O jogo que mais tenho dado atenção ultimamente foi este Urban Reign, um beat ‘em up fora do comum da Namco que tem sido o maior responsável por quase me causar bolhas nos dedos de tanta pancada ter dado no pobre comando da PS2. Isto porque a jogabilidade é um tanto “invulgar”, mas eu já explicarei isso de seguida. Este meu exemplar veio da Cash de Benfica há coisa de um ano atrás (aquele autocolante horrível no cd não engana ninguém), mas já não me lembro quanto custou. Sovina como sou, não terá sido mais de 3, 4€.

Como todo o bom beat ‘em up de rua que se preze, aqui a narrativa decorre numa metrópole invadida por gangues criminosos que se põem a armar o caos. Nós somos o mercenário Brad Hawk, recém contratado pela líder de um gangue na Chinatown para limpar o seu nome, que tinha sido acusada de raptar um membro de um outro gangue rival. A história vai escalando, com outros gangues a entrarem em acção e a trama a revelar-se um nadinha mais complicada do que se previa inicialmente.
A minha primeira desilusão com este Urban Reign é do facto de este não ser um beat ‘em up de rua tradicional, onde poderíamos percorrer as ruas e outros cenários à nossa vontade, sempre distribuindo socos e pontapés pelo caminho. Mas não, a Namco decidiu tornar o modo “campanha” deste jogo em algo dividido ao longo de 100 missões, que serão jogadas em pequenas áreas, como um bar, uma sala de armazém, ou pequenos segmentos de ruas e pátios. As missões têm diferentes objectivos, que naturalmente se vão repetindo ao longo das 100 missões… coisas como eliminar todos os oponentes, noutras só é necessário derrotar alguns bandidos, com os restantes a poderem até estar sossegados no seu canto e só se intrometem se a confusão chegar até eles. Temos algumas missões com um tempo limite para serem concluídas e também outras onde temos de incapacitar alguns oponentes, atigindo-os apenas na zona das pernas ou na do tronco e braços, respectivamente.

Isto porque o sistema de combate de Urban Reign permite-nos desencadear uma série de golpes distintos que possam atingir diferentes partes do corpo. E isso pode ser usado estrategicamente, visto que tanto nós como os nossos oponentes possuem um indicador de dano nas diferentes partes do corpo. Quanto mais pancada levarem, mais dano sofrem em seguida. Depois temos toda aquela questão de golpes especiais e outras combos que podem ser quase coreografadas de filmes do Jackie Chan, o que por um lado até podem ser bonitas, por outro nem sempre saem bem. Isto porque é comum por vezes sermos rodeado de 4 marmanjos e apesar de existirem mecânicas de counters e throws para todo o tipo de situações, muitas vezes quem acaba por levar pancada somos mesmo nós. E então quando nos apanham no ar é sempre a aviar lenha até cairmos no chão, o que na maioria das vezes resulta em ficarmos atordoados por uns segundos que mais parecem uma eternidade, tornando a levar pancada da grossa outra vez antes de recuperar. Sim, por vezes este Urban Reign torna-se demasiado frustrante.

A partir de certa altura poderemos jogar a maioria das missões com um NPC a ajudar-nos cooperativamente, mas a sua inteligência artificial é muito inconstante. Se por um lado por vezes até nos safam bem a pele, noutras vezes não sobrevivem muito tempo. E nas missões em que temos justamente de proteger um NPC ainda mais pressão colocam do nosso lado. De resto a partir de certa altura podemos também usar armas brancas, o que pode facilitar um pouco a nossa vida. Digo um pouco porque por norma são os inimigos que as têm e nós só temos é de andar atrás delas, o que nem sempre é fácil nas missões mais próximo do final do jogo, onde enfrentamos grupos de 3, 4 bandidos armados com espadas e sem problema nenhum em as utilizar. Parece justo!
Para além do modo história, podemos também desbloquear personagens extra (incluindo o Law e Paul da série Tekken). Essas personagens podem depois ser utilizadas na vertente multiplayer, ou noutros modos de jogo single player também desbloqueados após chegar ao final no modo história. Aqui temos o Challenge que é uma espécie de modo survival, obrigando-nos a enfrentar waves sucessivas de oponentes e temos também o Free Mission que tal como o nome indica deixa-nos rejogar as missões do modo campanha com qualquer personagem à escolha. Já o multiplayer não cheguei a experimentar, pelo que não vou entrar muito por aí, mas pareceu-me interessante, quanto mais não seja por permitir até 4 jogadores locais em simultâneo.

No que diz respeito aos audiovisuais, creio que é um jogo competente a nível gráfico, pelo menos na medida em que as personagens no geral estão bem detalhadas, em especial aquelas mais “principais”. Os cenários é que acabam por se tornar um pouco repetitivos, até porque vão ser repetidos até à exaustão ao longo de 100 missões… As músicas na maioria são rock/metal o que normalmente seria bem do meu agrado, mas mais uma vez não achei que fossem cativantes o suficiente, faltam-lhe uns riffs mais poderosos! Já o voice acting parece-me competente, não tenho nada a apontar nesse campo.

No fim de contas, este Urban Reign acabou por me decepcionar um pouco. Por um lado pelos seus controlos bastante rígidos e que nos irão deixar bastante frustrados, por outro pela opção da Namco em dividir o jogo em 100 missões, em vez de apostar num design de jogo mais tradicional, com níveis completos. É que os controlos é uma questão de praticar muito e muito (até porque temos um modo tutorial e training para isso…) já o resto pouco podemos fazer. Mas se forem fãs de beat ‘em ups e o encontrarem baratinho dêem-lhe uma oportunidade, pelo menos é original.