhores jogos de acção dentro da biblioteca da PC Engine. Para além desta versão e do original arcade, o jogo foi também publicado pela Activision para uma série de microcomputadores de 8 e 16bit como ZX Spectrum, C64, Amiga e por aí fora, mas sinceramente tenho as minhas dúvidas que a nível de jogabilidade seja tão bom. A Irem também lançou mais tarde uma versão para o Game Boy clássico que sinceramente também me pareceu bem competente!

Autor: cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.

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