Na rapidinha de hoje voltamos a visitar o extenso catálogo da Playstation 2, desta vez com a terceira iteração da série Atlantis, mais uma franchise de aventuras point and click na primeira pessoa que vai buscar inspirações a Myst. O primeiro Atlantis tinha-o jogado na Sega Saturn, o segundo já foi no PC a muito custo por problemas de compatibilidade com os Windows modernos e para o terceiro capítulo acabei por optar pela PS2, até porque foi a versão que me chegou às mãos. Este meu exemplar foi comprado na Cash Converters de Benfica algures no ano passado, custando-me 3€.

Enquanto nos 2 Atlantis anteriores a narrativa passava-se num passado distante, desta vez somos levados ao presente, ao encarnar numa jovem arqueóloga que sinceramente não me recordo do seu nome e pelo que li nas internetes também não me ajudou. Mas adiante, essa arqueóloga estava a seguir umas pistas que a levaram para um deserto remoto, muito distante do Egipto, mas que aparentemente albergava uma construção egípcia envolta em mistérios. E ao chegar lá, após alguns contratempos, vê que essa localização já tinha sido tomada de assalto por alguns mercenários, sem que inicialmente saibamos muito bem o porquê. Mas mesmo assim lá nos conseguimos esgueirar ao tal local onde inadvertidamente activamos um portal que nos leva a uma outra dimensão, agora já em plena cultura egípcia e onde alguém nos diz que somos a chave para revelar um grande mistério deixado pela civilização da Atlântida. Ou algo do género.

É que apesar de ser um jogo minimamente competente, sente-se que para além de ser bastante curto, muita coisa da história ficou por desenvolver, é como se estivéssemos a jogar algo inacabado. A nível de mecânicas de jogo e afins, não há nada a apontar, pois quem jogou os Atlantis anteriores se irá sentir em casa. Isto porque é um jogo onde podemos olhar para o que nos rodeia em 360º, interagindo com objectos, seja para os apanhar, seja para resolver puzzles lógicos, ou falar com pessoas. A movimentação é que é feita “ecrã a ecrã” com o cursor a mudar de ícone nas áreas para onde nos podemos mover. E como manda a lei, há vários puzzles em que temos de estar atentos às dicas visíveis no meio ambiente para os resolver, mas há ali um mais perto da recta final onde literalmente jogamos um videojogo… mais “inception” não podia deixar de ser! É que decorre numa parte do jogo onde visitamos o mundo das 1001 noites e temos alguém a narrar uma história…

De resto, a nível gráfico é um jogo competente, dentro dos possíveis. Para quem jogou as aventuras gráficas da Cryo sabe bem que se esforçam em apresentar personagens bem detalhadas a nível facial… mas só em screenshots que as coisas quando têm algum movimento deixam algo a desejar. Mas aquele feeling mágico característico dos Atlantis, com aqueles navios voadores e paisagens místicas está aqui presente uma vez mais. E o mesmo pode ser dito da banda sonora que continua muito boa, repleta de melodias acústicas e outras faixas mais ambientais que assentam muito bem ao jogo.

No fim de contas, este terceiro capítulo da série Atlantis acaba por deixar um bocadinho a desejar, apesar de não ser um mau jogo. O facto de ser curto e a história nos deixar com a impressão que haveria ali algo mais a contar (ninguém se lembrou de dar nomes à heroína e vilão do jogo, só para terem uma ideia…) acabam por machar um pouco a coisa. Infelizmente também a Cryo fechou portas no ano seguinte ao lançamento deste jogo, com a franchise Atlantis a mudar de mãos para a The Adventure Company. Os últimos Atlantis com esta nova empresa já parece que perderam alguma desta mística inicial o que é pena.