Quem cresceu a tempo de ver os desenhos animados originais das Tartarugas Ninja certamente que teve uma infância feliz. E naturalmente com o enorme sucesso da série de animação, não faltaram videojogos dos quais a Konami soube aproveitar bem e lançar (entre outros) uma série de jogos de pancada beat ‘em up baseados na animação. E que bons que os jogos eram! Também naturalmente cá pela Europa acabaram por adaptar esses jogos aos computadores da época e a versão Spectrum não pôde faltar. Este meu exemplar foi mais uma cópia bootleg do mercado cinzento nacional que comprei há coisa e um mês e pouco na feira da Vandoma do Porto por 1€. E também invariavelmente, este artigo será mais uma rapidinha.

O original da arcade era um jogo de porradaria da velha tão bom, colorido e cheio de acção que se tornou num clássico mal a primeira moeda acabou de ser inserida na ranhura. A versão NES que lhe seguiu não conseguia competir com todo o poderio gráfico da original, mas ainda assim não deixou de ser um jogo divertido e uma boa conversão pela própria Konami, dentro das limitações de hardware. A versão Spectrum ficou ainda mais pobrezinha quando comparada com a original, embora isso já seria de esperar. Ainda assim, o suporte para 2 jogadores é uma mais valia que não foi esquecida nesta versão Spectrum. Os controlos fazem-me lembrar os do Renegade, onde temos um único botão de acção e todos os diferentes golpes são desencadeados ao mover o joystick numa direcção ao mesmo tempo em que carregamos no tal botão de acção. É algo difícil de se habituar hoje em dia…

A nivel técnico as suas limitações são evidentes. Apesar das sprites e backgrounds até terem detalhe quanto baste, os níveis em si são todos monocromáticos, com a cor a mudar de zona para zona. Música? Apenas a faixa título e só para os donos do Spectrum 128K, já os 48K apenas têm direito a alguns beep-bops durante a acção. Esse silêncio todo tira alguma pica à coisa! De resto existe algum scrolling que não é assim tão suave quanto isso, mas sinceramente nem sei se o HW do Spectrum está preparado nativamente para esse efeito, mas também não me incomoda. Só mesmo os controlos que hoje em dia são algo complicados de se habituar.

O pessoal fã da máquina da Sinclair que lê estas minhas pequenas análises a jogos do Spectrum deve-se espumar todo por vezes, mas eu não escrevo estas coisas de forma depreciativa. O hardware era primitivo para muitos destes jogos que já sairam algo tardiamente no ciclo de vida do computador, mas o esforço que muitos estúdios europeus tiveram em tentar oferecer a melhor experiência possível nas suas adaptações destes jogos deve ser reconhecido e sempre lhes tirei o chapéu. Mas tendo a oportunidade de jogar o original de arcade (em emulação, claro), ou mesmo a versão NES, é óbvio que não iria escolher a versão Speccy como a minha de eleição. E até agora, todos, ou practicamente todos os jogos que tenho de Spectrum são adaptações arcade, o que não ajuda muito à festa, um dia que me chegue às mãos algum software feito a pensar exclusivamente no Spectrum e/ou noutros computadores da mesma era como o Commodore 64, certamente terei isso em consideração.